Vai ter um terminal Fluvial, uma marina de recreio, um museu, galerias de arte, dezenas de restaurantes e lojas, torres de escritórios e de habitação. Uma autêntica mini-cidade implantada junto ao rio e que dá, aliás, nome ao projeto. ‘A cidade da Água’, que vai nascer nos terrenos dos desativados estaleiros da Lisnave, na Margueira, em Almada, foi formalmente apresentada hoje aos potenciais investidores como “um dos maiores projetos de reabilitação urbana em Portugal desde a Expo 98”. Feita a apresentação, o concurso público será lançado até ao final do próximo mês de junho e a decisão de adjudicação apontada ainda para novembro deste ano.
A Baía do Tejo, a entidade gestora do projeto detida pela Parpública, lembrou aos potenciais investidores que em tempos de grande frenesim imobiliário em Lisboa quer no residencial, na hotelaria ou na área dos escritórios estão precisamente aqui em causa uns generosos 630 mil metros quadrados de construção a edificar a apenas “2,5 quilómetros do centro de Lisboa através do rio”.
O valor do terreno não foi anunciado mas sabe-se que além da proximidade a Lisboa, o futuro aeroporto do Montijo é também uma boa base de valorização de toda a área.
A Cidade da Água tem prevista uma área de construção de 630.000 m2, dos quais cerca de 380 mil para usos mistos (com a habitação a absorver até um máximo de 70% desta área), 178 mil para escritórios, restaurantes, bares, turismo e retalho, 31 mil para uso exclusivamente residencial, 29 mil para área cultural (museus, centros de exposição, galerias de arte), 10 mil para uso fluvial a distribuir entre o terminal Fluvial, marina de recreio, retalho e restaurantes e ainda 350 m2 de área de construção a ser cedida ao concelho de Almada para a instalação de um centro de dia.
Vendida por um dólar
Foi há quase uma década, mais precisamente em 2000, que os estaleiros da Lisnave saíram da Margueira para Setúbal, para os estaleiros da Mitrena (ex-Setenave). A empresa, criada pelo grupo CUF em 1937, passava então por uma grande reestruturação e muita tinta correu sobre a sobrevivência da companhia.
Mas sobreviveu ainda que à custa da redução drástica no número de trabalhadores (chegaram a ser 11 mil na década de 70, hoje são pouco mais de 500) e da reorganização do trabalho hoje centrado na reparação de navios. Os acionistas (onde se incluem a Navivessel, Estudos e Projectos Navais, S.A. com 72,83%, Thyssenkrupp Industrial Solutions com 20% e a Parpública com quase 3%) compraram a empresa simbolicamente por um dólar ao grupo Mello.
Esperam-se agora novos tempos para este terreno em Cacilhas, integrado que está numa das cidades mais populosas de Portugal. Aos 174 mil habitantes, a Baía do Tejo realçou também aos investidores que a região beneficia de 10 km de praias, de um campus universitário (da Nova com cerca de 8.000 estudantes) e monumentos onde se destaca o Santuário do Cristo Rei que recebe uma média de 90.000 visitantes por ano.