Quando chega esta altura do ano, a Avenida do Mar, no Funchal, é uma espécie de reino do Carnaval, cheia de brilhos e cores e ritmo. E lá há um rei que sempre se destacou mais do que qualquer outro: Alberto João Jardim.
Não é por acaso. Jardim ‘reinou’ na Madeira ao longo de 37 anos, facto inigualável por qualquer outro político português – o próprio Salazar só esteve em funções executivas, como chefe do Governo, durante 36 anos. Mas ter sido presidente do Governo Regional da Madeira não é a única razão para Jardim sobressair no Carnaval funchalense. Quantos outros políticos estariam dispostos a mascarar-se e encabeçar um desfile, como tantas vezes fez Alberto João Jardim? Em Portugal, não me lembro de outro.
Esse seu lado popular e populista de proximidade para com o povo, a juntar ao grande desenvolvimento com que brindou a Madeira nas últimas décadas, valeu-lhe anos e anos de vitórias eleitorais. As máscaras e a folia carnavalense nunca o atrapalharam nas urnas, porque eram um traço da sua genuinidade – e os eleitores gostam mais disso do que de políticos de plástico.
No último fim-de-semana, o ex-presidente (regional) Alberto João Jardim voltou a desfilar com a sua autenticidade na Avenida do Mar, mas agora sem ter de voltar à Quinta Vigia para despachar com os seus secretários regionais dias depois. Ao vê-lo ali, divertido, recordei uma das fotos de José Carlos Prata, tirada no dia dos anos da minha mãe, em 1998. Vestido de verde brilhante e a ribombar, como se fosse o chefe da banda, Jardim mostrava que os políticos também se divertem. No Carnaval. E desconfio que não só.