Ponto de partida para a reportagem de capa da VISÃO desta semana: Gago Coutinho, um dos raros oficiais da Marinha que chegaram ao posto mais elevado, o de almirante, por distinção, foi bem mais do que apenas o navegador do piloto Sacadura Cabral na epopeia da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, em 1922, que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro. Rebelde, fustigou os seus superiores na Marinha, por abuso de poder, e denunciou a prepotência dos roceiros de São Tomé – onde corrigiu a passagem da linha do equador. É esta faceta de Gago Coutinho, a de grande cientista, que ainda hoje continua a ser esquecida. Historiador e seu biógrafo, Rui Costa Pinto diz, em entrevista incluída no dossier: “Estamos perante um homem muito para lá do seu tempo e nem o atual ministro da Educação percebeu a importância do investigador, como era sua obrigação. Os programas de História não se renovam e mantemos os nossos jovens na ignorância.”
Coutinho percorreu milhares de quilómetros a pé, a cavalo ou em carroças puxadas por bois para delimitar fronteiras (e, com teimosia científica, ganhar território) em Timor, Angola e Moçambique. Além de geógrafo incansável, escreveu ensaios, desenhou inventos e explicou como os navegadores de Quinhentos alcançaram novos mundos. Era também crítico dos supremacistas e desportista firme: com mais de 70 anos, continuava a fazer argolas, aparelhadas numa trave no teto da sua casa. Não por acaso, dizemos nós, o Museu de Marinha, em Lisboa, inaugurou agora, a propósito dos 150 anos do nascimento do almirante, uma exposição intitulada Gago Coutinho – Viajante e Explorador, patente até 24 de maio. A mostra conduz o visitante por feitos de Coutinho que a generalidade da sociedade desconhece. Costuma chamar-se a este tipo de iniciativa “preenchimento de uma lacuna”.
Manobras políticas
A Geringonça morreu. E agora? Agora, o PS, como partido com mais peso no hemiciclo, pode vir a gerir a casa parlamentar como uma agulha que aponta na direção que mais lhe convier a cada momento. É isso que a esquerda teme e que os próprios socialistas admitem como cenário possível, depois da nega de António Costa a um acordo a quatro anos com o Bloco de Esquerda. São contas à próxima legislatura que se fazem em simultâneo com a apresentação dos nomes que vão compor o próximo governo. Neste capítulo, uma ideia: poder às mulheres.
Trazer o mar para a mesa
Já há muitas algas a serem produzidas em Portugal, mas ainda poucas caem nos nossos pratos, por causarem estranheza. Não faz sentido que um produto tão rico em propriedades benéficas, e tão versátil, fique de fora da nossa alimentação. Até porque será esse o futuro, se o queremos sustentável. Além da receita de caldo-verde com alface-do-mar que damos na revista, pode espreitar aqui mais quatro dicas à mesa.
José e Mia
José Eduardo Agualusa admira a luz e a generosidade de Mia Couto. E Mia Couto vê em Agualusa o mar, a terra e a disponibilidade. Amigos há mais de três décadas, cronistas da VISÃO, dão-nos uma entrevista conjunta a propósito do livro O Terrorista Elegante e Outras Histórias, escrito a quatro mãos. Com muito sentido de humor.
Pecado da carne
Os vegetarianos podem passar à frente na sugestão. Na VISÃO Se7e desta semana reunimos os melhores restaurantes, em Lisboa e no Porto, onde a carne é prato principal, como o novo Talho da Esquina, do chefe Vítor Sobral. Porque, como escreve a Luísa Oliveira, se é para pecar que seja em bom.
Opinião
“Falámos sobre Angola, as mudanças políticas em curso, e a sensação de que nenhuma dessas mudanças está melhorando a vida das populações mais desprotegidas” José Eduardo Agualusa, mais crónicas aqui
“Concebo que alguém estugue o passo na corrida para apanhar um autocarro que já partiu, mas se ao fim de duas horas o autocarro ainda não parou para nos deixar entrar, há que reconhecer a derrota” Ricardo Araújo Pereira, leia aqui outras crónicas
“O panorama partidário é hoje muito volátil, os votos são cada vez menos fiéis…” Adolfo Mesquita Nunes, mais opinião aqui