É preciso dizer, para começar, que a foto tem mais de 40 anos. Na altura, usavam-se calças à boca de sino, camisolas estilo hippy e cabelo grande. Também se andava à boleia – e muito -, não só porque as autoestradas escasseavam, mas também porque ter carro ou carta aos 18 anos era só para alguns privilegiados. Este jovem universitário, estudante da Faculdade de Engenharia de Coimbra, não era um desses.
Nasceu numa pequena aldeia da província, no concelho de Mangualde no seio de uma família que se interessava por política e onde havia, nomeadamente, quem apoiasse e defendesse o Estado Novo. Isso não o impediu, porém, de se tornar um dos fundadores da União Democrática Popular, já depois dos 25 de abril.
Apesar de ter interrompido os estudos, que acabou por concluir aos 28 anos, chegou ainda novo a chefe de gabinete de Murteira Nabo, secretário de Estado dos Transportes no IX Governo Constitucional, liderado por Mário Soares (Bloco Central). Tinha 29 anos. Nesta altura, já era socialista encartado.
Se pela fotografia não conseguiu decidir se lhe daria ou não boleia, acrescento que também foi deputado, secretário-adjunto para a Educação e Administração Pública em Macau, liderou uma das maiores federações de Lisboa do PS, foi conselheiro de Estado, tornou-se no ‘homem da máquina’ de António Guterres e chegou ao governo, como ministro.
Nos anos do guterrismo foi ministro adjunto, ministro da Administração Interna e ainda ministro da Presidência e do Equipamento Social. Demitiu-se em 2001, na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios. Fez amigos em todos os quadrantes políticos, entre eles Dias Loureiro e Miguel Relvas.
Por esta altura, é provável que já saiba quem é o jovem na berma da estrada com um cartaz a dizer Coimbra. Andou ausente da política durante uns anos – foi administrador da Mota-Engil – e regressou para ajudar António José Seguro, primeiro, e Maria de Belém, depois. A sua frase mais famosa é de 2001. “Quem se mete com o PS”, leva. Dava boleia a Jorge Coelho?