Maurício Magno acorda sobressaltado. Sobre os lençóis da cama acumulam-se pedaços de tinta e de cimento. Confirma, aterrorizado: o teto está a ceder. Arrasta-se para a varanda e nota que o pavimento está corroído pelo bolor e pelas térmites. Outros seres, mais vivos do que ele, estão a tomar conta da sua morada. Maurício pensa: a casa onde tinha nascido – e onde era suposto terminar os seus dias – está a desmoronar.
O que fazer? Mudar de casa? Não tem alma para esse recomeço. Haverá quem saiba de outra morada num outro mundo. Não é o caso de Maurício Magno. O pobre homem não sabe sequer encontrar quem faça reparações no teto. Bateu à porta do vizinho, até então completamente desconhecido, e convidou-o a espreitar o teto da casa.