Padre Max, 45 anos depois: a extrema-direita matou-o, mas ninguém foi julgado por isso

ATENTADO A BOMBA DO PADRE MAX 1975 – FOTO DO CARRO NO LOCAL ONDE EXPLODIU NA CUMIEIRA

Padre Max, 45 anos depois: a extrema-direita matou-o, mas ninguém foi julgado por isso

A 2 de abril de 1976 a noite estava escura, a iluminação pública desligada e chovia.

Na Casa da Cultura da Cumieira, a sete quilómetros de Vila Real, o padre Maximino de Sousa ensinava Português e Francês a trabalhadores-estudantes.

Não era ainda meia-noite quando perguntou as horas.

Doía-lhe a garganta, estava exausto e febril. “Já dei muitas aulas hoje, vamos embora”.

Antes de se dirigir para o seu Simca 1000, de cor amarela, estacionado junto ao fontanário, deteve-se à conversa com alunos a propósito de uns emblemas da UDP que lhes prometera. Dali a semanas, ele seria candidato daquele partido de esquerda nas primeiras eleições livres. E era influente entre os jovens.

Já no carro, cuja porta direita de trás não trancava, o padre Max – assim era chamado – buzinou para que Carlos, diretor da Casa da Cultura, se apressasse. À boleia, ia também Maria de Lurdes, de 18 anos, estudante e sua protegida.

O automóvel arrancou.

Carlos esticou as pernas, batendo com os pés num volume debaixo do banco de Maria de Lurdes. “O que é isto que vai aqui?”, perguntou. “Sei lá”, respondeu o padre.

Duzentos metros à frente, Max parou em casa do amigo para recolher um dos dois garrafões de vinho de cinco litros que lá havia deixado.

À saída do carro, Carlos viu uma luva de cabedal de cor castanha, forrada a lã, esquecida no assento. “De quem é esta luva?”, questionou-se, intrigado. “Essa luva é tua, pá, não me gozes”, atirou-lhe Max, apressado.

Lurdes ainda lhe disse que parecia ser de rapariga. “Não é, olhem para esta manápula”, observou o padre, pegando-lhe.

Carlos foi buscar o garrafão enquanto o cunhado ficou breves minutos à conversa com o sacerdote.

Despediram-se.

Carlos entrava em casa quando ouviu o estrondo. O chão tremeu. Um clarão enorme iluminava o breu. “Mataram o padre Max!”, gritava a irmã.

Lurdes jazia no meio da estrada, ao quilómetro 71.

Ainda disse “que desgraça!” ou “socorre-me!”, algo assim.

Max estava caído junto à valeta, à esquerda.

“Ó pá, que desgraça!”, disse, a custo.

O Simca, partido em dois, era já sucata. No chão, havia panfletos ensopados a anunciar um baile na Quinta do Rodo, em Godim, na Régua.

Maria de Lurdes foi transportada ao hospital num jeep que passava. Ele seguiu no carro do cunhado de Carlos. No caminho, disse que lhe faltava o ar.  

Ela chegou já sem vida ao hospital. Vestia três camisolas leves de várias cores.

Max entrou com grande dificuldade em falar.

Perguntaram-lhe o que se passara.

“Colocaram-me uma bomba no carro e agora está a arder, mas não faz mal. É esta a democracia portuguesa”.

Depois entrou em coma.

Faleceu às seis horas e vinte minutos do dia 3 de abril de 1976.

Tinha 32 anos e dizia que não chegaria à idade de Cristo.

O Padre Max e a estudante Maria de Lurdes foram assassinados à bomba pelos extremistas de direita do MDLP em 1976

Memórias de Almendra

Nascido na Choupica, Ribeira de Pena, um dos cinco filhos de pais emigrados em França, mas forçados a regressar por causa do avanço nazi na II Guerra, Maximino Barbosa de Sousa passou parte da infância e adolescência em Almendra, concelho de Vila Nova de Foz Côa.

Em terra onde as alcunhas dizem mais do que o nome próprio, “Manuel dos Tamancos”, pai de Maximino, tornara-se feitor do Conde de Almendra. Chefe da União Nacional e da PIDE, o nobre escolhia os presidentes de câmara, os regedores das aldeias e tinha uns quantos informadores por conta que lhe iam sussurrando o rumorejar da terra. As duas casas senhoriais, pertença dos Viscondes de Banho e do Conde de Almendra, detinham, entre vinhedos e olivais, mais de 80 por cento das propriedades.

