Donald Trump anunciou, na sua conta de Twitter, o despedimento de John Bolton, conselheiro nacional de segurança desde março do ano passado. “Discordei fortemente, como outras pessoas da Administração, de muitas das suas sugestões”, escreveu Trump. O presidente americano afirmou, ainda, que nomearia um novo conselheiro já na próxima semana.
O ex-conselheiro foi demitido esta terça-feira, depois de ter perdido várias batalhas sobre temas relacionados com o Irão, a Coreia do Norte e o Afeganistão. No último sábado, Donald Trump anunciou no Twitter a anulação do projeto de uma cimeira com os líderes talibãs e o presidente Afegão, Ashraf Ghani, preferindo, por outro lado, recebê-los na residência de Camp David. Contudo, John Bolton discordou veemente desta decisão, já que, na sua opinião, o encontro abriria um percedente muito perigoso.
De acordo com a correspondente da CNN na Casa Branca, Kaitlan Collins, Donald Trump e John Bolton tiveram uma discussão acesa segunda-feira durante a noite, devido às intenções de o presidente “receber líderes talibãs para negociações de paz em Camp David.”
John Bolton é o terceiro conselheiro de segurança nacional afastado da Casa Branca nos últimos dois anos e meio, apesar de ter afirmado, no seu Twitter, que foi o próprio que pediu a demissão na noite de segunda-feira.
A dança das cadeiras na Administração Trump
Mas não é apenas este cargo que mostra como a rotatividade de pessoas na Administração Trump é frequente. Kathryn Dunn Tenpas, do Brookings Institute, realizou um estudo sobre o assunto e percebeu que Donald Trump tem o recorde de maior rotatividade de um gabinete presidencial no primeiro mandato, assim como de maior movimentos de pessoas na Casa Branca.
Até junho deste ano, quase 50 pessoas tinham sido demitidas ou deixado, por vontade própria, as suas funções na Casa Branca.
Em março de 2018, o secretário de Estado, Rex Tillerso, foi demitido. Em dezembro, Trump anunciou que o secretário da Defesa, James Mattis, abandonaria o cargo em fevereiro . Já em março deste ano, o diretor de comunicação da Casa Branca, Bill Shine, demitiu-se. Stephanie Grisham é, agora, a sexta pessoa a ocupar este cargo, depois de, em Junho, Sarah Sanders ter abandonado as suas funções como porta-voz do governo.
Já em abril, foi a Secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, que se demitiu, na sequência de uma viagem com o presidente dos Estados Unidos à fronteira sul do país e da constatação da presença massiva de estrangeiros que tentavam entrar no país.
Kevin Hassett, presidente do Conselho de Assessores Económicos da Casa Branca desde janeiro de 2017 e um dos protagonistas na estratégia económica e comercial dos EUA com a China, deixou o cargo em junho, em plena guerra aberta com a Huawei.
Uma análise do New York Times relativamente aos 21 principais cargos do gabinete presidencial e da Casa Branca da Administração Trump, comparativamente às presidências de Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton, concluiu que os primeiros 14 meses da presidência de Trump foram muito mais agitados.
Nove desses cargos foram alterados, pelo menos uma vez, ao longo da Administração do atual presidente. No mesmo período de tempo, apenas três cargos foram modificados sob a presidência de Clinton, dois durante a administração de Obama e um quando Bush era o presidente dos EUA.
Em vários momentos, Donald Trump escolheu, para cargos recentemente desocupados, funcionários que já pertenciam ao seu governo. Por exemplo, em março de 2018, o presidente americano substituiu o secretário de Estado Rex Tillerson por Mike Pompeo, que já era diretor da CIA.
De acordo com Max Stier, CEO da Partnership for Public Service, uma organização sem fins lucrativos, toda a agitação na Adminstração de Trump é “altamente consequente”. “Quando se perde um líder, isso vai ter um efeito cascata em toda a organização”, afirma.