A pandemia afetou transversalmente a economia do país mas alguns setores estão a ser mais afetados do que outros e o imobiliário é um deles. A par da hotelaria e da restauração, também as atividades de mediação imobiliária ‘vivem’ dos contactos presenciais para a concretização dos seus negócios. Ou pelo menos era essa a realidade até há um mês.
Com o surto a empurrar as pessoas para o resguardo, o setor viu-se forçado a um ajuste (rápido) para não perder o rumo enquanto a atividade não regressa ao seu registo habitual.
É o caso da consultora JLL que já em pleno período de quarentena, na semana passada, lançava, em exclusivo, as vendas do Prateato, um edifício residencial que está a ser desenvolvido em Marvila.
Mas não só. A trabalhar em regime de teletrabalho desde o dia 13 de março, o departamento residencial da consultora (tal como os restantes trabalhadores da JLL) tem estado focado em encontrar novas estratégias para desenvolver o negócio e manter o nível de serviço aos seus clientes e durante este período de isolamento já vendeu 11 imóveis.
“Ouvimos dizer que há empresas que sofreram travagens bruscas de negócio mas não é o nosso caso. Conseguimos fazer o ajuste desta nova forma de trabalhar que, aliás, não era uma novidade para a JLL, pois já trabalhávamos com a venda remota e a venda em planta junto dos nossos clientes. E estamos muito orgulhosos por estar a manter o negócio ativo apenas com recurso a contactos e ferramentas digitais”, comenta Patrícia Barão, Diretora do Departamento Residencial da JLL.
“Uma das novidades no processo de venda online têm sido visitas às habitações em live streaming, permitindo aos clientes um contacto mais próximo e personalizado com os imóveis sem deixar de garantir as necessidades de afastamento social impostas pela pandemia”, explica a responsável, realçando que todos os profissionais necessários à concretização do negócio já estão alinhados nesta nova realidade, dos notários aos mediadores passando por solicitadores e advogados que representam os clientes. “Os players do negócio imobiliário não fecharam. O que está a acontecer é que ocorreu um ajuste das plataformas que gerem os contratos imobiliários, seja um contrato de promessa de compra e venda, seja uma escritura e tudo está a funcionar lindamente. Tudo o que é documentação é assegurado através dos sites dos próprios organismos e as escrituras junto dos notários são feitas por marcação e à porta fechada, com o menor número pessoas possível e dentro da maior segurança”, explica Patrícia Barão.
A diretora do Residencial da JLL acredita que isto será um teste-piloto para o futuro: “Num mundo cada vez mais digitalizado e globalizado, com clientes de toda a parte do planeta, esta poderá ser uma solução a utilizar com maior frequência em alguns momentos da negociação. Isso permitirá poupar tempo aos nossos clientes e investidores, além de otimizar o trabalho das nossas equipas”.
Também a Porta da Frente Christie’s está a tirar maior partido de uma ferramenta que já utilizava antes do surto modificar radicalmente a nossa forma de vida.
A plataforma PF360 é uma das principais ferramentas que lhes permite fazer o atendimento remoto junto dos seus clientes, algo que já acontecia antes, uma vez que parte desses compradores se encontra no estrangeiro ou possuem agendas com tempo bastante limitado.
“Com um investimento constante nesta área, a Porta da Frente Christie’s criou há alguns meses a plataforma PF360 disponível em www.portadafrente.com, onde já era possível iniciar ou pedir contacto remotamente através de diversos meios de comunicação: Whatsapp, Chat, E-mail, Telefone e o exclusivo “Profiler”, uma plataforma onde o cliente poderá preencher uma pré-qualificação para um atendimento ainda mais personalizado. Para além do PF360, que acabou de se transformar numa verdadeira aliada neste momento, os clientes poderão ainda fazer visitas virtuais e reuniões por videochamada”, explica Rafael Ascenso, diretor-geral da Porta da Frente.
Em Portugal, a Porta da Frente Christie’s, em sintonia com o cenário atual e visando a proteção de todas as pessoas, colocou 95% dos seus colaboradores em regime de trabalho remoto, mas mantendo o contacto dos clientes.
Para Rafael Ascenso, a atual conjuntura provocará um abrandamento acentuado. Mas “a recuperação será rápida e o mercado irá reagir através do aumento da procura e da estabilização dos preços”, acredita este responsável, acrescentando que em relação ao atendimento dos clientes “não haverá nenhum pedido por atender nem nenhuma informação por esclarecer que não possa ser feita remotamente”.
Na RE/MAX Portugal a tecnologia é também usada como um “impulsionador de negócio”. O tempo de confinamento está a ser intenso e passado a reforçar as competências dos seus colaboradores, paralelamente à atividade que cada um foi conseguindo manter junto dos respectivos clientes.
A rede imobiliária lançou um programa de formações online para toda a sua redede agências e consultores imobiliários, que visadesenvolver as capacidades e competências dos profissionaisnos serviços prestados aos clientes, preparando-os para as circunstâncias atuais e retoma do mercado.
Além das formações online, a RE/MAX assegura ainda à sua rede quatroWebinars, ferramentas de formação e aprendizagem,que têm como objetivo potenciar as competências de áreas relacionadas com o negócio imobiliário.
“Antes mesmo da pandemia, a RE/MAX já estava a proceder a uma transformação digital através da integração das plataformas online e offline. Acreditamos que o papel do consultor é insubstituível, mesmo com a importância crescente dos suportes online. Por isso, as nossas equipas têm uma formação que alia tecnologia, formação e marketing, e permite acelerar processos. Esta formação baseia-se no uso mais acentuado de ferramentas tecnológicas e plataformas de trabalho, que ajudam a fomentar a interação com o cliente, de forma cada vez mais fluida e simplificada, em qualquer lugar, hora e forma”, sublinha Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX Portugal.
Das mais de 47 formações online RE/MAX acessíveis a diretores de agências e respetivos agentes até ao dia 20 de abril, já esgotaram 45 cursos. Entre os mais concorridos está o de Marketing através do Facebook, Prevenção e Branqueamento de Capitais e Financiamento ou a RE/MAX Technology, entre outros. Os cursos têm a duração de 500 horas de formação.

A formação online tem sido uma constante nas 100 agências da Decisões e Soluções. “Está à procura de casa e agora com a quarentena tem mais disponibilidade para escolher imóveis, mas o que gostava mesmo era de os visitar?! Agora é possível remotamente através de lives, vídeos imobiliários, visitas virtuais 360º e/ou vídeo chamadas sempre que os clientes se disponham a tal”, assegura Guida Sousa, Diretora Coordenadora Nacional da rede imobiliária que conta já com 1000 agentes.
A rede disponibilizou ainda aconselhamento através de email e telefone a quem quer fazer uma avaliação gratuita do imóvel, verificar as condições atuais dos créditos e perceber se são as mais adequadas, efetuar uma consolidação dos mesmos, entre outras operações.
“Estamos a adaptar toda a nossa estratégia de negócio de forma a manter todos os nossos serviços ativos. Neste sentido, as novas tecnologias têm sido um aliado perfeito para que tudo se mantenha em funcionamento, nomeadamente a área da venda de imóveis na qual tem sido possível, que os nossos agentes consigam apresentar os imóveis que têm disponíveis de forma virtual aos potenciais clientes sem que estes se tenham de deslocar” reforça ainda a responsável da rede.