“Fazemos um forte apelo aos organismos de segurança de cumprimento da lei para que mostrem moderação, evitem o uso da força e permitam a entrada de ajuda”, referiu a alta representante da UE para a política externa, Federica Mogherini, em comunicado.
Repudiando “o uso de grupos armados para intimidar civis e legisladores”, a UE apelou ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que “reconheça a emergência humanitária” dada a escalada de tensão no país.
Federica Mogherini recordou que, entre 2018 e 2019, a União Europeia se comprometeu a dar mais de 60 milhões de euros em ajuda humanitária e apoio ao desenvolvimento na Venezuela para “aliviar o sofrimento dos mais vulneráveis”.
Nesse contexto, disse que a UE está disponível para reforçar a ajuda e trabalhar em “mecanismos de coordenação” da sua entrega à Venezuela sob a liderança das agências da ONU relevantes, de acordo com os “princípios de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”.
Mogherini reiterou que as origens da crise na Venezuela são “políticas e institucionais”, pelo que a “solução só pode ser política”.
“Renovamos firmemente o nosso apelo para a restauração da democracia por meio de eleições presidenciais livres, transparentes e credíveis”, disse.
Federica Mogherini assegurou que a UE “está disposta a apoiar este processo”.
Nicolás Maduro afirmou no sábado, em Caracas, que aceitará uma “ajuda legal” da União Europeia, em coordenação com a ONU, mas que a Venezuela a pagará.
“Aceitamos ajuda humanitária da União Europeia, ajuda legal. (…). Vamos coordenar com a ONU para ver se vocês cumprem com a oferta. Tudo o que enviarem, a Venezuela vai pagar, porque não somos mendigos de ninguém. Que cheguem aos nossos portos, de maneira legal. Aceitamos”, afirmou, perante milhares de apoiantes.
No sábado, as forças leais a Nicolás Maduro impediram a entrada no país de ajuda humanitária, parte da qual enviada pelos Estados Unidos, pelas fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil.
O dia ficou marcado por atos violentos na chegada da ajuda humanitária, com camiões incendiados na fronteira com a Colômbia e outros a regressar ao Brasil, registando-se pelo menos quatro mortos em confrontos e 285 feridos, e deserções entre as forças venezuelanas.
A entrada da ajuda humanitária tinha sido convocada por Juan Guaidó, líder do parlamento venezuelano e o autoproclamado Presidente interino da Venezuela.
Na rede social Twitter, Juan Guaidó anunciou no sábado que vai pedir formalmente à comunidade internacional que mantenha “abertas todas as opções para conseguir a libertação” do país.
“Os acontecimentos de hoje [sábado] obrigam-me a tomar uma decisão: propor formalmente à comunidade internacional que devemos manter abertas todas as opções para conseguir a libertação desta Pátria que luta e que continuará a lutar. A esperança nasceu para não morrer, Venezuela!”, escreveu Guaidó na sua conta oficial no Twitter.
Segundo dados da ONU, a grave crise económica e social que afeta a Venezuela levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015.
Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes, incluindo cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.
Lusa