Tomar uma decisão na altura certa é seguramente um dos pilares para o sucesso em todas as áreas da vida. O negócio imobiliário não é uma excepção.
Se excluirmos as decisões motivadas pela necessidade, essa forte e quase omnipresente condicionante, há muitos projetos que dependem de decisões em que uma das premissas é precisamente perceber qual a melhor altura para comprar, vender, arrendar ou construir um imóvel, independentemente do seu uso.
Este vetor, a altura certa para agir, torna-se ainda mais relevante em alturas de incerteza como a que atravessamos, fruto de um vírus global e o consequente e previsível tsunami económico.
Há no entanto diversos patamares de decisão. Para projetos imobiliários, do lado da procura que não tem a pressão da continuidade ou redimensionamento motivados pelo seu negócio core, abre-se uma janela temporal em que o timing se revela muitíssimo importante.
Nestas situações, a quantidade e qualidade de informação recolhida ajuda sempre a ver mais nítido. Analisam-se tendências, avalia-se a tensão entre oferta e procura e definem-se posicionamentos estratégicos e valores.
É do conhecimento geral que os melhores negócios se fazem em contraciclo, ou seja, ter o mínimo de companhia naquilo que se decide fazer e ter o máximo de entidades do lado oposto. Isto implica contrariar o aparente racional dominante e ter capacidade de resistência.
Neste momento de crise há uma expectativa que a diminuição da procura pressione os preços para baixo, pelo que quem pretende adquirir, tendencialmente adiará uma decisão.
No setor do imobiliário comercial não se assiste ainda a um aumento imediato da oferta, o que tem segurado os valores dos ativos. Se essa oferta aumentar, quer pelo redimensionamento das estruturas existentes, quer pela conclusão de projetos que estavam já em curso e efetivamente houver um redução do valor dos activos, assistiremos a uma maior competitividade pelos de melhor qualidade. Se quem procura, ainda que em número menor, decidir com o mesmo timing, baixa a probabilidade de fazer um melhor negócio.
O mesmo se aplicará do lado da oferta em quem pensa criar um produto novo. O risco aumentou e a razão diz-nos que apenas quando o mercado der mais garantias de liquidez se deve avançar. Mas se todos pensarem da mesma forma, no futuro vamos ter uma luta mais dura pelo sucesso.
O risco existe sempre. Compete-nos tentar reduzi-lo. No entanto, muitas vezes não fazer nada à espera da altura ideal é pior que tomar uma decisão menos acertada.
A partir do momento que a decisão é tomada, o método e a informação tornam-se essenciais para conseguir alcançar o objectivo.
Vamos assistir nos próximos meses ao impacto criado por uma paragem forçada que não estava nas previsões de ninguém. Muitos estudos e análises terão de ser totalmente revistos. E teremos sobre a cabeça uma espada de Dâmocles, essa fábula moral de Cícero, que nos conta sobre a impossibilidade de ser feliz quando se vive com medo.
Importa decidir. Ajustar estratégias. Assumir algum risco.
No jogo de esperar para ver corre-se o risco de ficar só a ver.