No Oriente Eterno onde está, António Arnaut deve ter ouvido as palmas de milhares e milhares de portugueses aos profissionais do SNS.
O Serviço que ele criou, e que pediu, já no final da vida, que não deixássemos morrer, está vivo e assim se manterá. Porque o não deixaremos morrer. Porque os seus profissionais não o deixarão morrer.
Com todas as fragilidades, erros, constrangimentos, queixas, desagrado, o SNS é algo de que nos devemos orgulhar.
Claro que haverá sempre os velhos do Restelo, os que pretendem retirar de qualquer crise, mesmo desta, dividendos políticos, que dirão cobras e lagartos da Linha Saúde 24, das linhas excecionais criadas para fazer face a esta calamidade, da ministra da Saúde, da diretora-geral da Saúde, do António Costa, do Governo, eu sei lá.
O certo é que todos os que me rodeiam (e são de vários quadrantes, esclareço, antecipando já uma que outra pedrada), e que tiveram que recorrer ao SNS ou ao sistema de despistagem do vírus, falam da prontidão, da correção, do empenho dos profissionais que os atenderam. Falaram da exaustão, mas não de desânimo.
E que dizer da ministra e da diretora-geral da Saúde que, sem esmorecerem, sem atirarem a toalha ao chão, como outros ministros noutros países já fizeram, vêm, dia após dia, dar a cara, fornecer dados com clareza e sem alarmismos?
Aos que tanto criticavam o SNS, proponho-lhes este exercício: olhem o que se passa nos EUA ou no Brasil. Sim, que o vírus não conhece fronteiras (e a esse tópico voltarei noutra altura) e a Europa não tem o exclusivo da Covid-19.
Ali, quem tem dinheiro, seguro de saúde, está protegido.
E os outros? Os milhares que vivem em pobreza extrema, que dormem nas sargetas, que constroem (como acontece em Nova Iorque) verdadeiras cidades sob uma maçã que, embora grande, está verdadeiramente podre do ponto de vista humano. Que será deles? Quem os rastreia ou quem os acolhe? Que quarentena ou cofinamento pode ter quem não tem sequer um telhado que o abrigue?
Que orgulho quando li que a Câmara Municipal de Lisboa abriu um centro de acolhimento para os sem abrigo! Que exemplo de humanismo e sentido cívico.
Desconheço se o mesmo aconteceu no Porto ou noutras cidades (creio que Matosinhos o fez também), mas é isto que se pede a autarcas e dirigentes: que sejam parte da solução, que ajudem o Governo a atuar no terreno, que não aguardem por ordens superiores e que, com consciência cívica e sentido de servidores públicos, façam o que se espera deles: sirvam!
É que o Governo, tal como já foi dito, pode fazer muita coisa, menos ,acabar com o vírus por decreto.
Uma palavra também para os outros, os que mantêm o país vivo, os que nos fornecem o pão e os bens essenciais. Bem hajam!
Àqueles que tantas vezes são criticados, por vezes com razão, outras nem tanto, mas que, à força de os vermos entrar casa adentro pensamos neles como seres de um qualquer outro planeta, aos jornalistas, aos repórteres, aos entretainers, aos que nos vão mantendo a par do que se passa e aos que tornam o nosso cofinamento menos duro, também para eles o meu aplauso virtual.
Viva Portugal. Viva o povo português!