Começamos, este novo desafio na prestigiada Bolsa de Especialistas da Visão, com este título ousado porque queremos desmistificar todos os receios que as pessoas ainda têm de ir ao dentista.
Na realidade ninguém detesta a pessoa que é dentista e sim tudo o que o envolve a sua profissão. A cadeira de dentista pode combinar a soma de todos os medos como a dor, agulhas, médicos, espaços clínicos e os barulhos agudos contínuos.
Baseado em vários anos de observação fiz uma lista das 10 principais razões que levam as pessoas a detestarem dentistas.
#1 – A agulha!
Esta é a sem dúvida a fobia que prevalece.
Medicina dentária sem anestesia não é uma opção e nos anos que correm a dor em consultório e até mesmo após o tratamento em casa, é impensável.
A anestesia aplicada é a anestesia local providenciada pela injecção local do anestésico e aqui está o cerne da questão. O momento da administração da anestesia local é que inicia toda a
relação médico-paciente.
É aqui que muitos de nós facilitamos porque vemos apenas como objetivo principal a anestesia e não o processo, que deve durar entre 10 a 15 minutos.
Para ajudar a diminuir esta fobia, o procedimento de administração da anestesia local deve ser executado com disponibilidade de tempo e a própria técnica deve ser feita com precisão e alguma delicadeza. O material de administração como as agulhas não deve estar demasiado visível ao paciente!
#2 – A Dor!
A questão mais presente na cabeça dos pacientes sempre que se sentam numa cadeira de medicina dentária é: “Será que vai doer?” e a nossa resposta é “Não!”
Hoje em dia a medicina dentária deve ser na sua prática minimamente confortável e fácil.
Toda a gente detesta ter dor e as pessoas que já tiveram uma dor de dentes sabem o quão doloroso pode ser, uma vez também que é uma dor muito persistente. Os nossos dentes são uma área do nosso corpo vulnerável e sensível e por isso a ameaça de dor está muito presente.
Esta é uma das razões pela qual as pessoas associam os dentistas à dor.
O controlo da dor é extremamente importante, caso contrário a medicina dentária não só não tinha evoluído tanto mas também muito do que se faz hoje em dia seria impraticável.
No inicio do tratamento é importante explicar ao paciente o que vamos fazer e acima de tudo que nos pode interromper sempre que tiver um desconforto ou dor por forma a reforçar a anestesia
local/ minimizar o desconforto.
#3 – A Ansiedade!
A ansiedade é a sensação de pavor e apreensão geral antes e durante a consulta.
Mesmo que não haja nenhuma dor presente é a ameaça de dor e outros gatilhos de medo que constroem a ansiedade e fazem da sua visita uma má experiência.
Em casos de tratamentos longos, mais invasivos e em pessoas naturalmente muito ansiosas, o ideal é existir a possibilidade de os executar com sedação consciente.
O tempo dispensado pela equipa clinica e dentária é imprescindível que seja o mais adequado a cada paciente e a cada tratamento. Uma agenda muito cheia, com pouco tempo para cada paciente é logo factor de stress não só para o paciente que acaba por esperar a sua vez mas também para a própria equipa que quer cumprir os tempos planeados.
#4 – A Broca!
Esta arma de destruição, com toda a vibração, spray e barulho, torna-se um foco de ansiedade do paciente. Hoje em dia, o material está, nesse sentido e entre outros, mais evoluído, pelo que são muito mais silenciosos. De qualquer forma, todos temos a noção de que dentro da boca os sons tendem a ser
amplificados.
Para minimizar este desconforto a equipa dentária/ clinica deve fazer um esforço para que durante o tratamento todos os ruídos sejam minimizados e desligados quando não estão a uso e dispor de música ambiente e outros confortos que se podem providenciar no momento.
#5 – Ser Invasivo!
A medicina dentária é invasiva. Não podemos fugir a esta realidade. Estamos mesmo dentro da sua boca a realizar a nossa gengivo-jardinagem e a nossa dento-carpintaria. Não havendo volta a dar só nos podemos concentrar no conforto do paciente de forma cuidadosa, gentil e respeitosa minimizando ao máximo a invasividade da maioria dos tratamentos.
#6 – Os Sons e os Cheiros!
Como qualquer forma de ansiedade ou medo, os nossos sentidos são colocados em alerta. O paciente torna-se hiper-consciente de imagens, sons e cheiros.
Devemos ter a consciência de que algumas pessoas detestam o cheiro anti-séptico dos consultórios médicos e dentários e tentar tornar o ambiente da clinica o mais acolhedor possível, não só no que respeita à decoração e arquitetura mas também às cores e aos cheiros.
#7 – O preço!
A maioria das pessoas desvaloriza a sua saúde dentária e detestam dispensar esse valor, preferindo gastá-lo em algo que lhes dê prazer imediato.
A realidade é que o investimento que as pessoas fazem numa reabilitação oral é um investimento para a sua felicidade: conseguir um emprego, uma/um namorada/o, não ter mau hálito, fazer uma digestão correta dos alimentos, sorrir sem medos, menos rugas em redor da boca, ter lábios menos finos, estética da face mais bonita e uniforme e sem dúvida socialmente mais aceite.
O mercado da medicina dentária está cheio de ofertas de descontos em sorrisos perfeitos e muitas vezes no final das contas não são coincidentes com a qualidade de materiais e
tratamentos que a ciência dentária garante.
Os pacientes que procuram excelentes resultados com a garantia da utilização de bons materiais, bons laboratórios e profissionais de saúde com anos de experiência, não podem escolher uma clinica dentária cuja única variável que vai a jogo é o preço, porque aí o paciente pode correr sérios riscos, acarretando muitas vezes mais custos na sua correcção.
#8 – Os Sermões!
Se o paciente já se sente culpado ou envergonhado o suficiente, com a sua situação dentária, a última coisa que quer é alguém a repreendê-lo.
Os pacientes precisam de soluções e resultados emocionais positivos, precisam de uma equipa dentária dedicada em ter o paciente saudável e feliz em vez de uma equipa preocupada com a sua postura intelectual e superior.
Ensinar para prevenir sim! Dar sermões e lições não, obrigada!
#9 – Serviço de Fraca Qualidade!
Todo o mercado dentário promete mundos e fundos com o melhor serviço.
O serviço prestado e a qualidade dos materiais e da própria estrutura física andam de mãos dadas e tudo se baseia na dedicação à excelência nos respetivos tratamentos e que essa dedicação diz respeito a tudo… tudo tem extrema importância, desde o profissionalismo técnico e ético do médico, passando pelos materiais de extrema qualidade que se utiliza, as tecnologias e equipamentos mais atualizados, o acompanhamento do paciente desde a sua chegada e durante
todo o seu tratamento bem como os seguimentos das consultas, a facilidade de comunicação com a equipa através de vários meios e muito mais.
#10 – As Más Experiências!
As más experiências de infância ficam gravadas na nossa memória como medos que se refletem na idade adulta. Se um paciente teve uma péssima experiência na sua infância numa clinica dentária esse pesadelo irá segui-lo em situações futuras.
Este tipo de memórias tende a perdurar e uma boa solução que existe para diminuir esta ansiedade, provocada por más recordações – a sedação, como referimos na razão #3 deste
artigo.
A confiança em novas e boas experiências também são uma ajuda para ultrapassar esta problemática do passado .
As boas notícias são que a medicina dentária está muito mais evoluída e mais confortável do que nunca e portanto a maioria das pessoas hoje em dia não tem qualquer constrangimento em ir ao dentista.
Despeço-me de todos e até breve para mais um artigo que promete.