O “fantasma” do Brexit tem criado algum temor junto de hoteleiros e promotores do Algarve, que receiam o impacto junto dos britânicos, o seu mais fiel mercado estrangeiro de sempre. Mas um estudo vem agora mostrar que os britânicos continuam a ser os principais compradores de casas nos resorts do Algarve, com uma participação de 56% no eixo Albufeira-Loulé, zona onde se pode encontrar o preço mais alto por habitação, acima de 7,6 milhões de euros. Em segundo lugar está a Costa Atlântica, onde o preço por habitação pode chegar a 6,7 milhões de euros.
O estudo sobre o “Mercado dos Resorts em Portugal” realizado pela Confidencial Imobiliário em parceria com a APR – Associação Portuguesa de Resorts e com o apoio do Turismo de Portugal, referente ao 1º semestre de 2019, apurou assim que o valor de investimento médio dos britânicos é de 5,621€/m², uma evolução em relação ao semestre anterior (estava entre 5.000 e 5.500 €/ m²).
Nenhum outro país se aproxima dos britânicos, embora tenham sido feitas compras por clientes de 13 outras nacionalidades, com destaque para a Irlanda, França e Holanda. China, Rússia, África do Sul e EUA foram outros países ativos em termos de compras.
Na região do Barlavento, são 12 as nacionalidades dos investidores, com destaque para os britânicos (27%), franceses (19%), suecos (14%) e irlandeses (11%). Nesta zona são os suecos quem mais investe, em média 3 214€/m².
Por metro quadrado, o eixo Albufeira-Loulé também apresenta os preços mais altos do mercado (4 723/m²), um valor significativamente maior do que as restantes áreas dentro do Algarve (72% superior ao Sotavento e 43% superior ao Barlavento). Quando comparado à Costa Atlântica, os preços no eixo Albufeira-Loulé estão 20% acima.
Em comunicado, Rui Meneses Ferreira, presidente da APR, sublinha que, “durante o primeiro semestre de 2019, o mercado imobiliário dos resorts continuou o ciclo de recuperação dos preços de vendas iniciado no ano passado, apesar do ritmo mais lento em relação ao final de 2018. Assim, depois de ter atingido um aumento de 18,3% no final de 2018, a valorização para este tipo de ativos é agora de mais 10,7%.”
Os resorts estão entre os mercados imobiliários mais intimamente ligados a compradores britânicos, dos maiores compradores deste tipo de ativo e sobre os quais a flutuação da libra tende a ter uma influência maior sobre os preços. Isso explica a instabilidade relativa dos preços, alternando ciclos de aceleração com períodos de desaceleração, refletindo a flutuação da libra desde que o Brexit foi anunciado, em junho de 2016.