A originalidade do topónimo reside no facto de a água da fonte ter sido apreciada, diziam os antigos, por ter a “virtude” de curar determinadas doenças; enquanto o passeio ficou na história local pelos piores motivos: era dele que, antes de existirem pontes sobre o rio Douro, os descrentes da vida saíam dela atirando-se ao abismo que ficava uns bem puxados vinte metros mais abaixo.
Um dia, a Câmara, para evitar estas desgraças, mandou gradear o parapeito do passeio. Com a sua configuração de retábulo, a fonte é uma obra de cantaria de excecional valor artístico. Em tempos idos, dizem crónicas antigas, a água dessa fonte era tão abundante que “dava para encher o maior cântaro em menos de um minuto “.
Agora, das suas duas bicas já não cai um pingo cantante de água. O que se lamenta. No século XVII, a calçada das Virtudes era o centro social por excelência da sociedade mais importante do Porto. Frequentavam-no, com assiduidade, os desembargadores da Relação, que ficava ali a dois passos, na Cordoaria; as meninas das mais notáveis casas de mercadores do burgo; e, também, o dr. João Sucarelo Claramonte que nunca faltava ao “rendez-vous“ das Virtudes. Médico e poeta improvisador, entretinha – se, prosaicamente, a improvisar trovas que dedicava às raparigas que iam encher os cântaros. Às vezes não resistia à tentação de uma beliscadela no traseiro de uma delas o que lhe valia, às vezes, apanhar uma “salutar bofetada”.
É caso para dizer, a história não muda ou, então, que ninguém inventou nada…