São quilómetros de corredores, com centenas de lojas, umas coladas às outras e agrupadas pelos produtos que exibem para vender: sapatos, jeans, calçado desportivo, chapéus, vestidos de noiva, fatos de homem, produtos para a casa, tapetes, atoalhados, t-shirts, ferramentas e tudo o mais que se possa pensar que pode ser adquirido pelos clientes daquele que é um dos maiores entrepostos comerciais da Ásia Central. Todas as lojas ocupam espaços semelhantes e com a mesma organização: ponto de venda no contentor de baixo, armazém no contentor de cima. Tudo geometricamente alinhado em longos corredores, por onde se acotovelam os clientes e circulam os carrinhos de transporte e os de venda de bebidas e de alimentos.
Situado nos arredores de Bishkek,a capital do Quirguistão, o Dordoi Bazar foi criado em 1992, imediatamente a seguir à independência do país, após o desmoronamento da União Soviética, como forma de tentar aproveitar o momento de abertura económica e possibilitar as trocas comerciais entre a China e a Europa, num dos pontos de passagem da antiga Rota da Seda. Como, na época, não existiam grandes capacidades de construção, todo o imenso mercado foi erguido com contentores utilizados no transporte marítimo e adquiridos a baixo preço, numa área com o equivalente a 100 campos de futebol.
Um estudo realizado pelo Banco Mundial, há cerca de uma década, identificou o Dordoi como um dos maiores “centros comerciais” do mundo, com 30 mil contentores e que proporciona emprego ou ocupação, direta e indiretamente, a mais de 150 mil pessoas.
Atualmente, a maioria dos artigos à venda são produzidos na China. Mas também se encontra muito vestuário orgulhosamente apresentado com a etiqueta “made in Quirguistão”, bem como produtos oriundos dos vizinhos Cazaquistão, Uzbequistão, Paquistão, Índia, Turquia e até dos Estados Unidos da América. Mais, para o visitante ocidental de passagem no Quirguistão, mais do que as compras o que surpreende e prende a atenção é a visão do longo emaranhado de contentores transformados em lojas.