A Nintendo reinventa-se mais uma vez fazendo os possíveis por continuar a ser a mesma coisa. Permanecer décadas no mercado, mudar de máquina já não sei quantas vezes e manter aquela coisa indefinível que se chama “jogabilidade”, na gíria da indústria, é já por si um feito impressionante. Mantém também aquela fama de ser para a família. Tem também jogos violentos, mas acredito que, no momento da compra, os dois factores, jogabilidade e família, contam e muito.
Saltando por cima do relativo fracasso da Wii U, a marca tenta, com a nova Switch, cumprir promessas que a U não fez mas deu a entender. A U parecia, com o seu segundo ecrã, uma consola para jogar em qualquer lado. Pois não era e pelos vistos o mercado não gosta de meias tintas.
A Switch não promete, faz mesmo. Já joguei, e vi outros mais experientes do que eu nesta área a jogarem muito entusiasmados, mas tudo o que aqui digo está sujeito a revisão depois de mais experiência. A Switch mostra-se como um ecrã que bem podia ser um tablet dos pequenos, quando está a funcionar com a TV pousa numa doca. Impressiona logo, como os óptimos gráficos que vemos na TV saem de uma coisa tão fina, mas saem. Em seguida, impressiona a flexibilidade. Basta tirar a Switch da doca e imediatamente o jogo do grande ecrã está disponível no pequeno, o movimento oposto não é tão ágil mas cumpre perfeitamente. A mudança é rápida e imediata, sem soluços. E depois há os pequenos comandos, pequenos prodígios de design. Tanto funcionam agarrados ao ecrã da máquina, tal e qual como os comandos de uma playstation portátil,como em separado. E separados podem servir um ou dois jogadores. Já agora, é possível tendo várias consolas colocar até 8 jogadores em combates virtuais simultaneamente. Ou seja, temos uma máquina que é por si só capaz de entreter duas pessoas no mesmo jogo sem necessidade de que os amigos já tenham a nova consola, e capaz de juntar muitos mais se tiverem máquinas iguais. A Nintendo lança também uma série de mini jogos muito divertidos para momentos mais sociais, pequenas festas de amigos por exemplo, neste caso, basta uma só máquina para entreter um grupo a fazer? figuras mais ou menos ridículas mas sem ofender ninguém, que irão fazendo, competição saudável garantida. Estes jogos apostam nas interessantíssimas capacidades dos pequenos comandos para lerem os nossos movimentos e para nos transmitirem falsas informações táteis.
E claro, o óbvio, a máquina pode ser levada para jogar para a rua, para o carro ou para o avião que é por acaso onde estou a escrever este texto. É mesmo uma consola de sala, é mesmo uma consola portátil feita para competir com os telemóveis. É aliás interessante que a Nintendo esteja a jogar em tantos tabuleiros ao mesmo tempo, está de forma algo experimental mas decidida a lançar os seus jogos tradicionais em versões Android e iOS.
Resumindo, A Nintendo Switch continua a ser uma consola que interessa ao entretenimento tipo família/amigos. Até onde pude experimentar tem uma jogabilidade impressionante, é bastante dinheiro – 330 euros – mas até arrisco dizer que para quem quer uma máquina com estas características não é propriamente caro. Confesso que com a U me enganei, achei que teria mais sucesso. Pelos vistos também era complicado e caro adaptar jogos para um formato tão específico com dois ecrãs com funções diferenciadas. Vamos ver se desta acerto, a verdade é que na experiência limitada que tive me diverti muito e vi os outros bem divertidos