O porteiro lembrou-me de que a vizinha, a velha Deolinda, fazia anos. Voltei atrás, bati à porta, escutei os passos arrastados e o ranger de vários trincos e, depois, uns olhos piscos espreitaram pela fresta da porta. A vizinha pediu que entrasse, ajudei-a a regressar ao sofá e ocupei a única cadeira disponível.
– Quer dar-me uma prenda, meu jovem? – perguntou Deolinda. – Deixe comigo a revista que traz debaixo do braço.
– Triste prenda, cara vizinha – argumentei. – Nestes tempos, só há um assunto, esta maldita doença.