Jornal de letras

Laura Castro: Dar visibilidade à arte

Unir 13 instituições culturais do Norte com o intuito de partilha cultural. É o novo projeto de Laura Castro

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Zeferino Coelho: vida de editor

Autobiografia de Zeferino Coelho, fundador e diretor da editora Caminho, responsável por editar José Saramago e a coleção Uma Aventura

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TESTOSTERONA

Há prazeres e admirações (secretos ou menos), que tendem a ser rotulados como "masculinos" (embora essa seja uma posição misógina), e que poderiam ser classificados como (mais) ofensivos, se não estivessem algo disfarçados. Como a violência extrema de alguns desportos organizados, ou em histórias "hardboiled" onde a amoralidade tem um toque de decência que evita o niilismo extremo. Frank Miller ou Martin Scorsese poderiam ser citados neste contexto.

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HOMENS

Este texto saiu no JL com o título de "Temas Científicos". Tudo muito certo, só que não foi esse o título que lhe dei. Na verdade os meus títulos só têm uma palavra, que neste caso até podia ter sido "Ciência" (ou "Experiências"). Mas não foi, e não foi por acaso que escolhi o título, como se depreende do próprio texto, se tiverem curiosidade em ler. 

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TRANSAMERICANO

Neste momento existe em Portugal uma dinâmica editorial inusitada em banda desenhada, não só em quantidade e qualidade, mas em termos de veículos editoriais (de bancas a coleções com jornais) e tipos de livros produzidos. Desse ponto de vista é também importante manter esteios como a BD clássica de inspiração europeia, que a Arcádia tem vindo a trabalhar.

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CEGUEIRAS

Dois livro fundamentais em banda desenhada, com algumas semelhanças mas também diferenças cruciais em termos de representatividade e tom destacam-se de entre as boas edições recentes.

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EDUCAR PARA A CIÊNCIA USANDO CÉLULAS ESTAMINAIS (E BANDA DESENHADA)

A banda desenhada de divulgação científica "Uma aventura estaminal", feita por mim e pelo desenhador André Caetano no âmbito de um projeto de divulgação de ciência, foi lançada em livro em 2013.Estão agora disponíveis as versões digitais, em português e inglês ("A stem cell adventure").

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CEGUEIRA

Num período de tempo curto surgiram vários livros imprescindíveis, daqueles que se recomendam sem receio a quem orgulhosamente declare não gostar de banda desenhada. Se antes os lançamentos eram episódicos ("Maus", "Palestina", "Persépolis"), espera-se que a proximidade destas edições signifique uma aposta continuada. De todos o destaque maior é para "Pyongyang" (2003) do canadiano Guy Delisle (Devir) e "O árabe do futuro" (2014) do francês Riad Sattouf (Teorema).

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PRAXES

A BD autobiográfica tem revelado alguns dos melhores autores nacionais, com destaque para o excelente "Diário Rasgado" de Marco Mendes (2012). Na verdade o livro é quase um tratado das virtudes e problemas do género, no sentido em que a ocultação ou ficcionalização parciais são inevitáveis, nem que seja por as situações retratadas envolverem terceiros. Acabando por introduzir o leitor num jogo permanente de interpretação em torno do que "falta", potenciada pela extensão do olhar dada pelo formato oblongo.

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ARQUÉTIPOS

Continuando com apostas na BD brasileira, a Polvo tem editado vários livros cuja filiação se identifica facilmente pela temática e alcance; livros que, e isto não tem nada a ver com qualidade ou interesse, se tem a sensação de já se conhecer folheando, ainda antes de iniciar a leitura. Mas há surpresas. Como "Tungsténio", de Marcello Quintanilha. (No JL o texto saiu com um título diferente, ignoro porquê)

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OPORTUNIDADE

No meio da banda desenhada portuguesa têm pontificado parcerias entre editoras e jornais, promovendo o lançamento de diferentes coleções periódicas bem produzidas e de preço acessível, focadas em obras de uma editora (Marvel) ou em diferentes séries/personagens ("Batman", "XIII", "Michel Vaillant"), apenas para citar exemplos recentes. Essa agitação é ótima, e pode ser dinamizadora para vários tipos de públicos.

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COLETIVO

Um paradoxo interessante no século XXI é que a abundância de formatos de informação e difusão quase universais não resulta, necessariamente, numa divulgação efetiva, sobretudo no caso de obras, autores e linguagens menos conhecidos fora dos respetivos circuitos. Uma solução pode implicar esforços coletivos, nalguns casos com cobertura institucional (leia-se: financiamento) que se aplaude, mas cujos critérios nem sempre se percebem. E há três exemplos recentes, representando duas maneiras de olhar a banda desenhada.

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COPACABANA

Discorrer sobre a produção de um país com base apenas em alguns exemplos soltos é sempre perigoso. Se do Brasil há muito havia notícia de uma pujança em termos de edição e produção de banda desenhada (desde logo o "império" de Maurício de Sousa), a editora Polvo tem-se empenhado noutro tipo de propostas. Nem sempre é possível apostar nos melhores, alguns já bem conhecidos em Portugal (como Lourenço Mutarelli), outros infelizmente menos (Gabriel Moon/Fábio Bá, desde logo), mas as escolhas têm sido sempre estimulantes e reveladoras, por diferentes motivos.

