Cinco anos volvidos sobre o colapso do Grupo Espírito Santo, começa a delinear-se o futuro de uma das suas antigas joias da coroa — a Herdade da Comporta. Esta semana ficou finalmente formalizada a compra dos ativos imobiliários à Gesfimo, sociedade gestora dos fundos da Comporta, com a assinatura da escritura dos terrenos pelos representantes do consórcio constituído pela Amorim Luxury, de Paula Amorim, e a Vanguard Properties, de Claude Berda, que bateram mais de uma dezena de interessados naquela que é a maior propriedade privada do país.
Numa nota divulgada às redações, a Vanguard (que representa 88% do consórcio) e a Amorim (os restantes 12%) salientaram que fica assim “concluído um longo trabalho de negociação e formalização do processo de aquisição (por 157,5 milhões de euros) que vai permitir o desenvolvimento de toda uma região, criando emprego, oferta turística de altíssima qualidade, tudo num contexto de respeito pela vida, pelos ecossistemas, e pela sustentabilidade futura”.
Na globalidade, o consórcio estima investimentos na ordem dos 1,5 mil milhões de euros que darão à região “uma nova oferta de nível internacional, exemplar e única em Portugal e na Europa”, segundo referem no seu comunicado.
Em entrevista à Visão Imobiliário no início deste ano, o milionário Claude Berda (um dos mais ricos de França) e o seu braço direito na Vanguard Properties, o diretor executivo José Botelho, davam conta que num cenário a longo prazo serão construídos sete hotéis e cerca de 700 casas nos cerca de 1400 hectares da herdade.
O empresário francês, que é já o maior investidor privado estrangeiro em Portugal, lembrava à Visão Imobiliário que a Comporta tem um grande potencial turístico mas que deve ser rentabilizado de uma forma sustentável.
“A Comporta é talvez a região portuguesa mais reconhecida internacionalmente, sendo por muitos apelidada como sendo a Hamptons da Europa. A Comporta é um paraíso, às portas de uma importante capital europeia, que importa conservar e melhorar, gerando oportunidades de emprego e de riqueza para as regiões, desenvolvendo um projeto integrado e integrador, com uma visão de médio e longo prazo”, referiu Claude Berda.
A primeira tranche do investimento está estimada em 300 milhões de euros a aplicar nos próximos três anos.
“A Comporta só terá futuro com criação de uma oferta de altíssima qualidade, diversificada e que permita uma ocupação durante todo o ano. Isto implica uma aposta orientada para o mercado wellness e saúde, cultura, desporto e lifestyle, tanto ao nível turístico como residencial. E a sustentabilidade vai ser o pilar que agrega todo o projeto”, realçou à VISÃO o milionário francês.
Pela frente há agora um longo caminho a percorrer. “Se por um lado a Comporta é um local fantástico em termos de paisagem também não deixa de ser verdade que há poucas oportunidades de trabalho para quem lá vive, há carência de infraestruturas, problemas ambientais e esgotos a céu aberto. Acreditamos que o nosso projeto vai mudar o paradigma daquela zona”, referiu ainda José Botelho.
Este mega-projeto vem somar-se a um outro investimento da Vanguard na Comporta – o Muda Reserve – já em construção e orçado em 200 milhões de euros. O projeto abrange 42 quintas, com áreas que variam entre os 4 e os 7 hectares e permitem a construção de habitações com uma área de até 500 m2, podendo o restante terreno ser utilizado para exploração agrícola ou outras atividades.
Este vai ter uma área total de 350 hectares e pretende recriar o conceito de uma aldeia composta por casas, villas e quintas com jardins, hortas e pomares.