Para quem achava que já não havia surpresas, aí está o Parlamento com a maior representação e alternativa partidária de sempre, uma gerigonça de cinco pontas e a maior derrota de sempre da direita.
Começando pelos pequenos partidos e a dose reforçada de pluralismo: À direita só o Aliança não consegue representação parlamentar confirmando a tese de que o dr. Santana Lopes não tem expressão fora do PSD. Mas vai ser curioso testar os limites ideológicos da Iniciativa Liberal e perceber, afinal, o que basta ao Chega.
À esquerda, o Livre consegue finalmente a eleição – depois de, há quatro anos, ter desejado a união das esquerdas –, por ter conseguido a notoriedade que lhe faltava com a simpatia da sua candidata. E o PAN (que, já sabemos, não é nada, nem esquerda nem direita) vai ter a sua hora da verdade, passado o encanto sem escrutínio em que conseguiu viver.
António Costa que apostou tudo na maioria absoluta vai agora tentar navegar à vista – uma espécie de Cavaco em 1985 – para interromper a legislatura se sentir que o terreno lhe é favorável. Vai ter de ser rápido: quer porque as nuvens no horizonte não são fáceis, como nos últimos anos, quer porque o PCP, profundamente ferido pela geringonça, e o Bloco não partem do mesmo paradigma de rejeição primária da direita para lhe fazer as vontades e esquecer as maldades.
O Bloco, apesar de nada crescer, afirma-se como a força que conta à esquerda do PS e só não bloqueia a legislatura como o Podemos fez em Espanha porque não pode…
A direita em conjunto teve a maior derrota de sempre. A Dra. Assunção Cristas parece ter percebido tudo. O Dr. Rui Rio parece não ter percebido nada…