Decidi escrever sobre traição e dar-vos a conhecer a minha experiência enquanto Mediadora Familiar ao longo dos anos.
Não gosto da palavra traição. Também não gosto da palavra infidelidade. Prefiro uma outra expressão para descrever a mesma realidade: “Ausência de respeito”, mas como ao longo do tempo a referida “experiência” foi designada assim, optei pelas duas primeiras designações.
NÃO! Não é verdade que todos os homens traíam as suas namoradas, mulheres ou companheiras. Mas, que existem muitos a fazê-lo, existem.
É verdade que elas os traem também? SIM! É verdade, embora os motivos que as levam a trair sejam um pouco diferentes.
Por agora, vamos falar dos homens.
O que leva um homem que tem uma relação de compromisso com uma mulher, a andar de “antenas no ar” com o “radar sempre ligado” noutras “ondas” que não aquelas que o sintonizam à mulher de quem gosta?
Segundo vários estudos o homem é mais visual, as suas emoções e desejos estão ligados à visão e ao olhar. Assim, quando esse mesmo “radar” capta uma “imagem” atrativa, o seu olhar pode focar-se nessa mesma “imagem” sem sequer ter consciência do que está a suceder. Por isso algumas mulheres dizem que eles estavam a olhar, quando eles ainda nem se aperceberam.
Segundo dados históricos durante mais de quatro milhões de anos, até ao Homo Sapiens, o homem vivia em bandos que lutavam pela posse sexual das fêmeas. A atividade sexual dos machos era muito maior do que a das fêmeas. Essa diferença despoletou a natureza compulsiva sexual do homem. Poderemos pois afirmar que existe uma espécie de “registo” ancestral, mas também biológico, que faz, tendencialmente, um homem olhar e “virar a cabeça” quando o seu “radar” capta algo do seu interesse.
No entanto, porque muitos deles “não se ficam” pelas primeiras “fotografias” que os respetivos “radares” lhes mostram, vamos então descobrir o que está para além da história e da biologia, isto é, o que pode ir na cabeça de um homem, que tem uma mulher espantosa que ama muito, mas que escolhe passar o seu tempo a “conhecer” uma outra, e a tentar descobrir se gosta ou não gosta, o que vai fazer e o que não vai fazer, o que vai dar ou não vai dar.
Imaturidade e infantilidade
Alguns homens apesar de terem quarenta, cinquenta ou mesmo sessenta anos, não cresceram emocionalmente, continuando a pensar como adolescentes de quinze anos, o que os faz supôr que atos como “flirtar”, seduzir, fazer comentários mais íntimos, conversar com pessoas desconhecidas noite adentro, são apenas “brincadeiras” sem qualquer importância ou significado, muito embora, quando esses mesmos comportamentos são tidos pela companheira, a leitura dos mesmos possa ser completamente diferente, e exista uma total recusa de aceitação.
A negação da intenção de conquista, ou a recusa da existência de qualquer envolvimento amoroso está tendencialmente presente, podendo existir sistemático recurso à culpabilização do outro e vitimização.
As sucessivas tentativas por parte da mulher, de fazer com que quem trai se consciencialize que as referidas atitudes magoam e ferem, pode tornar-se uma “batalha perdida”.
Tendência à mentira compulsiva
Os homens que apresentam maior tendência a trair as suas companheiras são homens que mentem frequentemente, nos mais variados contextos, designadamente no seu círculo de amizades, em contexto familiar e ainda nas suas relações de trabalho. Alguns são “experts” em mentira, e já a praticam desde crianças, como “modo de gestão” das mais diversas situações, chegando a não conseguir distinguir entre aquilo que é mentira e o que é verdade.
Podem ainda ter “aparentemente assumido” uma relação monogâmica, mas esse não é, nem nunca foi o seu “modo de estar” numa relação, e alguns sentem mesmo uma espécie de “prazer” em enganar e trair, mesmo quem gosta deles e só lhes faz e quer bem.
Muitos afirmam recorrer à mentira, como forma de proteger quem amam e a relação, numa tentativa tão desesperada quanto “caótica” de manipulação.
A novidade e a diferença
Sim, é verdade. Ao longo dos anos venho confirmando esta realidade.
Muitos homens traem as companheiras, porque “a outra” é diferente e eles querem experimentar a diferença. A nível emocional, mas especialmente a nível físico. É o desconhecido e a curiosidade que os faz “correr atrás” e arriscar, até a própria relação, ainda que a maioria não tenha consciência disso, e não perceba o “pé de vento” que elas fazem, por os apanharam a trocar umas “mensagenzinhas” com uma recém amiga “facebokiana”.
E elas percebem menos ainda, quando a amiga “facebokiana” ou “tinderiana” é mais velha, feia, baixa, gorda e é tão diferente, tão diferente, que a diferença até assusta! E perguntam-se: “mas o que é que ele viu?”
Ele viu a novidade e a diferença, e não lhe importa muito se chega ou não aos “pés” da companheira. A maioria deles não está interessada em trocar de mulher, só em falar, ter uma companhia diferente, mais ainda, em ter intimidade sexual, em encontrar “uma forma gira de passar o tempo”, ter atenção e divertir-se!
Tendencialmente todos os homens gostam de ter uma mulher bonita e inteligente ao seu lado, mas alguns, especialmente os menos confiantes, podem sentir como se estivessem em “perigo” e sempre alerta com receio de “invasão”. Logo, se existem mulheres com quem eles não sentem nada disto, e que até sem palavras os fazem sentir “deuses do Olimpo” porque não arriscar e aceitar uma “massagem de autoestima” sem consequências de maior?