Família de viver para o trabalho sete dias por semana, com cinco filhos para criar, os pais de Maximino trancavam-se em casa e não há memória e testemunhos de se terem integrado na comunidade local.

A mulher, mais beata, não se dava a tricotar bisbilhotices.

“Manuel dos Tamancos” jamais fora visto à porta da Igreja em convívio com os outros homens da terra. O seu Deus era o conde. E a ele se dedicaria todo o tempo, percorrendo o calvário das estações do ano a da fertilidade das terras.

Max tornara-se amigo de Manuel Varges, também de origens humildes. Nascido numa prole de 16 catraios, cinco foram levados cedo pela mortandade desse tempo. “Os filhos dos pobres” grudam um no outro. Max mais introvertido, humilde e pouco dado. Varges, expansivo e brincalhão. Eram parelha de futeboladas, de ir aos ninhos das rolas e cuidar dos grilos em gaiolas de metal. A dupla lambuzava-se com amoras. Entregues a si próprios, eram ases a roubar melões e melancias e andavam na rua como as galinhas. À noite, recolhiam à “capoeira”. Nas férias de verão, faziam de aios dos filhos do conde, com os quais brincavam. Aprenderam a podar crisântemos, ajudavam o padre nas missas, nos batismos e na catequese.

Pelo Natal, a viscondessa ofertava-lhes pijamas, camisolas, a roupa que sobejava dos seus meninos.

Daniel, irmão mais velho de Maximino, foi o primeiro a revoltar-se com a canseira dos dias.

Corroía-o ver os pais a trabalhar de sol a sol, mal pagos, por vezes meses sem receber. Era um rapaz forte, rude, pouco devendo à beleza, abrutalhado nos gestos e nos dizeres. Aquele viver de pobreza e miséria afiara-lhe as palavras como lâminas. Seria, por isso, o primeiro a ser apelidado de “comunista”. Com o serviço militar a aproximar-se, arriscou: rumaria de vez a França, onde a mãe mantinha familiares. E dele não mais se ouviu notícia.

Max, terceiro a contar da esquerda, na segunda fila, num baptizado de família

Max seguiria entretanto para o seminário de Vila Real.

Em Almendra, as mulheres lamentaram que um rapaz “tão bonito” se inclinasse para o sacerdócio. Ele, porém, não iria ser apenas mais um. Da passagem pela vila histórica duriense deixará, de resto, pasto para lendas. Jura-se ainda por ali, a pés juntos, que Maximino gravou nas paredes da casa dos condes de Almendra uma inscrição que o guiará até ao último suspiro: “Aprendi a servir o povo no nojo da burguesia”. 

Desconfortável com a educação cristã espartana, submerso noite e dia nos conceitos de bem e de mal, de pecado e penitência, cedo Maximino será propenso a desobediências no interior da Igreja.

O irmão Duarte viu-o “sempre pronto a responder às injustiças” e a sofrer “dissabores de outros padres”.

Em 1967, formou-se a rezar missa nova em Fátima, mas o seu “batismo revolucionário” deu-se em França, por breve período, na insurreição estudantil e laboral de 1968.

À frente do seu tempo

Acabado o seminário, Max ocupara, na capital transmontana, a sala do primeiro andar na moradia da travessa de D. Dinis, nº 2, alugada por mil escudos aos pais de Maria de Lurdes, também emigrados em França. A jovem vivia com a avó e a irmã. E o padre assumiu o papel de encarregado de educação das raparigas.

Maria das Dores, a proprietária da casa, começara por indagar se o sacerdote era “pessoa de bem”. Confirmadas as boas referências, e depois de o hospedar em casa, tornara-se amiga e até confidente. Considerava-o inteligente e humilde: “Dava tudo o que tinha sem nada pedir em troca”. E até lhe fez uma coberta e pregou um fecho numas calças velhas. “Dizia que a virgindade não tinha valor nenhum. E tinha razão”.

Os anos seguintes levaram Max a Lisboa.

Trabalharia no setor estudantil da Ação Católica em 1971, seria professor no liceu Padre António Vieira, na capital, e no Externato Sebastião da Gama, em Setúbal. A PIDE seguia-lhe já então os passos por vê-lo escudar estudantes que haviam sido suspensos injustamente, tendo perdido o ano. “Ou luto, arrisco, vou para a frente…ou para ser padre como tantos se veem prefiro sair”, desabafara.

Vigiado, desconfiado de maldades que lhe estariam a preparar, Max recebe o “25 de Abril” em êxtase. A 27, escreverá numa carta a amigos de Trás-os-Montes: “E por aí? O mesmo atraso, não? Dava-me vontade de ir falar, gritar…”.

