Jorge Barroso, 56 anos, autarca independente eleito pelas listas do PSD, a cumprir o último mandato, chegou à redação itinerante da revista, estacionada no centro da vila, por volta das 16h15. Veio à iniciativa “Porta Aberta” para conhecer o projeto Caravana VISÃO e responder a algumas perguntas sobre o futuro da vila.
Hoje, à semelhança de ontem, o mar é visto como garante de desenvolvimento e progresso. Resumo de dois planos que almejam esse fim.
Recifes artificiais
O projeto, partilhado com o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR), tem dez anos e é a primeira experiência do género na costa oeste portuguesa. Para combater a sobre-exploração dos recursos pesqueiros e garantir o sustento dos pescadores artesanais, a solução foi construir “casas” para os peixes. Serão investidos cerca de 2 milhões de euros, mas 75% do dinheiro vem de fundos comunitários.
Em outubro passado foram colocados na plataforma continental adjacente à Nazaré, da foz do Rio Alcoa à Praia do Salgado, entre os 20 e 23 metros de profundidade, 1365 módulos de betão. Os abrigos já estão a dar os primeiros frutos: “Fui lá fazer mergulho e vi que já há uma boa produção de juvenis e as estruturas estão a ficar revestidas de algas. Agora temos de monitorizar”, adianta o presidente.
Se tudo correr como planeia, os recifes farão parte de um plano mais ambicioso ligado ao turismo de pesca. “Os turistas vão no barco, pescam o peixe, trazem-no para o restaurante, cozinham-no e depois comem. Temos de transformar a pesca artesanal numa atividade de valor acrescido. Se a Nazaré perde isso fica a ser um local igual aos outros”.
Centro de Alto Rendimento para os Desportos de Ondas
“Pesado, muito pesado! Estou profundamente convicto que estas foram algumas das ondas mais pesadas que alguma vez apanhei”. As palavras são de uma das maiores lendas vivas do surf mundial, Garrett McNamara, quando, no final do ano passado, esteve na Nazaré a promover o seu potencial como spot de grandes ondas.
A culpa é do Canhão da Nazaré, um vale submarino que permite a formação de enormes paredes de água, com forte intensidade. E é McNamara que Jorge Barroso cita quando fala do que pretende para o Centro de Alto Rendimento para os Desportos de Ondas, a construir na Praia do Norte.
O investimento é da responsabilidade da Câmara Municipal (25%) e do Instituto do Desporto de Portugal (5%), mas é do Quadro de Referência Estratégico Nacional (70%) que vem a maior fatia dos 700 mil euros que vão ser gastos. Está prevista a edificação de uma zona residencial, para trinta pessoas, áreas ténicas, polivalentes e sociais.
“Mas não queremos ficar por aqui. Se o nosso mar é assim tão duro, então vamos aproveitá-lo. Vamos formar também socorristas, que aqui possam treinar salvamentos em qualquer tipo de ondas, no mundo inteiro”, idealiza o nazareno.