O diabo bateu-me à porta. Tinha o ar gasto e cansado de um solitário caixeiro-viajante e por isso meteu-me dó.
Entrou, convidei-o a sentar-se no sofá. Ele agradeceu timidamente, cofiando nervosamente o mefistotélico cavagnaic.
Preparei-lhe um whisky com gelo e um rum puro para mim. Bebemos lentamente e em silêncio assistimos na TV às finais do Campeonato do Mundo de Patinagem Artística.Já meio bebido, dormitou no sofá.
Tapei-o com a velha manta do campismo no Inatel e fui meter-me na cama para ler mais uma revista porca, já que as piruetas das patinadoras húngaras misturadas com o rum me tinham deixado razoavelmente entesoado.
Pelo menos da sala não viria nenhum juízo moral, apenas um suave aroma a enxofre blended.