Já lá vai o tempo em que os escritórios eram meros espaços onde os trabalhadores se concentravam para trabalhar oito horas seguidas. Hoje, as empresas querem-se amigas do Planeta e das pessoas e por isso há um mundo novo no parque de escritórios que tardou mas já chegou também a Portugal. Locais onde os colaboradores não só trabalham, mas têm espaço desenhados à medida para conviver, jogar e até dormir.
A sede da PHC Software, com projeto de arquitetura da Openbook, é um bom exemplo desta nova geração de escritórios. Considerada uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal e fazendo jus a esse estatuto, a empresa apostou num edifício onde os espaços colaborativos e de diversão ocupam mais área que a destinada ao local permanente de trabalho.
Construído de raiz num terreno arejado no Tagus Park, em Porto Salvo (Oeiras), o edifício de escritórios ficou concluído este ano após um investimento de 12 milhões de euros e uma pesquisa aprofundada para conceber o edifício ideal para toda a comunidade PHC, entre colaboradores, clientes e outros parceiros.
“Andámos três anos a estudar as melhores práticas em Portugal e lá fora. Estivemos em Silicon Valley e visitámos ‘os grandes’, entre os quais a Google, a Facebook, Airbnb ou Pinterest”, conta Rute Ablum, Chief Management Office da PHC Software, empresa nacional com mais de 30 anos de existência.

Essa busca e posterior cruzamento com os arquitetos da Openbook resultou na conceção de um edifício estudado em cada detalhe dos seus 8.000 m2 de área. Uma espécie de resort integrado na empresa, num design apelativo e funcional que permitiu conquistar recentemente o prémio internacional Architecture MasterPrize, mais um para a Openbook.
Inaugurado em abril, o espaço ainda cheira a novo. Com cerca de 300 trabalhadores, a empresa tem atualmente cerca de metade das pessoas presencialmente no local e de forma rotativa. O sistema de teletrabalho implementado permite que os trabalhadores fiquem em casa três dias por semana e, nos outros dois, quando se deslocam à sede, têm acesso a uma panóplia de serviços e equipamentos ainda pouco habituais em locais de trabalho em Portugal.

Um ginásio, uma sala de jogos para os momentos de descontração, uma área de convívio onde não falta um pequeno palco e instrumentos musicais para quem se atreve a uma jam session, um espaço dedicado às mães que levam os seus bebés e precisam de amamentar em sossego, uma ‘nap room’ para os apologistas das sestas produtivas, uma biblioteca, uma sala reservada para massagens e tratamentos estéticos, uma zona ampla zona exterior preparada para momentos happy hours no final do dia… É uma sucessão de espaços pensados ao detalhe para criar bem estar físico e mental aos colaboradores que permitem perceber porque razão a PHC Software foi considerada este ano a empresa mais feliz em Portugal segundo o ranking Happiness Works, que conta, entre os seus jurados, com a revista Exame.
“As grandes ideias surgem quando as pessoas se sentem bem a trabalhar e fazem-nos em conjunto, em colaboração. Nós só vamos mais longe quando isso acontece. Acreditamos piamente nisso e por isso criamos todas as condições para que isso aconteça”, afirma a responsável.

Na House of Digital Business, como chamam à sua sede, os colaboradores usam de forma impactante a tecnologia não só para trabalhar, mas também para identificar espaços, questionar a empresa ou estreitar laços entre colegas.
Ao nível da identificação de espaços, por exemplo, todas as salas têm nomes sugestivos do universo tecnológico como ‘tree’, ‘core’, ‘root’ ou ‘cloud’ e, em simultâneo, por uma questão de georreferenciação, estão devidamente posicionadas no piso devido, daí encontrarmos, por exemplo, a sala ‘root’ no piso térreo e sala ‘cloud’ no primeiro andar.
Do ponto de vista da comunicação, apostou-se na implementação de um software próprio integrado na corporate TV da PHC e onde se inclui também a intranet da empresa. Na prática isto permite uma infinitude de procedimentos desde a transmissão, nos vários monitores espalhados pela empresa, de ações e objetivos da empresa até a gestos simples mas necessários como agradecer a um colaborador ou equipa por determinada tarefa bem realizada. No auditório usado para as reuniões com a direção, o mesmo sistema pode ser utilizado pelos trabalhadores para colocarem questões, anónimas ou identificadas, sobre todo o tipo de assuntos. Uma forma de reforçar a transparência e sustentabilidade, valores incluídos na cultura da empresa, uma mensagem que se quis passar também com a enorme gota de água feita a partir de plástico reciclado de garrafas usadas pelos colaboradores e que é uma das obras de arte que está a aprimorar o imponente hall de entrada da empresa.

Do ponto de vista logístico, apostou-se em pequenas salas de open space com capacidade máxima para 24 pessoas, permitindo o foco e por materiais nas paredes e no pavimento que permitem reduzir o ruído,. As secretárias incorporam uma tecnologia que permite uma desinfeção antisséptica, pertinente em tempos de Covid.
Projetada para 300 pessoas, a sede da empresa foi, contudo, preparada para o crescimento que se espera nos próximos anos, consolidando a PHC a sua atividade com os mais de 25 países com quem já trabalha (ainda que o mercado nacional continue a representar cerca de 80% da faturação da empresa).
Para já, a empresa recebe diariamente metade dessas pessoas, apologista que é do modelo híbrido que conjuga o teletrabalho com o trabalho presencial. “Acreditamos que o futuro é o modelo híbrido”, diz, convicta, Rute Ablum.
O sistema de teletrabalho implementado permite que os trabalhadores fiquem em casa três dias por semana e inclui ainda dois períodos ao longo do ano de 30 dias cada, em formato full remote, ou seja, o colaborador até pode estar a trabalhar a partir de um hotel nas Caraíbas pois não necessita comparecer semanalmente na sede da PHC. “Acreditamos muito no modelo de alta flexibilidade mas com alta responsabilidade. Damos liberdade mas o compromisso está acima de tudo”, salienta Rute Ablum.
Quando as equipas estão juntas presencialmente, o debate, a criatividade e a troca de ideias acontece com mais energia e espontaneidade, reforça ainda a responsável. Condições não faltam.