No entanto, muitos deles, assim que a situação começa a tornar-se “séria” e a sair do controle, afastam-se e “cortam”. Gostam das suas companheiras, não as querem trocar e querem continuar a viver aquela relação.
Daí a afirmação: “Não aconteceu nada!” “Não teve significado nenhum!”
E, para eles, não aconteceu mesmo!
Necessidade de adrenalina “extra”
Homens ansiosos, inquietos, que procuram incessantemente novos estímulos desencadeadores de emoções intensas, são mais propensos a serem infiéis, especialmente quando a relação se torna “menos excitante” e a intensidade do vínculo parece começar a desvanecer-se.
O segredo, os encontros clandestinos, o proibido, o errado, a tentação, o risco, o perigo, funcionam como potenciadores da libido, desencadeando verdadeiras “explosões” hormonais.
Alguns deles quando descobertos recusam terminar a relação que tem com a sua companheira, afirmando que a amam. O envolvimento com outras pessoas, é apenas um “exercício de treino intensivo”, como qualquer outro.
Insegurança e baixa autoestima
A sedução e conquista podem ser “remédio milagroso” ainda que com efeito não prolongado, para a autoestima de qualquer homem, e fazê-lo sentir tão bem com ele próprio, a ponto de se tornar um “aditivo” em conquista. Em alguns casos, a adição pode mesmo fazê-los sentir, no caso de rejeição, uma intensa frustração e despoletar pensamentos, como: “ o que se passa comigo?” e “o que tenho eu de errado?”, fazendo a sua auto estima flutuar em razão da sua capacidade de se tornar interessante e cativar uma outra pessoa, a maioria das vezes independentemente das características dessa pessoa.
O envolvimento emocional e ou sexual é apenas um meio de se sentir melhor consigo próprio, indo buscar ao exterior, o que não consegue, pelas mais variadas razões, descobrir dentro dele próprio.
Níveis muito acentuados de insegurança podem igualmente desencadear comportamentos de infidelidade, nomeadamente quando a mulher possuí características físicas, intelectuais, de formação e sociais diferentes. O receio que a companheira possa vir a envolver-se com alguém mais interessante, pode suscitar o medo da rejeição e de que a relação termine a qualquer momento, e fazer com que o homem viva com uma espécie de “rede de proteção”, para o caso de ter de “saltar” repentinamente, evitando “bater de nariz no chão”.
Falta de interesses na vida
A ausência de interesses na vida, como um trabalho estimulante, objetivos específicos a atingir, relações familiares gratificantes, uma rede de amizades, hobbies variados, a ausência de uma plano de vida saudável sob o ponto de vista físico e emocional, o aborrecimento, a invariável rotina, e em consequência, a falta de motivação, o desinteresse, a tristeza, a acomodação, a apatia, a sensação de inutilidade, de não ter o que fazer, e a necessidade de estar constantemente ligado às redes sociais, podem ser fatores propiciadores e facilitadores de um envolvimento extraconjugal.
Expectativas distorcidas do que é uma relação de Amor
Alguns homens têm uma perspetiva “irrealista” do que é o Amor e uma relação amorosa, e quando os momentos de paixão fulgurosa começam a dar lugar à serenidade, plenitude e harmonia, e deixam de ter “atenção exclusiva”, a referida realidade é interpretada como se a relação estivesse a “esvair-se”, e como prelúdio de um desfecho mais ou menos dramático.
A falta de comunicação entre o casal, pode fazer com que o homem que tem essas mesmas expectativas, interprete o espaçar de relações sexuais, ou o não ter a atenção de outrora, como desinteresse por parte da sua companheira, o que poderá levá-lo a considerar “outras oportunidades”, sem pensar que o mais importante seria ajustar as suas expectativas e viver uma relação de Amor na terra, que o fizesse sentir viajar muitas vezes à Lua.
Influenciáveis, interesseiros, irresponsáveis, manipuladores
Homens que manipulam, que se relacionam tendo por base interesses próprios, que não assumem a responsabilidade dos seus atos, e que facilmente se deixam influenciar pelas outras pessoas, que não conseguem afirmar a sua vontade e seguem a opinião alheia, que não conseguem assumir compromissos, que em caso de conflito, independentemente do mesmo, viram as costas e fogem, apresentam também maior propensão a envolver-se emocional e sexualmente com outras mulheres.
Falta de empatia
Homens que revelam falta de empatia pelos sentimentos e emoções dos outros, que tenham passado por experiências relacionais marcantes, como maus tratos psicológicos e outros, homens que demonstrem insatisfação constante, egoísmo, egocentrismo, narcisismo, podem também apresentar maior predisposição ao envolvimento com outras pessoas.
No caso de terem passado por experiências relacionais que os marcaram profundamente, tendencialmente apresentam um sofrimento e dor intensos que podem projetar no outro, quase como “castigando-o” e “punindo-o” por aquilo que vivenciaram. Nos restantes casos, a traição pode acontecer por não conseguirem consciencializar, nem antecipadamente, nem no momento em que ocorre, a dor e sofrimento da pessoa traída.
Sim, os homens traem, mas não só porque têm mulheres e relações que não os satisfazem. Muitas outras razões existem!
Sim, os homens traem, mas nem todos os homens traem!
Digamos que os que traem talvez tenham dificuldade em compreender o que é o Amor ou não consigam mesmo Amar!
Mas quem disse que todos o iriam sentir?
Sim, existem Homens em quem as Mulheres podem confiar!
Se é Mulher,
Continue a acreditar…
Existem por ai muitos homens que aprenderam o que significa a palavra respeito e que merecem a sua confiança e o seu Amor!