As habitações mais procuradas pelos portugueses em 2020 continuaram a ser os apartamentos T2 e T3, com um valor médio na ordem dos 170 mil euros e uma área de 130 m2. A conclusão é da Century21 que apresentou hoje os dados da sua atividade em 2020 cuja faturação superou os 49 milhões de euros (o que representa uma subida de 4,5%). Com exatamente 12 565 transações de venda de imóveis, o valor médio das casas comercializadas a nível nacional situou-se exatamente nos €170.550, mais 6,9% que no ano anterior quando este se fixava nos cerca de 159 mil euros.
Para Ricardo Sousa, CEO da Century 21, as perspetivas para este novo ano são, apesar da pandemia, “moderadamente otimistas”. Tal como aconteceu em 2020, e sustentado pelas moratórias e pela continuidade do financiamento da banca, o comportamento das famílias deverá manter-se reativo às necessidades que vão sendo geradas pelos acontecimentos. “Os fundamentais que fazem movimentar o mercado permanecem os mesmos. As necessidades habitacionais das famílias são geradas pelo dia-a-dia: pessoas que casam, que se divorciam, filhos que nascem e que obrigam a casas maiores ou, pelo contrário, filhos que crescem e saem da casa dos pais. Ou pessoas que continuam a ver no imobiliário um refúgio seguro para as suas poupanças”, lembra o responsável, sublinhando que “toda essa procura se mantém sólida”.

Já com os preços, diz Ricardo Sousa, o que se constata é que está a acontecer um ajuste em diferentes partes do país. Um dos exemplos mais flagrantes é em Setúbal onde os preços médios de venda em 2019 situavam-se nos cerca de 128 mil euros e em 2020 passaram para 156 mil, um acréscimo de cerca de 22%. “Muitas pessoas percebem que não conseguem comprar em Lisboa e começam a deslocar-se para outras zonas criando nestes locais uma pressão maior no preços das casas. Começa a existir mais procura, mais transações a ocorrerem e de pessoas com mais poder de compra. Isto explica a subida no valor médio das transações”, responde Ricardo Sousa.
Em Lisboa, os preços subiram pouco acima da média nacional, cerca de 7,4% passando o valor médio das transações de 305 mil para 328 mil. Já no Porto, os valores mantiveram-se praticamente estáveis: €202.225 em 2019 e um ligeiro decréscimo de 0,4% em 2020 para €201.500.
Os novos empreendimentos poderão trazer algumas mexidas nos valores praticados no mercado, principalmente junto dos usados. E, garante o CEO da Century21, a construção nova não parou com a pandemia. “Os projetos novos estão avançar, os estaleiros de obras estão todos em funcionamento e também assiste-se a uma menor pressão na construção de projetos hoteleiros e de edifícios de serviços e escritórios. Isto pode vir a reforçar a capacidade de produção e de mão-de-obra disponível para produzir mais habitação nova”, realçou o responsável, referindo que há vários projetos novos em curso de promotores parceiros da Century21, em localizações como Odivelas, Oeiras, Loures ou Leça da Palmeira.
Rendas a cair
Na rede Century 21 Portugal, o valor médio de arrendamento, a nível nacional, fixou-se nos 817 euros, o que revela uma descida de 3,5 % face à média nacional de 847 euros verificada em 2019.
“Esta descida é uma consequência do perfil de procura, com menor capacidade económica, bem como de famílias e jovens que procuram uma solução flexível e temporária de habitação, que optam pelo arrendamento como a alternativa possível. O ano anterior foi também marcado pela transferência de muitos imóveis alocados ao Alojamento Local para o arrendamento de longa duração, o que influenciou o aumento da oferta e um maior ajuste do valor médio de renda nos imóveis transacionados em mercados como Lisboa e Porto, com a Cidade Invicta a registar quebras de quase 40% no valor médio de arrendamento, e onde os proprietários tiveram que se adaptar para arrendarem rapidamente os seus imóveis”, apontou o responsável.
Assim, no Porto, as rendas caíram de uma média de 1,124 euros em 2019 para 691 euros (-38,5%). Em Lisboa, não foi tão drástica: de €1217 para €1.031. Ainda assim, diz Ricardo Sousa, ” a taxa de esforço para arrendar habitação nas principais cidades portugueses contínua elevadíssima e pouco competitiva, comparativamente com a opção de compra de casa. Esta transferência de imóveis do AL para o mercado de arrendamento não é a solução para as famílias portuguesas, porque na sua maioria são tipologias e localizações que não estão ajustadas à procura. Neste sentido, é expectável uma maior aposta por parte de promotores e investidores em soluções built to rent pensadas de raiz para a procura actual, as suas necessidade e poder de compra”.