Bem-vindo ao alucinante mundo dos infiéis perversos! Não é um filme, uma telenovela mexicana, nem tão pouco um romance daqueles que vendem milhões. É real!
É apenas mais uma história de vida que me chegou às mãos e que, apesar dos milhares de histórias de infidelidade semelhantes, contém alguns “requintes” de perversidade inigualáveis.
Ana e João (nomes fictícios) conheceram-se através de amigos comuns. Sentiram uma intensa atração, trocaram de número de telemóveis e dias depois saíram para tomar café, depois para jantar, passaram dias e fins de semana juntos… até ao dia em que João, subitamente, e sem Ana esperar, lhe pediu para ser sua namorada. Ana sentiu-se muito feliz e respondeu: Sim, quero!
Duas semanas depois, João disse-lhe que iria passar o fim-se-semana seguinte fora, na companhia de amigos. Ana ficou surpreendida, e perguntou-lhe, cara a cara, quando iria, onde, e especificamente com quem. João respondeu-lhe, olhando-a nos olhos, que iria sair sábado de madrugada, que iria de comboio, que demoraria cerca de uma hora a chegar, que iria fazer uma caminhada de muitos quilómetros, que dormiriam todos juntos num albergue e que voltaria no domingo ao final do dia.
Ana estranhou, uma vez que namoravam há pouco tempo e esperava que ele quisesse passar o fim-de-semana com ela, mas acabou por se resignar.
Na sexta-feira à noite João ligou-lhe por vídeo, e Ana perguntou-lhe novamente acerca da viagem. Ele repetiu tudo de novo.
Sábado às sete da madrugada João enviou a Ana uma foto na estação de comboios. Depois, um SMS a dizer que estava a gostar da viagem e a divertir-se, que estava quase a chegar ao destino, que já tinha chegado e ia almoçar, que iam começar a caminhada e depois disso, nada mais disse até ao final da noite, altura em que enviou mais uma mensagem a dizer que já estava deitado e a dormir no quarto com um amigo.
Domingo de manhã, Ana acordou com uma mensagem de João a perguntar-lhe como estava, a dizer-lhe que chovia e por isso ia regressar mais cedo. A partir desse momento, passou toda a manhã a dizer-lhe que sentia a sua falta, a elogiá-la, a fazer-lhe mil promessas, a ligar-lhe várias vezes, a prometer encontrarem-se… Nessa mesma noite encontraram-se, e João reiterou a mesma história.
Durante três dias, Ana pediu-lhe que lhe enviasse fotos do passeio e dos amigos. Depois de muito insistir, recebeu uma foto de João num jardim publico. E foi nesse instante que Ana começou a desconfiar, lembrando-se que João lhe dito que o comboio partia às sete e quinze da manhã e que demorava cerca de uma hora. Consultou os horários dos comboios e constatou que não existia nenhum comboio a essa hora. Observou a fotografia que ele lhe enviara e, cada vez que o fazia, reconhecia aquele mesmo sítio, até que percebeu que era efetivamente um parque publico onde os dois tinham estado juntos. Insistiu novamente para lhe enviar mais fotos, e João respondeu que mais tarde lhe enviaria.
Nessa mesma noite confrontou-o pessoalmente e ouviu o que mais receava: “fui encontrar-me com uma mulher que conheci num site de encontros… não tem importância nenhuma… foi só um encontro… sábado à noite já estava em casa… não sei porque estás assim… não gostei dela… não fomos para a cama, foi só conversa…”
Ana não se poupou em “elogios” e virou costas. Nos dias que se seguiram recebeu dezenas de mensagens de João, dizendo que queria falar com ela. Decidiu não responder. Conforme os dias foram passando, João não demonstrava qualquer arrependimento e continuava a enviar mensagens como se nada tivesse sucedido e a despejar os seus problemas pessoais para cima dela como se continuassem os dois a namorar.
Um fim-de-semana programado ao pormenor que saiu “furado”, por uma ou mil razões! E se tivesse gostado da dita pessoa? O que teria sucedido? E se também isto é mentira?
Tudo meticulosamente premeditado.
O que leva uma pessoa a fazê-lo depois de dias antes ter assumido um compromisso?
Podem ser muitas as motivações e razões. Seria impossível falar de todas elas aqui, mas estas creio que são as mais frequentes:
Quem toma tantas decisões semelhantes às que João tomou, premeditando passar um final de semana com outra pessoa (não umas horas, uma tarde ou noite, um dia… mas dois!) não acredita que a pessoa que escolheu seja a pessoa que quer ao seu lado. Assume o compromisso, mas não por Amor, afeto, ou cuidado para com essa pessoa. Poderá ser por interesses de várias ordens. E, porque não ama essa pessoa, e ela não é efetivamente quem quer, pode nem sequer sentir culpa ou vergonha, e na sua mente não existir razão nenhuma para terminar a relação. Trata a outra pessoa como se fosse uma “coisa” e se tiver oportunidade, ainda lhe pergunta: “porquê tanto drama?”
Quem se dá ao trabalho de inventar histórias destas, à semelhança de quem pensa que comete o crime perfeito, comete normalmente o mesmo erro: subestima a inteligência dos demais e pensa que nunca será descoberto. Quando o é, pode argumentar que não tem importância alguma, ou pode ainda, recorrer à vitimização, ou usar ambos os recursos. Na sua mente, pode chegar a acreditar que é a vítima da história porque o outro disse, não disse, fez ou não fez alguma coisa, e a vítima passa a ser o carrasco e o carrasco a vítima, num jogo psicológico e emocional com graves sequelas. Sim, estas pessoas são doentes mentais e precisam de pedir ajuda.
