Parece estar longe de tudo e não é por acaso. Afinal, o objetivo do CERVAS é curar animais selvagens e devolvê-los à Natureza. É um hospital muito especial, dependente do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas mas gerido pela Associação Aldeia (www.aldeia.org) e atualmente só viável graças ao financiamento da Ana, Aeroportos de Portugal. Estamos a dois passos de Gouveia mas mais parece que estamos no meio de lugar nenhum, em plena paisagem serrana.
Logo a seguir ao incêndio de 15 de outubro, que rondou perigosamente o Centro mas não o atingiu, entraram ali nove animais, sete com queimaduras graves. Só um sobreviveu: uma águia de asa redonda que já está no “túnel de voo” com 30 metros, onde as aves podem começar a exercitar os movimentos. 90% dos animais que chegam ao Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens são aves (na sua maioria vítimas de atropelamentos ou atingidas a tiro): corvos, gralhas, várias espécies de mochos e corujas, neste momento está ali um imponente bufo real, ferido a tiro na zona de Pombal.
Os cuidados prestados pelo veterinário, e coordenador do CERVAS, Ricardo Brandão, nascido há 40 anos no Porto, e a sua pequena equipa (reforçada, quase sempre, com estagiários) visam sempre uma recuperação rápida para ser mais fácil o regresso ao estado selvagem, feito quase sempre de forma pública para aumentar a sensibilização para a defesa da Natureza (numa parede do CERVAS vê-se, por exemplo, o momento em que libertaram um milhafre preto numa reunião da Tupperware). Este Centro abrange uma grande área da zona centro (de Leiria à Guarda, litoral e interior) e há cada vez mais pessoas a entregarem ali animais feridos, diretamente ou através do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (SEPNA, 217503080).
Além da sua vocação principal de clínica, o CERVAS não descura um lado didático. Nos próximos dias 8, 9 e 10 de dezembro, por exemplo, vai acontecer ali o Workshop Prático de Recuperação de Animais Silvestres, e as vagas estão quase todas preenchidas.
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Vamos ter uma redação itinerante no Centro do país durante todo o mês de Novembro, para ver, ouvir e reportar. Diariamente, vamos contar os casos de quem perdeu tudo, mas também as histórias inspiradoras da recuperação. Queremos mostrar os esforços destas comunidades para se levantarem das cinzas e dar voz às pessoas que se estão a mobilizar para ajudar. Olhar o outro lado do drama, mostrar a solidariedade e o lado humano de uma tragédia. Para que o Centro de Portugal não fique esquecido. Porque grande jornalismo e grandes causas fazem parte do nosso ADN.