Se algo já o chamava, a vontade de regresso torna-se, nesse momento, indomável. “O meu povo é Vila Real e ele talvez precise de mim”, justificou. Regressaria. Sentia que ali morava a sua vocação e destino.

Para o bem e para o mal, não se enganou.

A hierarquia da Igreja não disfarçou a sua preocupação com as ideias e atividades do Padre Max, como comprova este bilhete enviado pelo Bispo de Vila Real ao sacerdote

Em agosto de 1974, as ideias de Max já geravam burburinho.

Os mexericos seriam tema de conversa entre Max e Manuel Varges durante uma viagem a Lisboa para batizar a sobrinha do amigo de infância, então residente na capital. Havia muito tempo que não se encontravam. As vidas de ambos e a geografia não ajudavam.

Antes da partida, Varges assistira a uma homilia celebrada na Sé de Vila Real, onde Maximino falara do fascismo, da repressão e da exploração do homem pelo homem. Depois seguiram juntos até Lisboa, no Simca 1000.

O bom condutor que Max era, apaixonado por ralis, não o livrava de percalços. A meio do percurso, teve um furo no pneu. Quilómetros à frente, a roda saltou. Max apertara mal os parafusos e andaram ambos à cata do pneu e dos ditos. Nem por isso a conversa abrandou.

Pelo caminho, o amigo, já então militante do PS, não deixara de refletir no que ouvira e ambos comentaram as incidências daquela manhã: “Ele queria pregar, a todo o custo, a versão humanista que a Igreja deve ter da sociedade, mas na altura essas ainda eram ideias perversas e perniciosas. E houve gente que não gostou”. Dito isto, desafiou-o: “Eh pá, tu tens um ótimo palco, podes pregar a visão cristã e humana da Igreja, dar a volta aos direitos dos cidadãos, porque é que tinhas de ir logo para a UDP?”. Ao volante, Maximino replicou. “Eu sou da UDP porque a UDP é pela classe operária e os direitos dos explorados”.

O diálogo repetir-se-ia na cozinha da casa de Varges, na Estrela, bairro da Lapa. “Não conseguiu dar-lhe a volta”.

Depois da festa de batismo, celebrado na Igreja São João de Deus, despediram-se. Sem saber que seria para sempre.  

O homem além do seu tempo regressara de vez a um meio conservador e tradicional. Em Vila Real, o vendaval de Abril não levantara uma folha, nem abalara por aí além a modorra desse viver.

Mas Max fora notado: era de esquerda, vestia calças de ganga, agitava consciências. O desagrado com o regime anterior tornara-se militância. Dava aulas no liceu e na Escola Industrial e Comercial. Mobilizava lutas de estudantes pelas ruas contra a opressão. Celebrava missa em casa com alunos e amigos. Apoiava operários nas lutas fabris, andava com grupos de teatro de aldeia em aldeia, ensinava adultos a ler e a escrever. “Se eu desistir, quem há de ensinar a ler àquelas 40 pessoas da Cumieira que são analfabetas?”, interrogara-se.

A “ovelha negra” e o rebanho

Maximino começara a ser falado. “Naquela fase primária do exercício democrático meteu medo. Meteu muito medo”, dirá Mário Brochado Coelho, que o conhecera dois dias antes da morte em Vila Real, onde se deslocou a pedido do sacerdote para tentar dirimir conflitos laborais entre grupos de trabalhadores com as entidades patronais.

Os jovens seguiam-no, os pais temiam-no.

Panfletos sem nome intitulavam-no “famigerado e bandoleiro”. Os amigos, alguns padres, admiravam-lhe as qualidades morais e profissionais, o bom caráter.

Famílias abastadas da terra, militantes da direita radical e a maioria dos sacerdotes da região olhavam-no como desagregador do rebanho, incapaz de seguir “uma linha de pudor que estivesse de acordo com os hábitos da terra”. Boatos de sacristia relacionavam-no com roubos de avultadas quantias de dinheiro. Dirigentes do CDS ameaçaram-no em público que lhe davam um tiro. Uma comissão de pais exigiu ao bispo da diocese a expulsão da “ovelha negra”.

Desde 1974 que os párocos reclamavam medidas, sob pena de o bispo ser “severamente criticado” e vir “a sofrer amarguras”, ameaçavam.

