Quem já fez e passou no exame de condução sabe que este é o grande momento da nossa vida. É o maior momento de liberdade e sensação de independência que que experimentámos.
Já não temos que depender dos nossos pais e da sua disposição para nos levarem e para nos irem buscar quando queremos fazer planos com os nossos amigos. Naquela altura até nos esquecemos que nos falta ainda ter o carro! Sentimo-nos mais adultos e capazes.
A adolescência é mesmo o tempo das primeiras vezes. Se bem que a minha mãe acha que vamos ter primeiras vezes de muita coisa até morrer.
Não resisto a escrever sobre esta experiência fantástica que é, a primeira vez que conduzimos sozinhos.
Conduzir com um instrutor ao lado, tem os seus aspetos positivos e negativos. São uma grande segurança quando ainda não controlamos devidamente o funcionamento do carro e as regras da estrada. Mas quando está a dar a nossa música preferida na rádio e não podemos aumentar o volume e começar a cantar, temos sempre vontade de os deixar no meio da auto-estrada.
Assim que temos permissão para conduzir, legalmente, sem ninguém ao lado, o nosso maior desejo é pegar no carro e começar a andar. Exceto aqueles indivíduos que nasceram com um dom para a coisa, pegar no volante não deixa de ser uma matéria nova e assustadora. Sentimos que é uma grande responsabilidade e já não temos ninguém para nos alertar que está uma pessoa a atravessar a passadeira quando estamos distraídos.
Não vamos todos ter a mesma experiência a primeira vez que conduzimos mas penso que em pelo menos num dos pontos que vou referir, vamos poder concordar:
- “Mãe! Vou dar uma volta”. Tenho os óculos de sol na cara, um sorriso confiante. Consegui as chaves do carro que estão a abanar na minha mão. Sou o/a maior. A mãe entra em stress.
- Ok, primeiro passo é ligar o rádio (finalmente na estação que eu gosto) e meter o carro a trabalhar. Vamos lá.
- Será que conseguem perceber que sou um condutor novo mesmo quando o carro não está marcado pelas cores berrantes dos carros da escolas de condução?
- Ahhhh! Uma rotunda! Ok, tem calma, já fizeste isto antes. Metam pisca, seus anormais!! Vou entrar agora, é o momento perfeito. Bora, bora bora, já está! Uff!
- Esqueci-me de meter o pisca para a direita para sair da rotunda… que rebelde que eu sou.
- Sinal amarelo!!! Acelero ou travo, acelero ou travo, acelero ou travo…uiii. Travei. Foi por pouco.
- Estrada livre, só para mim. Música a bombar, eu a cantar e a desafinar por todo o lado sem ninguém me julgar, foi mesmo assim que eu sonhei que isto seria.
- Um stop. Num stop para-se, até no deserto! Já parei, agora é só ver se não vem ninguém. Bi! Bi! Porque é que me estão a buzinar por parar?? É um stop!! Aghhr.
- Ups, será que me viram fazer aquilo? Esperemos que não. Estou a suar, é melhor baixar a música, não me consigo ouvir a raciocinar.
Porque é que estou tão nervosa? Se o governo diz que sou qualificada para conduzir, é porque sou. Ai, ai, ai!
- Luz Verde. “They see me rolling…”
- Quase a chegar, agora é só estacionar. Eu não sou boa a estacionar… para a frente, para trás, para a frente, roda mais, roda menos, mais para trás, mais para a frente… (suspiro), parece que consegui!
- Saio do carro, com as pernas dormentes e perguntam-me como é que correu. – Foi na boa!