A SATA tem um novo administrador. Chama-se Luís Rodrigues, vem da TAP, onde, entre 2009 e 2014, desempenhou funções de administrador executivo, mais precisamente na TAP SGPS e na TAP SA. Seguidamente, foi presidente do conselho de administração da TAP Manutenção e Engenharia Brasil e administrador executivo na empresa SPDH – Serviços Portugueses de Handling SA.
Enquanto administrador da TAP, o profissional de aviação geriu escalas para mais de 90 destinos, levou a cabo um programa de redução global de custos da Companhia e, em meados de Abril de 2014, foi responsável financeiro da empresa. Liderou ainda as áreas de recursos humanos, relações laborais, T&I, compras, legal, auditoria e serviços de saúde. Em suma, Luís Rodrigues é, na história da SATA, o administrador com mais condições para a gerir.
Dentro do estipulado legal, o Presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, deu a saber à Assembleia Regional dos Açores que Luís Manuel da Silva Rodrigues seria o novo presidente do conselho de administração da SATA, para que o responsável pelo serviço público de transporte aéreo fosse ouvido pelo parlamento açoriano antes da sua tomada de posse.
Do meu ponto de vista, e sem exagerar, esta foi a mais importante medida deste governo no decorrer da presente legislatura. Tarde é, com efeito, o que nunca chega e o governo de Vasco Cordeiro, queremos crer que ainda atempadamente, reconhece que a administração de uma companhia aérea deve ser presidida por um entendido em matéria de aviação civil. É impensável que a SATA, com tanta especificidade, continuasse a ser administrada por um senhor, o anterior administrador António Teixeira, que, pouco tempo após tomar posse, veio assumir não estar por dentro do negócio, mas que iria aprender. A SATA não é uma escola, é uma companhia aérea!
Entre outros administradores, relembro que Luís Parreirão, que esteve aos comandos da SATA entre maio de 2014 e novembro de 2015, pretendeu moralizar a companhia com um plano de negócios que previa uma SATA internacional mais pequena do que a que veio encontrar e essa foi a imagem de marca que deixou. Em seu entender, todas as rotas para a Europa eram deficitárias. As que valia a pena explorar eram apenas as do Atlântico Norte, entre os Açores e o continente português, e a Região Autónoma e as comunidades emigradas dos Estados Unidos da América e do Canadá. Daí haver reduzido a estrutura existente por se apresentar demasiado pesada, pondo um fim a diversos postos fixos e a
pessoal a mais, medida que, todavia, veio manifestamente a mostrar-se insuficiente visto o ex-responsável público da SATA ter conseguido reduzir apenas quatro milhões de euros. Quanto à Air Azores, não se o viu intervir expressivamente nesta empresa regional do Grupo, que, a par da SATA Internacional, carece igualmente de extrema atenção.
A SATA precisa de intervenções de fundo, que, sem medos nem barreiras, desedifiquem um clube de boys que os governos PS já herdaram de governos anteriores PSD, não isentando de algumas culpas nessa matéria os governos socialistas.
É importante que o governo regional, nesta fase complicada do ponto de vista económico e financeiro da SATA, não se imiscua em atos de gestão do novo administrador – que tem uma tarefa hercúlea à frente – deixando Luís Rodrigues gerir, livre e competentemente, a empresa, como tem obrigação e saber para o fazer, mesmo que seja grande a tentação de interferir, já que o governo açoriano é o maior acionista da empresa aérea. Há que aprender com os erros do passado e dar cem por cento de autonomia ao novo administrador da SATA, ou a Companhia correrá o sério risco de se afundar irremediavelmente.
É muito importante também que a comunicação social em geral, neste virar de página, dê tréguas à SATA para que haja tranquilidade e discernimento nesta administração. Nunca ninguém trabalhou bem sob pressão! Malhar é fácil, vende jornais, promove rádios, televisões e até grupos nas redes sociais, onde, há dias, se criticava o vencimento do novo administrador, considerando-o excessivo. Não pretendendo condicionar a liberdade de expressão dos colegas jornalistas e de colunistas, longe de mim, mas é necessário haver alguma descrição e saber dar tempo ao tempo para que surjam resultados, embora devamos prudentemente acompanhar o evoluir da nova gestão. Esta parece-me ser a atitude mais sensata e equilibrada. Acima de parangonas nas primeiras páginas e de farpas no corpo dos textos, está o interesse geral dos Açores e, no caso, de uma companhia aérea regional que deverá persistir garantindo aos açorianos a sua mobilidade. E não nos esqueçamos nunca que a SATA é, inegavelmente, a bandeira desta Região Autónoma insular no país e no mundo.