Das mais proeminentes arquitetas do País, Teresa Nunes da Ponte voltou a ver o seu trabalho reconhecido recentemente, com a renovação do grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, através do prémio Docomomo Internacional, que distingue projetos de preservação da arquitetura moderna no mundo. À frente do atelier TNP, é das poucas mulheres a liderar um gabinete de arquitetura em Portugal.
Há mais arquitetas do que arquitetos em Portugal. Porém, são muito poucas as que se destacam. No seu caso, o que permitiu alcançar essa notoriedade?
Existe, de facto, essa discrepância, e estamos perante uma questão cultural que demora muito tempo a mudar. Porém, essa mudança está a acontecer. No meu caso, as coisas foram acontecendo. Fiz muitos sacrifícios mas também tive imensa sorte com as oportunidades, os clientes, o ambiente de trabalho, os colaboradores… Comecei a vida profissional no 25 de Abril, numa altura muito rica em experiências. E comecei a trabalhar em áreas que não têm nada que ver com a arquitetura. Aos 19 anos, pediram-me para ir apoiar um secretário de Estado (Vasco Graça Moura) e, mais tarde, estive também na Comissão Nacional de Eleições… Foram experiências muito ricas que me proporcionaram uma visão do funcionamento das instituições e do Estado e que também me ajudaram na minha carreira na arquitetura.