Lisboa e o Porto tornaram-se cidades cosmopolitas e, hoje, já ninguém estranha a diversidade de nacionalidades com que nos cruzamos nos centros históricos. E com a diversidade estão a chegar novos negócios e novas tendências, entre os quais os espaços de cowork, moldados para os trabalhadores do século XXI, que se ajustaram à flexibilidade do trabalho, mas que exigem ambientes não só tecnologicamente funcionais mas também aconchegantes.
Talhados para a “geração millennial” e para os chamados nómadas digitais, o mercado do coworking é ainda reduzido em Portugal, porém apresenta um grande potencial numa ótica de oportunidade de negócio. Um estudo realizado recentemente pela Cushman & Wakefield dava conta que Lisboa ocupava a 37ª posição entre as cidades europeias com potencial de crescimento neste segmento, num ranking encabeçado por Amesterdão, Estocolmo, Helsínquia e Dublin.

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“Lisboa conta, hoje, com uma oferta de coworking que ronda os 50 mil metros quadrados, representando menos de 1% da oferta total da cidade”, refere o estudo, justificando o “posto pouco representativo e em grande parte com pouco impacto na reduzida dimensão da nossa economia e do mercado de escritórios”. No entanto, a realidade é que o reconhecimento crescente da cidade na rota das startups tecnológicas, alavancada por iniciativas como a Web Summit, mas não só, começam a pouco e pouco a mudar o cenário.

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E uma nova tendência começa a surgir em Portugal – a criação de centros de coworking como forma de se gerar sinergias com outras áreas de negócios das empresas que os gerem. É o caso dos dois work cafés do banco Santander, inaugurados oficialmente no mês passado, o primeiro na zona das Amoreiras, em Lisboa, e o segundo em Coimbra, no Centro Comercial Atrium Solum. Espaços “onde clientes e não clientes podem trabalhar, beber um café, estudar ou promover uma reunião”, como refere o banco, e que poderão assim “ser utilizados não só no âmbito profissional mas também de estudo ou apenas numa perspetiva de lazer”. Para quem queira reunir em locais mais reservados, há também disponíveis gabinetes. Neste momento, estão a ser preparadas a abertura de work cafés em Inglaterra, Polónia, México e Estados Unidos da América, e em Portugal deverão abrir em breve em Espinho e no Porto.
Uma multiplicação de espaços que traduz os bons resultados alcançados até agora com a experiência. “Cerca de metade das pessoas que frequenta os diferentes work cafés não são clientes, mas também verificamos que existe uma tendência grande para os não clientes se tornarem, a prazo, clientes do banco”, adianta o Santander.

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Com piscina e aulas de ioga
Seguindo a mesma lógica, os hotéis Selina, orientados para os nómadas digitais e cuja primeira unidade em Portugal abriu portas no final do ano passado, no Porto, criam espaços de trabalho, que permitem prolongar a estada dos seus hóspedes, estando também abertos à comunidade em geral.
O hotel com 50 quartos, instalado na zona central da Invicta – e que implicou um investimento do grupo israelita na ordem dos 10 milhões de euros –, tem integrado várias áreas sociais, onde hóspedes e não hóspedes podem trabalhar num ambiente jovem e irreverente, dentro de portas ou fora delas, no jardim da unidade. “O objetivo é que todos os hotéis Selina, ou a grande maioria, tenham um espaço reservado ao coworking e que este esteja disponível não só para os hóspedes mas também para a comunidade local”, explica Manuel Rito, diretor de marketing do grupo em Portugal.

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No Porto, a experiência está a correr tão bem que a empresa vai abrir, no edifício ao lado, uma nova área destinada ao trabalho flexível – esta já com custos para quem queira usufruir deste espaço. Com 60 mesas individuais e com quatro salas para startups, o novo centro tem a particularidade de permitir aos seus clientes o acesso à piscina do hotel e aos descontos nas aulas de ioga e outro tipo de atividades, bem como em estadas em qualquer hotel da rede Selina.

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A marca vai abrir em soft-opening, no próximo mês, a sua unidade hoteleira em Lisboa e “esta também terá uma área de coworking paga, com 32 lugares não fixos – os chamados hot desking – e mais 10 fixos”, detalha Manuel Rito, adiantando que irá funcionar no mesmo registo do Porto, permitindo o acesso à zona lounge, ao bar e à piscina do hotel. Até 2020, o grupo Selina terá em Portugal cerca de 1 400 camas e, atualmente, encontra-se em fase de prospeção de mercado para encontrar locais em Albufeira, Cascais, Comporta, Ericeira, Lagos e Peniche.

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Carlos Gonçalves, CEO do Avila Spaces, centro de escritórios flexíveis, localizado na Avenida da República, em Lisboa, não olha para estes novos espaços que estão a surgir como concorrência. “São centros de coworking para outro tipo de clientes, e isso é positivo porque dão a conhecer o conceito e as vantagens de se trabalhar neste contexto, que é já uma tendência no modelo organizacional de um número crescente de empresas.”
O responsável não tem dúvidas de que 2019 vai ser um ano em que a aposta nos espaços de trabalho colaborativos se manterá, mas em que haverá “uma preocupação cada vez maior pela privacidade dos profissionais, apontando as boas práticas para a coabitação de vários modelos: open space, salas fechadas, salas para se telefonar e áreas de lazer para pequenas pausas durante o trabalho”.
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