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Uma Viagem à Índia, a epopeia contemporânea que Gonçalo M. Tavares escreveu numa navegação à vista de
Os Lusíadas, de Luís de Camões, (edição Caminho) foi distinguida com o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, Associação Portuguesa de Escritores (no valor de 15 mil euros), referente a obras publicadas em 2010.
Mas também soma louros estrangeiros: acaba de ser escolhido em França, pelo seu livro O Senhor Kraus, com o Prémio Literário dos Jovens Europeus. Com 29 títulos publicados numa década, é mais um reconhecimento num percurso cada vez mais internacional, com traduções em muitos países, e um crescente número de leitores em todas as latitudes.
Jornal de Letras: Este APE tem um significado especial?
Gonçalo M. Tavares: É uma honra estar ao pé de grandes escritores e de livros que foram muito importantes para mim, enquanto leitor. Fiquei muito contente. Mas o essencial para quem escreve é seguir o seu percurso, independentemente de tudo o que acontece, com o seu instinto e os seus desejos.
E surpreendeu-o que Uma Viagem à Índia tivesse um prémio de romance?
É realmente um livro que se afasta bastante dos que já escrevi. Espero que não pertença a nenhum género, porque é uma epopeia, mas também uma contra-epopeia, como disse Eduardo Lourenço.
Escapa ao cânone do romance?
Prefiro sempre a palavra texto, precisamente porque dá espaço para tudo. Mesmo outros dos meus livros, em que o género parece melhor definido, nunca estão numa categoria, num cânone. No caso de Viagem, o ponto de partida foi mesmo pensar o percurso de um herói no século XXI. É a epopeia de um anti-herói individualista.
Será um livro único na sua constelação literária?
Por enquanto é. Gosto da ideia de epopeia, mas não sei se haverá ligações para livros futuros. Isto apesar de sentir cada vez mais que há uma relação entre os meus diversos livros.
A Viagem teve uma boa receção?
Senti um grande entusiasmo. E nesse aspeto, o primeiro entusiasta a quem queria dedicar este prémio, é o meu editor, Zeferino Coelho.
Recentemente, venceu também o prémio dos Jovens Leitores Europeus.
Foi atribuído por um conjunto de jovens leitores de escolas de vários países europeus, que escolheram O Senhor Kraus. Curiosamente, em França, muitos leram o livro como uma interpretação da política francesa. Na verdade, O Senhor Kraus é uma sátira sobre a passagem da política das coisas para a política da linguagem. A política quase se alojou no campo literário porque se trata de encontrar a frase mais apta para resistir ao argumento do outro.
Pensa publicar algum novo livro em breve?
Funciono muito em diferido. Comecei a escrever a Viagem em 2003, e só saiu em 2010. Por enquanto, não tenho nada previsto. Gosto muito da ideia de escrever instintivamente, sem saber para onde estou a ir.