O sacerdote Eduardo Sarmento lamentara “os desatinos doutrinários e disciplinares” de Max. O padre Portelinha benzia-se ante tantos pecados, mas um dia não foi de rezas e atirou-se ao gasganete do insolente Maximino: “Você é daqueles que me há de matar, mas a vingança será terrível!”, prometeu. Cartas endereçadas ao bispo referiam-se, em jeito de escândalo, a ditos e reditos atribuídos ao padre em sessões públicas. Segundo as missivas redigidas em nome da generalizada indignação no meio católico transmontano, Max teria acusado padres e bispos de “conservar o povo ignorante para assim o dominarem” e defendera o fim das aulas de Moral nos liceus por serem “fantochadas”. Maximino teria ainda revelado, numa dessas ocasiões, que fora certa vez convidado a confessar o antigo Presidente da República, Américo Tomás. “Recusei-me a fazê-lo, pois não sabia a penitência a aplicar-lhe”, justificara.

Um dos primeiros relatórios da PJ sobre o atentado deu corda à tese passional, mas tal nunca se confirmou

Max era, por esta altura, candidato a deputado nas listas da UDP nas primeiras eleições livres para a Assembleia da República. Num comício na sede dos bombeiros, atiçaria ainda mais os altares e a beatice: “Se há tantos padres de direita porque é que um não há de ser de esquerda?”, desafiara. Para o sacerdote, aquela era uma “luta de morte” para evitar que uns tivessem “pão de primeira” e os outros nem o vissem. E perguntava, quase em súplica: “Como é que um capitalista pode celebrar ou dizer todos os dias «o pão nosso» quando o tipo tem o celeiro de todos?”. E perguntava, mais e mais: “Quem foi que matou milhares de jovens transmontanos numa guerra que nunca compreenderam, que lhe chamavam patriótica e que fizeram com que eles não tivessem mais casa, não tivessem mais família, não tivessem mais campos?”, pregava, imparável. “Quando a Igreja organizar o povo já não precisamos de caciques”, desafiara. “E então a esquerda – no trabalho e na luta – dará a propriedade que o povo merece e não a exploração”.

O padre Manuel Morais era dos poucos que lhe tinha “estima e consideração”.

Mas o clima entre religiosos ardia como o fogo dos infernos. “Disse-me o senhor bispo que há grande falatório, que fui levar a revolta aos jovens de Vila Real”, comentara o próprio Max. “Coitados! O Evangelho é terrível. Quem o prega a valer, sem ser por dinheiro, já sabe: só a «cruz» o espera”. Na verdade, o bispo Dom António Cardoso Cunha, que se afeiçoara ao sacerdote desavindo, esticou a corda até onde pôde. “Tenho sido inalteravelmente seu amigo, não obstante os grandes dissabores que (…) tenho experimentado nestes dois últimos anos, devido à sua conduta e atividades de natureza política. Sinto-me no dever de dar uma explicação pública a toda esta gente”, escreveu o bispo de Vila Real, resignado, num bilhete enviado ao “caro Maximino”, a 15 de março de 1976.

Ato contínuo, Max foi proibido de exercer o ministério. E nem à esquerda tinha o pleno das bênçãos. Militantes do MRPP acusavam-no de traição. O bispo contara aos investigadores do crime que teria até havido altercações entre o padre e os militantes daquele partido. “Vós precisais de aprender a nadar”, atiçara Max. “Também o senhor precisa de aprender a voar”, rosnaram os outros. O MRPP nem sequer lamentou a sua morte. Arnaldo Matos, então líder e “grande educador da classe operária”, garantira, inflamado, num comício: era o padre quem levava a bomba que o matou.

O temperamento de Max punha-o a jeito para aflições.

Foi ameaçado e puxado pelos colarinhos em reuniões de associações de pais e do clero local. Um Morris vermelho e um Alfa Romeo verde rondavam-no. Famílias influentes e grupos de rufias da região tiravam-lhe as medidas. Cartas ameaçadoras, anónimas, eram frequentes. “O seu lugar não é junto dos estudantes mas sim em Lisboa junto das prostitutas”, escrevia-se. Nos muros do liceu, pichagens prometiam-lhe a morte. “Max, porco e sabujo”, lia-se.

À noite, jovens do CDS entretinham-se a insultá-lo à porta de casa e atiravam-lhe garrafas de vinho, por vezes cheias. Saber-se-ia mais tarde que várias das cartas anónimas haviam sido datilografadas numa máquina Lettera 22 Olivetti encontrada na sede do CDS de Vila Real.

Preâmbulo de um crime

Max passou a recear a própria sombra.

