Jornal de Letras: O tema da edição deste ano é Museus e Paisagens Culturais. O que ideia se pretende passar?
David Santos: A relação dos museus com o território, enquanto aprofundamento da paisagem, quer a natural, quer a cultural. Os museus são reflexos da dimensão humana, o que também remete para o sentido comunitário e para a cidadania. Em Portugal, esta iniciativa europeia não foge à regra. Serve para chamar a atenção dos visitantes, mas também da comunicação social, para a importância social e cultural dos museus. Não são apenas para investigadores, mas espaços que podem ser visitados por todos e recorrentemente. Neste dia, os museus são os protagonistas, com propostas muito variadas e, no caso da Noite dos Museus, com iniciativas pensadas para os horários noturnos.
À 30ª edição, o balanço é, por isso, positivo?
Muito positivo. É uma iniciativa que nos orgulha a todos e que tem de facto promovido a aproximação do público com os museus, com destaque para o trabalho realizado pelo serviços educativos. Surge também na sequência de um trabalho diário que tem dado os seus frutos, apesar do contexto de crise e das limitações orçamentais. Os museus têm boas programações ao longo de todo o ano, o que se projeta nas suas imagens públicas e pode ser aferido pelo crescimento de 30% ao nível das visitas e das receitas.
O que destaca da programação deste ano do Dia dos Museus?
É um programação muito vasta, com uma centenas de iniciativas, em 79 instituições de 44 concelhos, sempre com entrada livre. A título de exemplo, posso referir a inauguração no Museu Nacional de Arte Antiga, da exposição Autorretrato de Albrecht Dürer, com obras da Coleção do Museu do Prado. No Museu Nacional da Música, no ciclo “Um músico, um mecenas”, Levon Mouradian e Marina Dellayan tocam pelas de Schubert, Schumann e Chopin com duas peças únicas da coleção: o Violoncelo Stradivarius Chevillard – Rei de Portugal, de 1725, e o piano Bechstein, de 1925. No Museu Nacional dos Coches a exposição Há Fogo! Há Fogo! Acudam! Acudam! apresenta 16 carros dos séc. XIX e XX do Regimento dos Sapadores de Bombeiros de Lisboa. E no Museu Nacional de Arqueologia decorre uma vista guiada à exposição Lusitânia Romana.
E da noite?
O encontro Museus e Paisagens Culturais, no Museu Nacional do Traje, com participações de Álvaro Domingues, Jorge Rivera, Aurora Carapinha e Graça Filipe. E a iniciativa Museus em Movimento, em parceria com a Volkswagen, que convida os visitantes a conhecerem alguns dos melhores museus de Lisboa. A partir das 18, duas carrinhas vão andar de museus em museu, com duas rotas que partem do Marquês de Pombal de 15 em 15 minutos. É um modelo que queremos usar em outros momentos.