No primeiro trimestre deste ano – que já inclui um período de confinamento devido à pandemia da Covid 19 – a taxa de poupança das famílias subiu para 7,4%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). A diminuição do consumo é apontada como a principal razão para estes números. E se é verdade que, em tempos de crise as famílias tendem a reduzir os gastos, também é expectável que as situações de perda de rendimento possam conduzir a um problema mais sério a médio prazo em termos de disponibilidade financeira das famílias.
Para quem não viu os seus rendimentos afetados, o momento atual é uma oportunidade para reforço das poupanças e até da adoção de novos hábitos. Em termos de boas práticas existem dois hábitos que são como dois pilares essenciais da boa gestão financeira e que irei partilhar consigo.
O primeiro grande pilar é: pague-se a si em primeiro lugar. Mas afinal o que isso quer dizer? De forma muito simples significa poupar logo à cabeça. Assim que receber o ordenado, ou qualquer rendimento, ponha o dinheiro da poupança de lado. É por aqui que vai começar a mudar o rumo das suas finanças. A maioria das pessoas espera pelo final do mês e poupa o que sobra. E bem sabemos que mais depressa acaba o mês do que sobra dinheiro na carteira. Há sempre destino a dar ao dinheiro tornando a poupança numa missão quase impossível para muitos.
Posto isto, o ideal será pagar-se a si primeiro, para poupança, e só depois pagar aos outros, ou seja, todas as despesas que tem habitualmente. Assim, mesmo que termine o mês no zero já garantiu de lado a sua poupança. Por norma, esta metodologia custa a implementar nos primeiros meses, mas depois torna-se um bom hábito financeiro.
O segundo pilar de boas práticas, e complementar ao primeiro é: automatizar a poupança. Por norma, as pessoas tendem a gostar de processos simples e fugir de tudo o que é complexo e dê muito trabalho. Se tiver de adotar muitos passos e tomar muitas decisões é possível que comece a procrastinar, e lá chegou o final do mês e poupança nem vê-la.
A solução é, por exemplo, programar uma transferência automática para uma conta à parte, retirar o dinheiro para um mealheiro, um envelope. Seja para onde for, o importante é sair da conta habitual que utiliza para os normais pagamentos da casa. O dinheiro tem de sair da sua “vista”.
Vamos imaginar que definiu que vai poupar 10% do que ganha todos os meses e até já definiu a conta para a poupança. Dê uma ordem de transferência automática. Quanto menos intervenção tivermos melhores as hipóteses de sucesso. Se utilizamos para pagamento de despesas, porque não usar para automatizar a própria poupança? Crie o hábito de poupança e pague-se com a mesma disciplina que um débito direto de uma conta.
A junção destes dois pilares é o segredo da consistência de poupança de muitos aforradores de longo prazo: pagarem-se em primeiro lugar e de forma automática.
É natural que os primeiros meses sejam de ajuste. Mas importante é que crie o hábito e faça disso rotina. A consistência trará frutos.