Além dos autores de língua portuguesa, nas Correntes são ainda lançados três novos romances de outros tantos escritores espanhóis, mantendo vivo o espírito ibero-americano que anima o encontro desde a primeira edição.
A Praia dos Afogados (Sextante, 424 pp, 17,70 euros) é o primeiro policial do galego Domingo Villar a ser publicado em Portugal. É a revelação de um dos nomes mais destacados da novela negra e de um inspetor com muitos e fiéis leitores. Auxiliado por Rafael Estévez, Leo Caldas tem um caso bicudo pela frente, desencadeado pelo corpo de um marinheiro que foi arrastado pela maré até a uma praia. Seria mais uma tragédia ligada à pesca, como tantas outras que a costa galega tem conhecido, não se desse o caso daquele homem ter sido encontrado com as mãos amarradas. Inicia-se assim uma investigação pelos meandros da comunidade piscatória.
Um cadáver, um manuscrito perdido e um comissário. A Marca do Herege, o mais recente romance da galega Susana Fortes (Porto Editora, 224 pp, 16,60 euros), também tem todos os ingredientes de um bom policial e dos thrillers que, entre o enigma e a religião, conquistaram leitores em todo o mundo. Tudo se passa numa misteriosa e peregrina Santiago de Compostela, de cuja catedral desapareceu o códice de Prisciliano, um conhecido herege espanhol do século IV. A notícia surge pouco depois de um jovem ter sido encontrado morto na mesma igreja. Nesta investigação, o comissário Castro terá a ajuda de dois jornalistas, até porque se trata de um caso que envolve ecologistas, peregrinos, professores universitários, tubarões das finanças e padres.
Nascido em Saragoça, em 1960, Ignacio Martínéz de Pisón é um dos mais premiados (por contos, ficções e narrativas) escritores da sua geração e tem sido regularmente publicado em Portugal, sempre pela mão de Carlos da Veiga Ferreira. E é na nova chancela do editor que sai o seu mais recente romance, O Dia de Amanhã (Teodolito, 290 pp, 16 euros). Passada durante o franquismo, esta é a história de Justo Gil, um emigrante ambicioso que se torna íntimo da política política do regime, a Brigada Social. Com isso, entrará em contacto com muitas histórias de vida que, interligadas, se afirmam como um fresco da sociedade espanhola antes da Transição Democrática.