No seguimento do anúncio das novas medidas extraordinárias de apoio às empresas, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) veio defender que as medidas apresentadas não são suficientes para dar resposta às necessidades das empresas do setor.
“O imobiliário nunca é bem tratado. Apesar de todo o trabalho que temos desenvolvido e da importância que, comprovadamente, revelamos ter no panorama económico nacional, continuamos a ser tratados como os maus da fita a quem só se atribuem as culpas de tudo o que acontece, como dos problemas habitacionais que se vivem. Mas não haja dúvidas de que o imobiliário é um dos principais responsáveis pela recuperação da Economia portuguesa. Neste momento, mais de 40 mil pessoas dependem diretamente deste setor. Só em 2019, estima-se que tenha gerado mais de 27 mil milhões de euros de investimento direto, dos quais cerca de 19 mil milhões foram da responsabilidade das empresas de mediação imobiliária” disse Luís Lima, presidente da APEMIP.
Luís Lima, reconhece que o momento é complexo e que o Governo estará a fazer o seu melhor para, diariamente, dar resposta a uma situação inédita para a qual ninguém está preparado, mas defende que também o imobiliário necessita de medidas específicas para apoiar as suas empresas, na sua grande maioria PME’s, que sentem já fortemente os efeitos deste surto, que não se sabe quanto tempo durará.
“Foram promovidas medidas específicas para a restauração, turismo e indústria, por exemplo, mas o imobiliário também tem que ser incluído neste cenário com uma linha de crédito particular para o setor. As empresas não vão conseguir liquidez neste período que obriga ao isolamento social. São mais de 40 mil pessoas que estão em causa, sem contar com as que também dependem indiretamente deste setor, que tem sido dos que mais tem conseguido absorver o desemprego que se verifica em áreas como a banca. Só nos últimos tempos, agregamos cerca de 14 mil pessoas do setor financeiro.
Se não formos apoiados, não haverá forma de continuarmos a dar resposta e a desempenhar o papel importantíssimo que temos desempenhado na economia nacional”, defende o representante das imobiliárias.
“Neste momento podemos não ser prioritários, mas quando vier o tsunami económico que, infelizmente, se prevê não tenho nenhuma dúvida de que seremos uma vez mais, um dos setores chave na ajuda a que o País se recomponha, tal como já o demonstramos no passado. Fizemos um trabalho significante na captação de investimento para o País, e estaremos na linha da frente para o continuar a fazer. Mas também precisamos de ser respeitados e acarinhados por quem nos Governa, e merecemos esse reconhecimento, que neste momento tem que ser feito através do apoio a estas empresas”, reforçou o Presidente da APEMIP, que apela ainda a uma intervenção mais proactiva por parte do setor financeiro.
“Apelo ao setor financeiro para que não fique a aguardar diretrizes do Governo, e seja proactivo na antecipação à proteção dos particulares e micro, pequenas e médias empresas. A situação é inédita e todos os setores, na medida das suas possibilidades, devem ajudar a minimizar o impacto da crise que estamos a viver. O setor financeiro tem um papel fundamental na imposição da concessão de moratórias nos créditos a empresas e famílias, para que não se sintam estranguladas neste momento tão difícil”, alertou ainda Luís Lima.