As fotos vencedoras do Concurso Nacional de Fotografia Anacom
Hugo Ferreira é fotógrafo corporativo e de eventos. Não fosse a sua mulher, não teria hoje recebido das mãos do presidente da Anacom, João Cadete de Matos, o grande prémio de fotografia, no valor de 2500 euros, patrocinado pela entidade reguladora das telecomunicações em parceria com a revista VISÃO. O conjunto de fotos a preto e branco expõe a forma como hoje estamos sempre ligados e agarrados ao telemóvel, a comunicar, sinal dos tempos modernos por oposição a um passado não muito longínquo. Nada mais consonante com o tema do concurso: Comunicar, Ligar, Unir.
“Fui a Lisboa ver a exposição da World Press Photo e vi o anúncio deste concurso. Mas achei que não tinha fotos para concorrer, apesar de gostar muito de fotografar a rua e paisagens. A minha mulher é que insistiu”, contou Hugo Ferreira à VISÃO na inauguração da exposição, que ficará aberta ao público no Centro Português de Fotografia, no Porto.
A viver em Mortágua, Hugo Ferreira tirou as fotos vencedoras em Aveiro e Coimbra. E está satisfeito com o prémio, porque lhe vai servir para comprar material fotográfico de que está necessitado e “como sabem, é muito caro”. Se sobrar alguma coisa para tirar umas pequenas férias, tanto melhor.
Foram mais de 600 as fotos selecionadas e levadas à presença do júri. Algumas das premiadas e outras que receberam menções honrosas puderam ser comentadas pelos seus autores presentes esta quinta-feira na inauguração. Como aquela em que aparecem meia dúzia de caixas de correio concentradas à entrada de uma pequena vila – “Uma forma de comunicar não electrónica” – , as que resultam das várias viagens ou a que fotografou de cima um casal deitado face a face – algo que enterneceu o presidente da Anacom – “Que a internet não nos faça esquecer nunca o face a face”.
Este concurso e exposição foi uma das várias iniciativas concretizadas para festejar os 30 anos da entidade reguladora (além da publicação de um livro de fotos com “as mais belas árvores do país” e a abertura de todo o arquivo documental, incluindo fotos e uma coleção de selos antigos, nomeadamente das antigas colónias portuguesas).
“Com estas iniciativas culturais queremos expressar que a nossa ação se destina às pessoas, porque é para elas que trabalhamos. E temos a convicção de que as fotos bem feitas são expressões de arte e das realidades do quotidiano”, explicou João Cadete de Matos no momento inaugural. “A fotografia impressa tem um grande valor, mesma aquela que é tirada com smartphone”.
Admitindo tratar-se de um tema abstrato, salientou porém que depois dos correios (“ainda há 600 milhões de cartas a circular em Portugal”) e das comunicações eletrónicas, as fotos são igualmente “um instrumento de comunicação à distância”. No final, “a iniciativa correu tão bem que já estamos a pensar quando vos convidamos para uma próxima”, disse aos vários presentes na inauguração.
A exposição foi aberta pelo anfitrião, Bernardino de Castro, presidente do CPF, contente por acolher esta iniciativa. “Gostamos de comunicar e de estar ligados a outras instituições”, justificou. Rui Tavares Guedes, diretor executivo da VISÃO, realçou a vontade de dar sempre destaque à fotografia, “um meio de comunicação que merece ser acarinhado”, destacando a tradição de trazer para Portugal a exposição da World Press Photo, “uma das mais aclamadas do mundo”. Agora, quando surgiu a oportunidade, a convite da Anacom, não houve hesitação. “Teve muita adesão e merece ser exposta numa casa como esta”.
A exposição ficará patente no Centro Português de Fotografia, no Porto, até 22 de setembro.