Dezembro de 1889. Amanhecia, quando Job Jolomba, filho varão do rei do Bailundo, Ekuikui II, desembarcou em Lisboa. O rapaz sobressaía entre os restantes passageiros, não apenas por causa da cor da pele mas sobretudo em razão da elevada estatura e do invulgar vigor físico.
Acompanhava-o outro moço, quase tão alto quanto o príncipe, mas de constituição frágil e delicada – o seu amigo e secretário, Anastácio Tchipilica. Jolomba, que fora educado por missionários canadianos, falava melhor inglês do que português. Lia muito e tinha o hábito de anotar, num caderno que transportava sempre consigo, tudo quanto lhe despertasse a curiosidade. Cinco meses após desembarcar na capital portuguesa, o jovem ovimbundo caiu de cama, derrubado por uma febre súbita, vindo a falecer antes que os médicos descobrissem a origem do seu mal. Anastácio Tchipilica retornou a Angola, levando o caderno do príncipe que entregou aos cuidados de um missionário norte-americano. No final dos anos 70, o caderno foi descoberto na Biblioteca do Congresso, em Washington, por um historiador húngaro, que investigava a extraordinária jornada, através de Angola, do seu conterrâneo László Magyar.