Jovens portugueses, chegou a nossa hora. Vamos seguir o exemplo do Salvador: pensar fora da caixa. Os franceses já têm o Macron, os canadianos já têm o Trudeau. São ambos da nossa geração. E nós? A nossa geração, aquela que está tão bem preparada, que se espalhou pelo mundo com a crise, tem de regressar. Voltem, e metam-se na política. Aos que cá ficaram, peço-vos: mexam-se! Não se desinteressem! O país precisa de (mais) renovação e gente com fibra e iniciativa.
Preocupa-me que, sempre que se aproximam eleições, ou estamos perante a discussão pública de um tema fracturante, alguém me diga: “Não gosto de política”. Não gosto de política? Política, eu defendo, é a actividade mais nobre a que um ser humano se pode entregar. Porque servir os outros é um acto que mostra nobreza de carácter. Só que muitos jovens da nossa idade, pessoas instruídas e que pensam com a própria cabeça, escusam-se ao debate político por resignação. “Não vale a pena”, dizem-me. Querem viver à parte desse mundo. Agora digo-vos: o mundo só muda com acção. A História prova-o.
Eu entendo a origem da vossa alienação; aos 38 anos também a vivo. Mas estes últimos tempos têm trazido ao de cima imensos extremismos que – e isto é muito, muito importante – só nos vão prejudicar a nós. Os jovens ingleses, pobres deles, vão ter de aguentar estar fora da Europa por causa dos que pensam dentro da caixa.
Precisamos de voltar a ser arrojados nas soluções, como no passado. Em Portugal temos vários exemplos históricos de fuga para a frente. Se os nossos reis não tivessem pensado fora da caixa, não tinha Portugal dividido o mundo com a Espanha. Se os nossos navegadores tivessem pensado dentro da caixa, não tinha Portugal chegado ao Japão em 1543. Se os nossos políticos contemporâneos não pensassem fora da caixa, não teríamos a geringonça! E por aqui me fico.
Jovens do século XXI, a melhor e mais bem preparada geração de sempre: Acordem! Nós estamos preparados. Poucas ajudas temos tido, temos feito tudo sozinhos. Sair para o mundo global é uma solução óbvia. E a mais simples. Mas ficar e contribuir para refazer a realidade, embora duro porque há muita resistência, é o que temos de fazer. Já que estamos a mudar o país com toda a nossa capacidade de inovação – sim, eu saí durante 10 anos e vejo o impacto da nossa criatividade! –, só falta mesmo entrarmos na política. Para que o país dê o tal salto! Temos de inventar uma nova era, a nossa. Por isso, digo outra vez: política pode e deve ser discutida, se possível entre vozes discordantes e com visões contrárias. Porque assim se aprende. Um acto de grande civismo a que assisti foi a de um americano (obviamente democrata) perguntar no Facebook aos apoiantes de Trump por que tinham votado nele. Estava com vontade de os entender. Recebeu várias respostas, que embora não o convencessem, o retiraram da ‘bolha’ em que se encontrava. Da mesma forma, jovens portugueses, saiam da vossa ‘bolha de alienação política’. O tempo é agora.