Vem aí mais uma edição das Conferências do Estoril, um encontro bianual de reflexão com pensadores e figuras proeminentes mundiais, co-organizado pela Câmara Municipal de Cascais e a Nova School of Business & Economics, e do qual a VISÃO é este ano parceiro de media. Na sua 10º edição, as Conferências do Estoril, vêm novamente colocar este concelho na rota do conhecimento mundial, com um painel de luxo que mistura oradores com histórias para contar, agentes da mudança e provocadores.
Sérgio Moro, o polémico juiz que é o atual Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Joana Marques Vidal, ex-Procuradora Geral da República portuguesa, Edmund Phelps, prémio Nobel da Economia, Bernard Kouchner, cofundador dos Médicos sem Fronteiras e dos Médicos do Mundo, Svetlana Alexievich, prémio Nobel da Literatura ou Ahmad Nawaz, o jovem ativista paquistanês pela educação e pela paz, são apenas alguns dos grandes nomes entre as dezenas de oradores que, durante três dias – de 27 a 29 de Maio –, vão encher a Universidade Nova, em Carcavelos.
O mote das Conferências do Estoril mantém-se intacto desde o início: para desafios globais, respostas locais. Depois de se ter já discutido a relação entre o global e o local ao longo das primeiras quatro edições e as migrações em 2017, este ano, o tema em debate será a justiça.
“Repensar o conceito de justiça implica adaptar categorias morais tradicionais a um mundo cada vez mais alargado, plural, complexo e rico. Implica focarmo-nos nos direitos inalienáveis e em deveres vinculativos, não só entre indivíduos como também entre Estados”, pode ler-se na apresentação do programa.
Conheça aqui todos os oradores já divulgados das Conferências do Estoril 2019
Noutras edições, as Conferências do Estoril já contaram com nomes como Joseph Stiglitz , Tony Blair, Mohamed Elbaradei, Nouriel Roubini, Frederik de Klerk, Viktor Orbán, Durão Barroso, Garry Kasparov, Madeleine Albright e Edward Snowden. (Veja o video com um resumo da última edição.)
Nas Conferências do Estoril 2019, um conceito lato de justiça será debatido em torno de quatro tópicos principais: direitos e deveres humanos, justiça climática, pobreza global e desigualdade, e tecnologia e desenvolvimento.
1. Direitos e deveres humanos
Agora que foram celebrados os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, este é um tema premente. A transição de uma igualdade formal para uma igualdade material envolve a definição de um conjunto de deveres e responsabilidades que efetivam o cumprimento destes direitos. Serão desafiantes as questões para as quais se procurará respostas: Como podemos equilibrar devidamente a defesa do pluralismo com a salvaguarda de valores universais? Que medidas devem ser tomadas para eliminar a desigualdade baseada no género? Que papel deve ser desempenhado tanto por cada indivíduo bem como por entidades coletivas na proteção de direitos básicos? Podemos alcançar um consenso global acerca da legitimidade da intervenção internacional em momentos de crise?
2. Justiça Climática
O clima não podia deixar de estar presente nesta discussão que pensa o futuro. A justiça climática é uma das questões mais transversais – e cruciais – da agenda global dos nossos dias. “Há uma tensão permanente entre os objetivos a longo prazo para alcançar um equilíbrio ambiental global e sustentável e os interesses a curto prazo de diferentes entidades e agentes individuais, relacionada com áreas como a economia ou a tecnologia”, enquadra a organização das Conferências do Estoril. É necessário reconhecer a sobrecarga ambiental imposta pelos países desenvolvidos sobre as nações menos desenvolvidas ou em desenvolvimento e questionar a existência de um dever ético das nações mais ricas de assumirem a liderança neste âmbito e procurar saber a quem cabe a responsabilidade por maiores iniciativas financeiras destinadas a evitar catástrofes ambientais e a combater os resultados devastadores das alterações climáticas.
3. Pobreza Global e Desigualdade
No âmbito do tema da justiça global, a desigualdade económica é outro tema obrigatório. Alguns autores contemporâneos sustentam que a pobreza global extrema poderia ter sido eliminada há décadas, se as sociedades mais prósperas assim o tivessem decidido. Esta negligência foi já denominada “o maior crime contra a humanidade” e, dado o seu impacto negativo na fruição plena dos direitos humanos e no desenvolvimento, é obrigatório fazer uma reflexão sobre os nossos modelos políticos e as mudanças estruturais necessárias para eliminar este problema. Como podem diferentes nações fazer parte da solução? Poderá a criação de um rendimento básico garantido equilibrar estas desigualdades ou irá, pelo contrário, aumentá-las? Estarão os países ocidentais a lucrar com a pobreza extrema noutras partes do mundo? Estas e outras questões serão abordadas por várias figuras públicas, de prémios Nobel da Economia a dirigentes e governantes.
4. Tecnologia e Desenvolvimento
O acesso à tecnologia, que tanto contribuiu para a melhoria da qualidade de vida nos países desenvolvidos, permanece desequilibrado a nível mundial. Nas Conferências do Estoril refletir-se-á sobre o modo como a tecnologia pode servir a igualdade e a dignidade laboral, bem como sobre os avanços e os riscos (nomeadamente ao nível da privacidade) na área da inteligência artificial.
Do local para o global
O programa preparado para procurar respostas locais para os desafios globais ainda não está integralmente disponível – a VISÃO acompanhará aqui os nomes anunciados – mas as Conferências do Estoril prometem “discussão sem qualquer premissa do politicamente correto”: “Estamos conscientes de que as sociedades saudáveis abraçam a dissensão e albergam opiniões diferentes acerca de tópicos controversos, permitindo espaço suficiente para que os mecanismos democráticos trabalhem e respirem”.
“As Conferências do Estoril são um projeto educacional e uma ferramenta pedagógica. São um instrumento de ação e intervenção real, na medida em que acreditamos que o futuro não é uma inevitabilidade escrita. Acreditamos na capacidade extraordinária de mulheres e homens, para mudarem o curso da história. Estamos aqui para mudar o mundo e não nos contentaremos com nada menos do que isso”, explica Teresa Violante, diretora das Conferências do Estoril. Quem quiser juntar-se à reflexão, reserve as datas de 27 a 29 de maio na agenda: os bilhetes oscilam entre os 10 euros e os 100 euros e já estão disponíveis para compra online.