Esta pandemia ofereceu-nos a oportunidade de repensar a maneira como trabalhamos e vivemos levando também muitas pessoas a repensarem os seus valores e prioridades.
Um movimento que já está a trazer novas tendências e paradigmas ao imobiliário residencial e turístico, e também em relação aos locais e setores onde vamos querer trabalhar, investir e viver.
Os tempos de confinamento colocaram em evidência o aumento da procura por casas com áreas exteriores e interiores maiores, com fácil acesso a amplos espaços verdes e ar puro. Para muitas pessoas, a proximidade em relação à natureza, à segurança física e sanitária tornam-se cada vez mais fatores-chave da decisão de investimento imobiliário.
Por outro lado, as empresas perceberam que as pessoas podem trabalhar, pelo menos parcialmente, com esquemas remotos de teletrabalho, reduzindo deslocações, emissão de gases com efeito de estufa, com maior produtividade e reduzindo os seus custos.
Acredito que os investidores imobiliários estrangeiros que procuram segurança e um maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal irão certamente considerar Portugal como destino privilegiado de investimento por ser um dos países mais seguros do mundo com baixa densidade populacional relativa, posição geográfica periférica e que já deu provas de boa gestão de pandemias.
Outra das consequências desta nova realidade é que, a nível de turismo e de investimento no imobiliário residencial, haverá cada vez mais procura por destinos em localizações de baixa densidade de construção e sustentáveis, onde se possa passar tempo de qualidade em família, em comunhão com a natureza e com tranquilidade.
Os resorts turísticos e residenciais, bem como os condomínios de luxo existentes em Portugal são, na sua grande maioria, sinónimo de segurança, tanto para os que aí investem, como para o capital investido. Os resorts têm a característica de ser um espaço delimitado geograficamente, garantindo naturalmente um certo isolamento social e proporcionando todas as comodidades e serviços aos seus residentes ou hóspedes. Espaços como campos de golf, marina, hotel de 5 estrelas, ou serviços e experiências de bem-estar e zonas abertas ao ar livre permitem aos residentes e proprietários usufruírem de um estilo de vida agradável e seguro.
O debate sobre a sustentabilidade está a tornar-se cada vez mais urgente em muitos sectores, incluindo na construção de imobiliário residencial, um dos poucos setores que não parou a sua atividade durante a pandemia, e que desempenha um papel fundamental na resposta às alterações climáticas, que são hoje um dos maiores desafios do nosso tempo. Na minha opinião, à medida que os hábitos mudam, a procura por resorts de nova geração, mais seguros do ponto de vista sanitário, bem integrados na natureza e mais sustentáveis, vai ser crescente. Resorts de baixíssima densidade populacional e construtiva que integrem edifícios com necessidades quase nulas de energia e/ou construídos de acordo com princípios de arquitetura bioclimática, que utilizem energias renováveis, que tenham suficientes pontos de carregamento para veículos elétricos, pontos de reciclagem e certificações ambientais serão cada vez mais a norma.
O confinamento obrigou-nos a encontrar soluções de estilo de vida mais ambientalmente sustentáveis, a fazer compras nas mercearias de bairro, a valorizar os produtos comprados diretamente a produtores locais, a fazer mais passeios na natureza, a valorizar ainda mais os relacionamentos humanos. No imobiliário residencial e de resorts, esta tendência traduz-se numa maior utilização de materiais de construção naturais de origem local, que nos irá levar a uma redução geral do consumo de energia e da pegada ambiental.
Por todas estas razões, acredito que iremos assistir, a prazo, a uma progressiva alteração das localizações principais das primeiras e segundas residências. Pessoas que têm atualmente a sua residência principal na cidade ou grandes centros urbanos e, se puderem permitir-se, que tenham também uma segunda residência numa zona periférica, procurarão cada vez mais mudar a sua residência principal para zonas ou países de mais baixa densidade, tais como zonas rurais ou resorts turísticos e residenciais de nova geração, e, quando muito, mantendo uma segunda residência na sua cidade.