Os efeitos colaterais da pandemia no mercado de escritórios devido ao teletrabalho parecem ter-se dissolvido com o regresso de uma fervilhante procura de áreas empresariais para arrendar. Segundo o mais recente relatório da Savills, o mercado de escritórios de Lisboa registou um volume de absorção acumulado no 1º semestre de 2022 de 168.339 m2, num total de 105 operações. “Este resultado demonstra um aumento de 53% em relação ao período homólogo de 2019, tendo inclusivamente superado os resultados anuais de 2020 e de 2021, confirmando a dinâmica do mercado assente no regresso pleno ao escritório”, realça a consultora imobiliária.
“Os valores registados durante o presente ano ultrapassam já os resultados do período pré-pandemia, uma vez que o volume de absorção se encontra cerca de 50% acima do registado em 2019. Este semestre é, desde 2017, aquele que regista uma maior ocupação de escritórios no mercado de Lisboa. Estes resultados advêm de uma vontade muito expressiva e também necessária das empresas proporcionarem melhores espaços e condições de trabalhos aos seus colaboradores, o que, se traduz em muitos casos, em processos de relocalização ou expansão de área”, aponta Alexandra Portugal Gomes, Head of Research & Communications da Savills Portugal.
Analisando o volume de absorção por zona de mercado, constata-se que o Parque das Nações e as Novas Zonas de Escritórios foram as zonas de mercado mais dinâmicas. O Parque das Nações (zona 5) foi responsável por 30% do volume de absorção, o que corresponde à concretização de 15 negócios. As Novas zonas de Escritórios (zona 3) registaram 24% do total do volume de absorção assim como o maior negócio do semestre, a mudança de instalações da Fidelidade.
Esta zona, para além dos serviços financeiros, tem também atraído empresas na área das tecnologias e media. Importa referir que estas localizações foram as que registaram o maior crescimento em comparação com o mesmo período de 2019, atingindo os 90% e 86%, respetivamente, conferindo ao Parque das Nações uma nova centralidade no mercado empresarial de Lisboa. Quanto ao volume de absorção por setor de atividade, as áreas dos Serviços Financeiros e dos Serviços a Empresas foram responsáveis por 66% (47% e 19%, respetivamente) do total registado neste semestre.
Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions da Savills Portugal afirma que “o mercado de escritórios de Lisboa está a responder muito bem às necessidades demonstradas pelas empresas neste período pós-pandemia. Este 1º semestre de 2022 regista a maior taxa de ocupação dos últimos cinco anos na capital portuguesa e um crescimento de mais de 200% face ao mesmo período de 2021, números históricos no panorama dos escritórios de Lisboa. Acreditamos que os números recorde de 2018, serão superados, provando que este segmento já ultrapassou com sucesso a pandemia e ideia pré-concebida de que os espaços de escritórios poderiam deixar de fazer sentido”.
Porto também em alta
Também o mercado de escritórios do Porto, no 1º semestre de 2022, registou um volume de absorção total de 30.287 m2, um resultado expressivo quando comparado com 2021, ainda em contexto pandémico, com um crescimento de 150%.
“Adquire especial importância quando comparado com 2019, uma vez que se encontra 48% acima do registado no 1º semestre desse mesmo ano, confirmando a trajetória de recuperação e crescimento do mercado de escritórios do Porto”, diz a Savills, no seu documento.
As zonas Out of Town e CBD Baixa foram as que registaram maior volume de absorção, correspondendo a cerca de 36% e 37%, respetivamente.
O setor das TMT´s & Utilities foi o grande impulsionador do volume de absorção alcançado no 1º semestre de 2022, tendo absorvido cerca de 14.050 m2, exercendo um peso de 48% no volume de absorção total. O setor dos Serviços a Empresas ganhou uma maior preponderância em relação ao 1º semestre de 2021, passando de 5% para 25% do total de volume de absorção.
Em termos de área contratada, os intervalos mais solicitados foram os espaços entre 801 m2 e 1.500 m2, seguidos dos espaços entre 3001m2 e 5000 m2.
“Verificamos uma mudança de trajetória representada por um crescimento na ordem dos 150% face ao período homólogo de 2021. Neste 1º semestre,foi possível assistir ao grande dinamismo e resposta que esta zona do país proporciona às empresas. O facto de terem sidos atingidos vários recordes no total de área absorvida e número de transações registadas, deve-se à entrada no mercado de novos projetos e reabilitações em curso”, rematou Francisco Megre, Offices Consultant da divisão do Porto da Savills Portugal.