São belgas, atuam no mercado imobiliário em diferentes frentes, no norte e no sul do País, abarcando a área habitacional, as residências de estudantes e as destinadas aos séniores e em apenas quatro anos já investiram mais de 160 milhões de euros em Portugal.
O mais recente projeto da Promiris dado a conhecer chama-se Mira Douro, está a ser construído na zona das Antas, no Porto, mas é apenas uma pequena parte da carteira que este ‘family office’ belga tem em Portugal. Dois edifícios reabilitados para habitação no centro de Lisboa com um total de 70 unidades (em comercialização), uma residência de estudantes em Alcântara com 124 quartos (em licenciamento), um projeto que integra uma residência de estudantes (com 211 quartos) e um edifício habitacional (com 16 unidades), no Granjo, Porto (já vendido) e uma outra residência de estudantes na Asprela, também no Porto, com 265 unidades e ainda mais outra residência mas desta para seniores, em Vila Nova de Gaia com 126 apartamentos (em licenciamento), fazem parte da carteira desta promotora imobiliária.
“Começámos a ouvir falar muito de Portugal a partir de 2015. Por um lado, o país estava ‘na moda’, como é costume dizer-se mas por outro lado, tinha estado completamente paralisado entre 2008 e 2013 devido à crise financeira. Resolvemos vir a Portugal, visitámos Lisboa e o Porto e percebemos que havia muita coisa para fazer no país. Não só na reabilitação, mas na construção nova”, recorda à Visão Imobiliário Christian Terlinden, managing partner da Promiris.
Constituída a empresa dois anos mais tarde, em 2017, a empresa rapidamente percebeu que existia “procura não só estrangeira mas também doméstica para habitação de qualidade, como também para alguns segmentos de mercado que eram então completamente desconhecidos”, diz o responsável, dando como exemplo o mercado das residências de estudantes, uma forte aposta da empresa na Bélgica e Luxemburgo, os outros dois países onde também atuam.
“Até há bem pouco tempo, não existia muita oferta de residências de estudantes onde os pais dos alunos estrangeiros pudessem ficar tranquilos por deixarem os seus filhos em espaços geridos por profissionais. Por isso é um segmento atrativo para nós e permitiu-nos trazer o nosso know-how para Portugal”, reforça o CEO da Promiris. A mesma coisa se aplica para as residências seniores. “Existem os lares e alguma oferta para de residências medicalizadas destinadas à classe média alta mas não há muita oferta para o segmento das residências seniores para pessoas completamente autónomas, que não necessitam de cuidados médicos mas que numa certa altura da sua vida preferem vender o seu apartamento e entrar numa residência onde podem ter uma vida social, um estúdio com 50 a 70 m2, acesso a um ginásio… É algo praticamente inexistente em Portugal mas vai necessariamente acontecer tendo em conta o nível de envelhecimento que aqui existe”, diz ainda Christian Terlinden.
Atentos às oportunidades e variações da procura também no mercado habitacional, a Promiris, ainda antes da pandemia afastar os clientes estrangeiros, já se estava a ajustar ao mercado doméstico, sendo o projeto Mira Douro um bom exemplo.
Projetado ao longo de 7 pisos, numa área total de construção acima do solo e a rondar os 8.300 m2, para acolher 54 frações T2, T3 e T4, no total e naquela que é considerada uma das zonas de maior dinamização urbana da cidade do Porto, as Antas, o projeto de 20 milhões de euros tem assinatura do gabinete de arquitetura Carlos Castanheira e está a ser comercializado pela Predibisa.
Tirando partido da sua localização junto ao Parque de São Roque e com uma vista panorâmica sobre o Rio Douro, o condomínio privado foi delineado para famílias, com todas as habitações a estarem dotadas de varandas e com algumas frações a beneficiarem de amplos terraços. O projeto dispõe ainda vários espaços comuns, tais como ginásio, sala de cinema e sala de convívio, esta última talhada para crianças, aniversários, eventos e atividades lúdicas. Os valores dos apartamentos oscilam entreos 285 e os 660 mil euros, com áreasa variar entreos 87 m2 e os 195 m2.
“Em relação ao mercado residencial, estamos cada vez mais a adequar os nossos ativos à procura doméstica e os projetos do Porto são exemplo disso. Estamos também a olhar para as periferias de Lisboa porque o centro da cidade é demasiado caro, sejam terrenos ou edifícios para reabilitar. E também estamos atentos aos programas das câmaras de Lisboa e do Porto no âmbito das rendas acessíveis e custos controlados”, referiu ainda o responsável, reiterando a intenção em apostar no mercado para as classes média e média-alta.
Dos vários projetos que a empresa tem em Portugal, cerca de 50% já está vendido (por exemplo, o edifício Bivart, uma reabilitação do antigo Hospital Particular nas Avenidas Novas, tem todos os apartamentos comercializados) ou pré-vendidos no caso das residências universitárias (ou seja o imóvel esta em construção mas já foi vendido ao investidor final, competindo à Promiris executar a obra e entregar o edifício acabado.
A empresa tem em pipeline um total de 900 milhões de euros em projetos nos três países onde atua (Portugal, Bélgica e Luxemburgo). Por exemplo, a reconversão de um edifício de escritórios num projeto residencial de luxo em Demot (Bruxelas) e duas residências seniores com 10.000m2 cada, em Bruxelas e Courtrai, também na Bélgica fazem parte deste pipeline fora de Portugal.
A Promiris não é um caso isolado na promoção imobiliária de origem belga em Portugal. Neste momento há mais seis grandes promotores belgas ativos no País (Besix RED, Thomas et Piron, Cetim, Krestlis, Atenor e Nelson Group) que em conjunto representam cerca de 800 milhões de euros em investimento imobiliário.