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CONCEITO

Em inglês o conceito aplica-se sobretudo a filmes, e a ideia é que um "high-concept" seja capaz de resumir numa frase o fulcro da narrativa. Por exemplo "Dinossauros são clonados numa ilha remota, e a coisa corre mal" para "Parque Jurássico". Claro que, posto o conceito, é necessário criar personagens, desenvolver a história; e, se um "high-concept" tende a ser um truque para chamar a atenção, não está condenado à menoridade, depende, como sempre, do modo como é executado. A G. Floy lançou três primeiros volumes de séries de preço muito acessível com estas características, duas interessantes, uma excepcional.

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UM EVANGELHO SEGUNDO R. CRUMB

A Coleção "Novela Gráfica"  Levoir/Jornal Público é a mais interessante e importante coleção do género a ser lançada em Portugal. Pela importância dos autores/obras, pela variedade de estilos, por tudo.Prevê-se, de resto, que a venda posterior ao lançamento ultrapasse a venda em banca; mas o que se espera, sobretudo, é que a coleção possa dar origem a outras, parecidas.Abaixo uma primeira versão do prefácio do recente "Mr Natural" de Robert Crumb. Com um nota relativamente importante: este é um livro possível entre muitos com este nome, há várias antologias da personagem. A minha é a da Fantagraphics (imagem abaixo), e não é igual à desta coleção. Faltam as histórias de "Devil Girl", o que é pena pela reação que poderiam provocar...O prefácio teve de ser ajustado, precisamente para ter em conta o alinhamento das histórias de facto publicadas.

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VIANA

Um comentário tão ubíquo quanto irritante em qualquer meio com atividade cultural é o de não acontece muita coisa que "valha a pena"; geralmente proferido em tom "blasé" por quem nada faz para que aconteça o que quer que seja. Tiago Manuel é o entusiástico oposto desse estado de espírito.

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ARGÉLIA

Nas últimas décadas houve sempre em Portugal uma grande editora de banda desenhada franco-belga, antes a Meribérica, mais recentemente a ASA. No entanto, esta parece hoje resumir-se aos "grandes títulos" como os novos "Blake & Mortimer" ou "Lucky Luke". Algo a que não será alheia a saída da responsável pela edição de BD Maria José Pereira para a Arcádia (chancela da Babel que se dedica à banda desenhada). Não é pois de estranhar a aposta desta última editora numa obra de um autor consagrado, "O estrangeiro" de Albert Camus, adaptado por Jacques Ferrandez (edição original Gallimard, 2013).

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LEVIATÃ

Livros recentes como "Papá em África", "O estrangeiro" ou "Habibi" evocam grandes questões do nosso tempo, que tendem a ser simplificadas de modo dicotómico, em variações de estilo que vão do grandiloquente, ao apaziguador e ao sarcástico, mas que são basicamente lineares. "Nós" contra "Outros". A questão é apenas saber quem encaixa em cada categoria, quão distantes estão entre si, como se abordam. Apesar da complexidade aparente da sua estrutura, ler "Cachalote" é, neste contexto, quase um alívio, porque os "Outros" estão próximos, não à distância de uma civilização.

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TUDO

A edição de um livro de banda desenhada de 40 euros e com 700 páginas justifica-se apenas pelo livro em si? No caso da mais recente obra de Craig Thompson (Devir) a resposta é sim e não. Não, porque a edição de "Habibi" dependeu certamente da recepção entusiasta ao anterior "Blankets". Sim, porque este é um livro que vale a pena. Não que seja necessariamente brilhante, mas é hipnótico no seu virtuosismo gráfico, generoso no seu excesso, honesto na sua ambição, grandioso nos seus falhanços. "Habibi" é um magnífico desastre, que, repete-se, vale a pena conhecer.

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APARTHEID

Colectânea de trabalhos do autor sul-africano branco Anton Kannemeyer (curtas bandas desenhadas, ilustrações, cartoons, pinturas) "Papá em África"  volta a sublinhar a Mmmnnnrrrg/Chili Com Carne como uma das melhores editoras a trabalhar em Portugal, porque publica mais livros que quem se interessa por banda desenhada tem mesmo de conhecer. "Conhecer", repito, não meramente "Adorar" ou "Detestar".

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FERNANDES

Um dos melhores autores de sempre de banda desenhada em língua portuguesa está "reformado" dessa linguagem em particular há alguns anos. Mas se José Carlos Fernandes não vem à BD, a BD teima em vir até ele. E a um novo público, que tem agora a oportunidade de descobrir a sua obra mais marcante. Numa excelente iniciativa a Devir apresenta os seis volumes originais da série "A pior banda do mundo" (2002-2007) em duas colectâneas, que se transformam instantaneamente numa das edições do ano de 2014.