Tornou-se um símbolo de resistência à onda de reabilitação que tomou conta de Lisboa e agora certamente irá fazer história pelo consenso a que foi possível chegar. O Ateneu Comercial de Lisboa, instalado no emblemático Palácio dos Condes de Povolide, situado nas Portas de Santo Antão esteve encerrado durante mais de uma década (em lento processo de degradação) mas esta semana a direção do espaço anunciou ter chegado a acordo com a Vogue Homes, o atual proprietário do espaço.
“O Ateneu manterá a sua presença e atividade na histórica sede na Rua das Portas de Santo Antão, apesar de ter sido sujeito a um processo de insolvência que determinava a sua extinção não fosse a implementação de um plano de recuperação judicial”, referiu Joaquim Faustino, em comunicado .
A Visão Imobiliário contactou a Vogue Homes que confirmou que apesar de se estar ainda “numa fase muito embrionária do processo”, a solução apresentada “agradou à empresa e aos seus parceiros, estando agora a desenvolver várias abordagens e hipóteses”.
Rosarinho Fernandez, responsável pela comunicação do grupo, adiantou ainda que a intenção da Vogue passa por “um possível uso hoteleiro no edifício principal, garantindo em simultâneo a permanência do Atheneu nas suas atuais instalações”, tendo para já sido solicitado à autarquia de Lisboa a alteração do uso do imóvel. Para além do hotel, o projeto poderá também contemplar “uma parte residencial a tardoz, localizada na zona da piscina e campo de jogos (que se encontram num estado de abandono com elevado grau de degradação), através da reorganização das construções ai existentes”.
Parte dos jardins serão cedidos ao domínio publico para a criação de um caminho pedonal que ligará as Portas de Santo Antão ao Jardim do Torel, referiu ainda a porta-voz da Vogue Homes, promotora que tem em desenvolvimento 14 projetos imobiliários de luxo em Lisboa e no Porto.
Recorde-se que o Ateneu Comercial de Lisboa foi fundado por um grupo de empregados do comércio, em 1880 com o objetivo de esbater os défices culturais da população mais carenciada. Ali foi criada uma biblioteca, realizavam-se conferências científicas e eram lecionadas aulas diunas para as crianças e noturnas para os trabalhadores-estudantes, para além da componente desportiva (natação, ioga, basquetebol) que passaria também a ser assegurada a troco de quotas simbólicas.