O Jantar do Ano está agendado para 12 de novembro, mas os pratos que vão fazer parte deste evento solidário de angariação de fundos já foram apresentados ao público e, entre os convidados que participaram na primeira degustação, esteve o humorista e colunista da VISÃO Ricardo Araújo Pereira (RAP).
“Se é para salvar o mundo a encher o bandulho, convidem-me”, brincou RAP quando esteve à conversa com a VISÃO Solidária, antes do almoço de apresentação do menu d’ O Jantar do Ano na Galeria Filomena Soares, em Lisboa – entre as obras de Miguel Rio Branco, que ali expõe “De Tóquio Para Out of Nowhere”.
Ceviche de salmão da Noruega (Kiko), massa rãmen de atum dos Açores (Luís Barradas), lombo de bacalhau com creme de mandioca (Vítor Sobral) e coxa de pato com redução de cerveja (Justa Nobre) são os argumentos dos chefes para a segunda edição deste evento solidário, que volta a realizar-se no Convento do Beato, em Lisboa.
O jantar, aberto ao público, é promovido pela Let’s Help, uma empresa focada no investimento social criada há dois anos por Francisco Mello e Castro, um jovem de 22 anos formado em Gestão.
O principal objetivo é angariar fundos para os aplicar em negócios sociais, ou seja, negócios que medem o seu sucesso através do impacto social que provocam e não pela maximização do lucro (recorde a reportagem da VISÃO sobre negócios sociais).
Num tom mais sério, Ricardo Araújo Pereira invocou um clássico da música popular portuguesa para justificar ter-se associado a uma causa que “ensina a pescar”: “Tenho sempre presente a canção do José Barata Moura: ‘Vamos brincar à caridadezinha / Festa, canasta e boa comidinha’. Aqui temos boa comidinha, mas não há canasta e há, de facto, um efeito prático na vida das pessoas. É simpático estar associado a isso”, rematou.
O primeiro negócio social a ser relançado pela Let’s Help será o projeto Reclusa (antiga Reklusa), que integra mulheres com cadastro na vida ativa, dando-lhes trabalho no atelier de criação de acessórios de moda da marca, focado sobretudo em carteiras de senhora.
“O que o chefe Gordon Ramsay faz com os restaurantes nós fazemos com os projetos sociais”, sintetizou Francisco Mello e Castro.
Garantir a sustentabilidade da marca é a motivação para todas as mudanças implementadas na Reclusa, que serão apresentadas na quinta-feira, dia 29. O investimento máximo da Let’s Help será de 10 mil euros, com a perspetiva de recuperar o dinheiro, aplicando-o, depois, noutro negócio social.
Rostos com causas
Também os embaixadores oficiais do evento, os jornalistas da SIC, Rodrigo Guedes de Carvalho e Clara de Sousa, estiverem presentes na apresentação dos pratos. À VISÃO Solidária, Rodrigo Guedes de Carvalho afirmou que não foi só pelo bónus de comer muito bem que se associou ao Jantar do Ano, mas também por este ser um evento “que permite dar um empurrão às pessoas para que possam ser empreendedoras”.
Ambos os jornalistas reconhecem a importância das figuras públicas darem visibilidade a causas sociais, contribuindo para mobilizar a população em geral. Em relação ao jornalismo de causas, também estão em sintonia. “Ainda há um tabu em relação a isso, continua a considerar-se o jornalista um ser anódino, mas eu acho que isso está a mudar. No meu caso e da Clara [de Sousa], que estamos no ar há muitos anos, ninguém acredita que não tenhamos um pensamento sobre o mundo que nos rodeia”. O pivot da SIC acrescentou ainda que também “é pela personalidade” que o público os aprecia, e não apenas por saberem “ler tecnicamente bem o teleponto”.
Clara de Sousa destaca uma palavra importante: “bom senso”: “Há valores universais e é nessa base que nós [jornalistas] exercemos a nossa cidadania e isso não compromete em nada a nossa independência”.
Ricardo Araújo Pereira notou, ainda, a surpresa pela sua simples presença contribuir para dar visibilidade a uma causa e, de alguma forma, ajudar a melhorar o mundo. “A minha presença costuma contribuir mais para inquinar ambientes do que para os melhorar. O facto de ser bem-vindo aqui é muito refrescante”, ironizou.
Os bilhetes para O Jantar do Ano já estão à venda e custam entre €35 e €45, há 700 lugares disponíveis. O objetivo é angariar mais de 20 mil euros para reinvestir em negócios sociais.