A Namíbia é um país de sonho para um “Overland”. Os vistos são gratuitos, simples, as autoridades são simpáticas e não apresentam qualquer dificuldade na fronteira. Paga-se uma taxa de circulação, equivalente a 25 Euros, e descobre-se ou redescobre-se uma país fabuloso para qualquer viajante que se preze e goste de estar em contacto com a natureza, pura e dura mas, ao mesmo tempo, de uma beleza sui generis e indiscritível, cuja grandeza não cabe nas fotografias.
Conhecemos, de outras aventuras, a Costa dos Esqueletos, parte do deserto da Namíbia, sobretudo, a Oeste e, curiosamente, nunca estivemos no Etosha Park. Passamos a 17 km deste “Jardim do Éden”. Não tínhamos tempo, tínhamos que entregar a Isuzu no porto de Durban, que aliás, esteve mais uma vez em grande plano com uma fiabilidade, a toda a prova, descendo a costa ocidental de África e fazendo o costa-a-costa do Atlântico ao Indico sem o mínimo problema. E, no mesmo dia, tínhamos a meio da tarde o voo de regresso para Lisboa.
Esta decisão quase glaciar não foi gratuita. Resolvemos adiar o nosso projeto do ano que vem de ir de Bombaim ao Nepal de transportes públicos, e regressar ao continente africano para nos dedicarmos, de alma e coração, à Namíbia, Botswana e Zimbabué (Vitória Falks).
Alguns destinos são essencialmente hedonistas. Outros refletem parâmetros que mexem com os nossos sentimentos, com as nossas expectativa e até com os nossos medos, provocando sensações intensas. A Namíbia faz parte deste segundo grupo.
A Namíbia tem a segunda menor densidade demográfica do mundo, depois da Mongólia. O país foi colonizado pelos alemães (o que de certa forma explica a excelente qualidade da cerveja), pertenceu à África do Sul e tem uma riqueza étnica incomparável: hereros, himbas, ovambos, damaras, namas, entre outros.
Optamos por entrar na África do Sul pela fronteira de Nokap. Até lá seguimos pela B3. Uma espécie de “Route 66” mas sem bombas de gasolina decrépitas, homens vesgos e desdentados de cabelo oleoso colado à cabeça a mascar tabaco e motéis manhosos. A B3 atravessa os plateau da Nanania e do Hanam numa demonstração de rara beleza inóspita.
O limite de velocidade nas estradas nacional é de 120 km (como na África do Sul) e em mais de 2000 quilómetros percorridos, se fizemos cerca de 30 curvas pronunciadas, já foi muito.
Da fronteira até Durban, na costa Indica da África do Sul foi o desfrutar de um país que conhecemos bem e que deixa sempre muitas saudades. Não quisemos acabar esta nossa aventura, sem registar o momento, junto ao busto de Fernando Pessoa, em Durban, onde se pode ler: “ Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!
A nossa viagem foi muito desgastante, sobretudo, em termos psicológicos mas muito gratificante. E, só foi possível, graças aos patrocínios da ISUZU, BRIDGESTONE, FIRTSTOP, CARNES LANDEIRO E PREMIER TECH e aos apoios do Automóvel Clube de Portugal, Câmara Municipal de Lisboa, Ciclonatur e REVISTA VISÃO (online).