Tem uma cadela chamada Troika, com a qual costuma passear pela beira-Tejo. Por tradição familiar, faz a vindima, e um belíssimo vinho branco, na Amareleja, onde tem as suas raízes e ainda mata o porco, na casa de família. Joga futebol com os amigos, pratica jogging e na Meia Maratona de Lisboa ficou apenas a quatro minutos do seu objetivo “de duas horas”. Mas quando lhe perguntam qual o seu hóbi favorito, não hesita: “Trabalhar! Adoro trabalhar!” Assim é, num primeiro retrato, Vítor Escária, 41 anos, economista, professor auxiliar do ISEG, ex-assessor económico do primeiro-ministro José Sócrates (mas independente, tendo sido convidado aos 33 anos), investigador, presidente do Centro de Investigações Regionais e Urbanas (CIRIUS), figura envolvida em vários projetos de consultoria, incluindo da CMVM, e coautor de estudos como o do Impacto Económico da Expo’98. Com três filhos, Sofia, 16 anos, Pedro, 14 e Teresa, 8, casado com uma economista, filho de um quadro superior bancário e de uma professora primária, Vítor Escária fala, com entusiasmo, dos seus estudos, relacionados com os fluxos no mercado de trabalho. Mestre, pelo ISEG, em Economia Monetária e Financeira (orientado por Vítor Constâncio), doutorou-se, depois, em Economia, na Universidade de York, a mesma de Cavaco Silva em Inglaterra.
Atualmente na equipa de avaliação da aplicação do programa de fundos comunitários COMPETE, identifica, nas razões do desemprego, quatro problemas principais, pouco considerados no programa de ajustamento: primeiro, o mito de que o mercado de trabalho é, em Portugal, demasiado rígido, o que “faz sentido quando consideramos os dados agregados”, mas que “o perde ao observar-se os dados individuais; muito rígido numa parte, mas muito mais flexível, que outros, noutra parte “. Em segundo lugar, a falta de perspetivas de emprego: as pessoas não investem se não tiverem a esperança de ganhar algo com isso, o que é válido para os investidores mas, também, para os trabalhadores.
Em terceiro lugar, a falta de reflexão sobre as razões da ineficiência do mercado e sobre os regimes de contratualização. Finalmente, a Justiça, cujo mau funcionamento constitui um entrave à Economia: “Ninguém consegue exercer um direito em tempo razoável!” À atenção da troika. E não nos referimos à simpática beagle da família Escária, cujo faro ninguém põe em causa…
BI
Idade: 41 anos
Atividade: economista, professor auxiliar do ISEG, investigador, consultor de diversos organismos, especialista em políticas públicas e de emprego
A escolha de…. Augusto Mateus
Doutorado e professor de Política Económica, no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa
“Na área das ciências económicas e empresariais, o Vítor pertence à geração depois da minha e faz parte de um grupo de pessoas com estudos superiores com qualidade e um doutoramento numa universidade de referência. É uma pessoa portadora de características essenciais para um economista profissional.
Sabe medir e acompanhar a economia, com base em metodologias estabelecidas e tem uma capacidade de investigação e de descobrir que pude acompanhar muitas vezes, trabalhando com ele em projetos de investigação e em atividades de consultoria.”