Os imóveis vão levar mais tempo a vender-se, a venda de casas de férias voltará a ser uma realidade e os preços dos imóveis, no geral, irão manter-se mas começarão a surgir cada vez mais proprietários com necessidade urgente de liquidez e a oferecer descontos significativos para concretizar a transação. Estão são apenas algumas das tendências que se começam já a perfilar como resultado da pandemia que tomou conta do mundo há quatro meses e que constam de uma análise divulgada esta sexta-feira pela Century21 Portugal.
Mais: o sonho de comprar uma casa numa zona mais arejada e com espaço exterior para eventuais futuros períodos de confinamento vai levar tempo a concretizar porque apesar da procura por este tipo de produto ter disparado em flecha nas plataformas imobiliárias, na hora de mudar de casa os portugueses optam por uma versão melhorada da que tinham mas na mesma zona de residência.
“As pesquisas de moradias em zonas com menor densidade urbana dispararam mas essa procura ainda não se reflete nas vendas. O choque da realidade é mais forte e mesmo com a possibilidade do teletrabalho há outras questões como a escola dos filhos ou a proximidade da casa dos pais que funciona como estrutura de apoio, entre outras. São tantas incertezas que a escolha acaba por recair na mesma zona”, explica Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, acrescentando que “há, contudo, uma pressão crescente para repensar o plano urbanístico das cidades, os processos de licenciamento, os tipos de construção e a estratégia para os transportes públicos intermunicipais, hoje mais de que nunca, numa perspetiva integrada e ambientalmente mais sustentável”.
No primeiro semestre deste ano a rede Century21 realizou 5.087 transações de venda, menos 788 do que no primeiro semestre do ano anterior, um decréscimo que o responsável justifica com a suspensão dos processos de compra, durante os meses de março e abril, que se refletiram na diminuição de escrituras em abril e maio. “Contudo, em junho, as dinâmicas de procura, negociação e realização de transações já atingiram, praticamente, os mesmos níveis de 2019″, realça Ricardo Sousa, sublinhando que o valor médio das transações não só não baixou como até aumentou.
“Apesar do contexto de pandemia, os preços de venda de habitações mantiveram uma trajetória ascendente, a nível nacional. Quando se analisa este indicador por trimestre, verifica-se que o valor médio dos imóveis entre janeiro e março se situava nos 163.061 euros. Já nos meses de abril, maio e junho, os imóveis foram transacionados por um valor médio de 169.367 euros”, explica, lembrando que “no mercado imobiliário residencial os valores de venda são pouco elásticos e há uma grande resistência na descida de preços pelo que não é expectável uma alteração expressiva do valor real dos imóveis, nos próximos meses”.
O que haverá sim, é um aumento do tempo médio de transação dos imóveis que era inferior a 90 dias no período pré-Covid e passará rapidamente para os 120 dias ou mais.
A situação económica mudou ou pode vir a mudar para muitos portugueses e isso irá refletir-se nas dinâmicas do mercado. “Os compradores têm a expetativa que o preço baixe mas os proprietários estão com um nível de confiança ainda bastante alto e não estão a alterar os preços. Nos nossos anúncios apenas 8% refletem descontos cuja média não vai além dos 7%”, diz Ricardo Sousa.
Ainda assim, e esta será uma tendência, começarão a surgir com mais frequência, proprietários com urgência em vender e que irão fazer descontos agressivos nos preços para conseguir concretizar uma venda rápida dos seus imóveis.
No primeiro semestre deste ano, as tipologias de imóveis mais procuradas pelas famílias portuguesas na rede Century continuaram a ser os T2 e T3 com o valor médio dos imóveis a situar-se nos 166.359 euros mais 8% face à média de 154.400 euros registados no mesmo período do ano passado.
Também a curto prazo se prevê uma descida do peso do segmento internacional no mercado imobiliário, tendo em conta a suspensão de decisões dos investidores estrangeiros decorrentes das reservas de segurança nas viagens entre países, “fator que, seguramente, irá prolongar-se por alguns meses”. Entre janeiro e junho de 2020, o peso das transações do segmento nacional na operação da Century 21 Portugal subiu 5% face a 2019 e atingiu os 86%, enquanto as transações do segmento internacional representaram apenas 14% do volume de transações efetuadas nesta rede imobiliária.
Mais casas para arrendar
É ainda “expectável e positivo que se intensifique a transferência de imóveis destinados ao alojamento local para arrendamento de longa duração, bem como a manutenção da confiança de promotores imobiliários para dar continuidade aos projetos residenciais em curso e para iniciar novos projetos. Estima-se, por isso, um aumento da oferta residencial para a classe média portuguesa em particular na Área Metropolitana de Lisboa, tanto para arrendamento, como para venda”, realça a análise da rede, referindo ainda que surgirá alguma dinâmica na venda de segundas residências.
A rede faturou no primeiro semestre deste ano cerca de 19 milhões de euros, enquanto no período homólogo de 2019 este indicador rondou os 20,5 milhões de euros. Já o volume de negócios em que a rede esteve envolvida – considerando também a partilha de transações com outros operadores – atingiu os 800 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, o que, em comparação com os cerca de 870 milhões registados no período homólogo do ano anterior, se traduz num decréscimo de 7%, em ambos os indicadores.
Ainda assim e apesar da pandemia, no primeiro semestre de 2020 a Century 21 Portugal cresceu e abriu mais 11 agências, em todo o País. Atualmente, a marca conta com 152 unidades em operação suportadas por uma equipa de mais de 3500 consultores imobiliários.