As camas nas alturas, que sempre fizeram parte do imaginário dos mais pequenos, começaram por integrar a decoração dos hotéis para famílias e nos hostels, mas hoje até nos hotéis de luxo podem encontrar-se estas camas partilhadas. Uma tendência que vai ao encontro aos millennials com poder de compra para viajar pelo mundo.
O Ace, em Nova Iorque (com uma diária a rondar os €520), o Amsterdam’s Volkshotel, na capital holandesa (€558), o Siren, em Detroit, direcionado para grupos de amigos em viagem e festas de despedida de solteiro, ou o Shankly, em Liverpool, onde os quartos chegam a acolher seis beliches, são algumas das unidades hoteleiras que apostaram neste tipo de acomodação.
Aliya Khan, responsável pelo departamento de Design da cadeia Marriott (a que pertence a marca Moxy, que adotou as camas-beliche) realçou à revista Vogue precisamente essa questão de gestão de espaço. “Preencher um quarto com camas colocadas lado a lado poderá parecer a solução mais óbvia, mas a verdade é que recorrendo aos beliches capitalizamos o espaço vertical e vamos ao encontro do nosso público-alvo.”
Do ponto de vista dos hóspedes, a lógica é ficar num ambiente que promova a partilha, o espírito de grupo e a animação – daí o sucesso junto de famílias e grupos de amigos em viagem ou festas de despedida de solteiro. Com designs variados e apelativos, as camas-beliche são devidamente aprimoradas com ecrãs multimédia, candeeiros de leitura e outros apetrechos que tornam o espaço o mais confortável possível.
Por cá, e fora do circuito low-cost dos hostels, onde as camaratas há muito fazem parte do conceito, já vão surgindo alguns hotéis do segmento superior que seguem esta tendência. Um dos exemplos mais evidentes vem do grupo Selina ou não fosse esta marca hoteleira direcionada para os “nómadas digitais”, como faz questão de dizer nas suas apresentações. O grupo, de origem israelita, instalou a sua primeira unidade em Portugal no Porto, no ano passado, na Rua das Oliveiras, na zona central. Com 50 quartos de diferentes tipologias e diferentes preços, aqui não podem faltar os quartos-camarata, até porque são “uma imagem de marca da Selina”, diz à VISÃO Ingrid Aparicio, responsável pelo departamento de Design Interior do grupo Selina em Portugal
“A questão do design é muito importante para o grupo, e se é verdade que temos orgulho nos ambientes ‘instagramáveis’ que criamos, propícios a selfies e ao Instagram, não se trata apenas de uma estratégia de marketing para difundir a marca. Faz parte do conceito da marca criar espaços informais que promovam o vínculo entre as pessoas, que as façam sentir-se em casa com todos os luxos que não encontram num hostel”, realça a responsável.
Depois do Porto, a marca abriu este ano mais uma unidade, desta vez em Lisboa, e prepara-se para inaugurar em breve o Selina Ericeira. “Em todos, não faltam as camaratas. E no próximo que iremos abrir em Lisboa, no Palácio Mendia, junto a São Bento, estamos a ponderar instalar beliches triplos porque o imponente pé-direito das divisões, com cerca de oito metros, assim o permite. Certo é que continuaremos a apostar nas camaratas. Quando se viaja com um grupo de amigos é, sem dúvida, a melhor solução de acomodação”, remata Ingrid Aparicio.