Não sendo absolutamente decisivo para o futuro do Rugby nacional, a campanha internacional que começará este sábado, na Roménia, será muito importante para a definição de metas e políticas desportivas a traçar pela nova Direção da FPR.
A importância acrescida desta campanha prende-se com o facto de, nestes dois meses, Portugal lutar pela manutenção nas “6 Nações B”, torneio no qual temos um historial muito positivo e a partir do qual construímos a base para o “caminho” famoso (e saudoso) do Mundial de 2007.
Perdermos um lugar neste Torneio seria um duro golpe na estrutura organizativa da nossa Seleção Nacional: O nível competitivo dos jogos internacionais, pelo menos durante 2 anos, iriam baixar consideravelmente; os apoios da IRB muito provavelmente também iriam baixar; as qualificações para os próximos Mundiais teriam de passar, obrigatoriamente, por um maior número de etapas; Muito provavelmente, para treinadores e dirigentes, seria ainda mais complicado entusiasmar e recrutar os jogadores lusos que jogam a nível profissional (e que a realidade já tem vindo a provar a dificuldade que é conseguir-se a “libertação” desses jogadores para os jogos internacionais, devida a pressões por partes dos clubes aos jogadores e ameaças de estabilidade num contrato futuro, entre outras razões…)
Baixarmos de divisão seria, pois e obviamente, um retrocesso no caminho que, ao longo dos anos, se tem percorrido com muita dedicação. Mas sendo muito importante a manutenção no grupo das “6 nações B”, como disse, não seria absolutamente decisivo para o futuro do Rugby nacional.
No passado já estivemos em escalões inferiores à Nations Cup e soubemos reunir os meios necessários para caminharmos até ao 17º lugar do ranking mundial, a nossa melhor classificação de sempre. Caminho esse que se iniciou, como tenho repetido, com muito menos meios, quer humanos quer materiais, do que aqueles que hoje em dia possuímos.Temos mais jovens a jogar; mais e melhor acesso ao rugby internacional; temos prestígio; temos melhor organização e temos mais experiência de alta competição…
E sendo este o panorama com que vamos atacar a manutenção no tão importante torneio, as expectativas são boas.
O novo selecionador nacional (que não conheço pessoalmente) tem merecido os maiores elogios por parte dos jogadores e daqueles que trabalham com ele. O que é, por si só, um bom sinal. Bom sinal é, também e para mim, vermos que a seleção nacional irá trabalhar num período mais curto mas, ao que se nota, mais intenso. Outro bom sinal é voltarmos a ver nos trabalhos da seleção os melhores jogadores que atuam no Campeonato Nacional e não apenas aqueles que andam no Centro de Alto Rendimento (CAR).
Faltará convencer jogadores que ainda têm muito para dar ao rugby nacional como, por exemplo, o “centurião” Vasco Uva ou o sempre exemplar João Correia (que ainda há duas semanas foi decisivo para que a sua equipa, o GD Direito, vencesse a 4ª Taça Ibérica da História do Clube). Falta, também, convencer e entusiasmar alguns jogadores que, desconhecendo a razão da ausência da presente convocatória, muito poderiam dar à seleção: Bardy, Penalva, Beco, Tjader, Appleton são, com certeza, reforços a considerar nos próximos jogos. Principalmente nos que, para mim, serão chaves no objetivo da manutenção: Espanha e Alemanha…
Entretanto, a nós, que estamos fora do campo, resta-nos organizar e preparar deslocações em massa para irmos apoiar a nossa seleção nos jogos em casa. Com humildade e sabendo das nossas naturais limitações, vamos ser um importante elemento no sucesso da campanha que se avizinha….
E que no final o cenário da despromoção acima referido seja apenas um exercício de raciocínio…
Força Portugal!