Quem pensa detalhadamente em como o vai fazer e dizer, a maioria das vezes não perde tempo a pensar no que o outro sentirá e quanto o magoará. A empatia é algo muito escasso, a mentira, o engano e a manipulação, algo em excesso. O egoísmo, egocentrismo e narcisismo “tocam o céu”, e alguns podem mesmo ser verdadeiros psicopatas.
Assiduamente, neste tipo de encontros, o sexo é o objetivo, porque a namorada/o ou mulher/marido, é a “mãe/pai” e está em casa! A motivação não é o desejo de estar com o outro, interessar-se, cuidar, partilhar, mas o companheiro ser o seu “caixote do lixo”, despejando os seus problemas e inseguranças sobre ele, ou tirar partido de um conjunto de vantagens de várias ordens. Quando quer diversão ou sente solidão, procura companhia do lado de fora. E tudo isto pode ser encarado pelo próprio de forma natural.
Com uma comunicação e expressão de emoções muito limitadas, são normalmente “deficitários” em espontaneidade e daí necessitarem de tempo para planificarem a estratégia adequada, dando atenção aos pormenores. E quanto mais falam, mais fácil é detetar a mentira ou mentiras, pois normalmente não se contentam só com uma, mas com “paletes” delas. Nesta situação, é mais que óbvio que João já conversava virtualmente com essa mulher há algum tempo, que imaginou passear com ela e depois, eventualmente, levá-la para sua casa ou para um hotel e ter sexo com ela, pois caso contrário, porque necessitaria de dois dias?
Uma pergunta fica no ar: Porque será que o infiel perverso não deixa a mulher/ namorada? Não deixa porque tem tudo! Duas pessoas dispostas a dar-lhe o que ele quer: sexo, Amor, cuidado, atenção companhia. Porque havia de ficar só com uma?
Normalmente as pessoas que assim atuam são extremamente carentes e dependentes, sentindo extrema dificuldade em estar e viver sós. Algumas podem se tornar aditivas de sites de encontros.
Também são propensas a idealizar o outro no início, passando rapidamente de “bestial” a “besta”. Alguns também procuram incessantemente sentir a adrenalina e o cortisol que os encontros escondidos propiciam.
O engano e a decisão consciente de enganar, porque é consciente, têm como objetivo um benefício próprio. Nem por um instante, durante o tempo em que premeditam as mentiras que irão contar, pensam como o outro se sentirá. A satisfação, a maioria das vezes, sexual, é o objetivo. Regem-se por impulsos.
E como se sente quem é apanhado no meio de tudo isto? Traído, enganado, em choque, triste, confuso, angustiado, com vergonha e raiva, em desespero! Muitas pessoas sentem uma confusão tão grande e apenas se interrogam: “Quem é esta pessoa?” Pior, podem acreditar que não foram suficientemente boas, que não deram tudo e sentir-se culpadas, censurarem-se, aceitarem-no e desculparem, numa espiral de autoengano para se proteger do sofrimento, e por vezes, também, da solidão.
Alguns infiéis perversos podem destruir-lhe a vida. São autênticos predadores à procura da próxima vítima. Segundo a minha experiência são na sua maioria homens, mas tem vindo ao meu conhecimento cada vez mais casos de mulheres que também o fazem.
Mas por que razão o infiel perverso age desta forma?
Os casos que conheci ao longo da minha experiência profissional, fazem-me ter a perceção de que a explicação se encontra mais uma vez na relação parental, na ausência de atenção, afeto, valorização, aceitação. Pessoas com uma baixa autoestima e autoconfiança que se “renarcisam” nos envolvimentos amorosos e extraconjugais, e especialmente no sexo. Muitos deles preocupam-se excessivamente com o corpo e performance sexual. Escolhem para companheiros pessoas específicas, cuidadoras e com capacidade de amar e de perdoar infinitas, “ensaiando” vez após vez, o que experienciaram no passado longínquo: rejeição e abandono, numa espécie de “movimento circular” no sentido de dizer aos pais, “Não senti o abandono. Não vos necessito!” Uma criança a tentar resolver o que aconteceu na infância!
Igualmente experiências muito marcantes ao longo da vida podem desencadear este tipo de comportamentos “castigadores” e fazer com que esses comportamentos sejam ainda mais notórios.
Muitas dos infiéis perversos, tudo fazem para seduzir e conquistar e assim que o conseguem, especialmente depois de terem conseguido ter intimidade sexual, rejeitam e abandonam sem deixar rasto. Alguns, perversamente, afirmam que o fazem porque o outro se apaixonou e não o queriam magoar. Outros, dizem que não se conseguem apaixonar, para que quem está do outro lado, se vire ao contrário para o conseguir. Nestas situações as mulheres são especialistas exímias em ser salva vidas de pobres coitados que não conseguem amar.
Àqueles que se cruzam na vida com infiéis perversos:
Se a relação se iniciou há pouco tempo, fuja! Não adianta querer ajudar, porque a maioria pensa que não precisa de ajuda nenhuma porque não faz nada de mal.
Se está numa relação já longa, tente responder às seguintes perguntas:
Se é a “mãe/pai”, acha mesmo que essa pessoa o ama? Porque o aceita? O que o impede de o deixar? Como vai ser a sua vida se continuar a aceitar o inaceitável?
Se é o “caso extra”, pense: por que razão ele/ela não se separa da “mãe/pai”? Que provas existem que tem essa intenção?
Pessoas infiéis perversas são semelhantes a cogumelos venenosos, altamente tóxicas, e podem acabar com a sua autoestima e autoconfiança, com a sua capacidade de sonhar, de acreditar no Amor, e fazer da sua vida um verdadeiro inferno emocional!
Perdoe sim, mas afaste-se e não olhe para trás!