Inspecionava o automóvel antes de entrar, era cuidadoso com o fecho das portas, mas a direita, na parte traseira, não teve emenda nem na oficina.

Por duas vezes lhe furaram os pneus, puseram bilhetes ameaçadores no para-brisas e paus de fósforos na fechadura do carro.

Ramiro Moreira, operacional da rede bombista de extrema-direita, fez-se passar por sindicalista para o vigiar no início de 1976. “Mandaram-me ir ver o que o padre Max andava a fazer por aquelas bandas”, admitira. “Era um homem que se servia da política para outros fins, mas não era um homem perigoso, não era nada perigoso”, dirá o bombista. “Eventualmente, teria de se lhe dar uma coça” ou “pintá-lo com zarcão e deixá-lo todo nu no meio da praça principal de Vila Real”, comentara-se em reuniões do MDLP. Mas algo mais seria planeado.

Na brincadeira, Max dizia que qualquer dia lhe punham uma bomba. “Não desisto e, se morrer, é por uma causa justa”, ouviram-no, mais a sério.

Queixava-se pouco. Mas nos dias que antecederam a morte, viram-no triste e apreensivo. Com uma exceção: “A coisa que mais me alegra é que, daqui a um mês, a Maria de Lurdes vai fazer 18 anos e votar à esquerda”.

Ao final da tarde do dia 2 de abril de 1976, a amiga Maria Manuela disse-lhe à porta do liceu que não ia com ele, nessa noite, à Cumieira.

“Então não te vejo mais”.

Percebendo na amiga um sorriso assustado, ele corrigiu.

“Não te vejo mais…hoje”.

Esteve depois no Governo Civil num encontro de todos os partidos para discutir as eleições desse mesmo mês. Aí, lamentou a reação que vinha sentindo nos meios rurais e pediu compreensão democrática. A reunião foi cordata.

Antes das 22 horas deu boleia a um rapaz do seu curso noturno que ia tratar de uma queimadura na perna direita ao hospital.

Seguiu depois para a Cumieira.

Entregues os garrafões de vinho vazios em casa de Carlos, só parou na Casa da Cultura. A bomba foi colocada no seu carro enquanto dava a última aula de um dia esgotante.

Na estrada, depois da explosão, corpo prostrado no asfalto, só pediu:

“Vejam como me levam”.

O que sobrou do automóvel do Padre Max, após o atentado à bomba na Cumieira (Vila Real)

Era o último fôlego do padre que havia ajudado os alunos a ensaiar a peça Mortos sem Sepultura, de Sartre, escrita trinta anos antes. O original retrata a personagem Canoris, homem de ação, pronto a enfrentar a morte em nome da liberdade.

Ao funeral, a 5 de abril, assistiram vinte mil pessoas. O comércio e os serviços fecharam portas. “Coisa nunca vista”, diz quem lá esteve.

A missa foi celebrada pelo padre Hélder Sá na presença de 40 sacerdotes, vindos de todo o País. Os párocos de Vila Real recusaram celebrar a missa de 30º dia. O altar dividiu os homens perante Deus. E a Maximino, à terra roubado, até o céu lhe proibiram.

Na hora de recolher roupas, livros e outros objetos pessoais do falecido, Duarte Barbosa, irmão de Maximino, encontrou várias cartas anónimas ameaçadoras. Mas quando setores da Polícia Judiciária do Porto entraram em campo preferiram dar corda ao preconceito e enveredar pela pista do crime passional. A teoria, mirabolante, apontava Carlos, amigo de Max e Maria de Lurdes, como autor do crime e proprietário da bomba, que teria até a forma de garrafão de vinho. Carlos esteve confessadamente apaixonado por Maria de Lurdes, mas ela pediu tempo.

A jovem estaria grávida de três meses quando morreu e o padre Maximino seria, para a Judiciária, o principal motivo de ciúme de Carlos. O amigo seria insultado e enxovalhado durante um inquérito. E ouviria, da boca de um agente que o intimidava, uma frase lapidar: “Uma das desgraças que trouxe o 25 de Abril foi acabar com a PIDE”.

Manuel Varges, o amigo de tempos idos que nunca vira maldade no Maximino, conhecia bem o território em que se lavrava boataria a esmo. “A cultura vigente nas aldeias era esta: se um homem andava muito tempo com uma rapariga só podiam ser namorados ou amantes”.

A PJ do antigamente

A PJ teceu a pista passional sem haver amanhã, vertendo-a para os relatórios. Tudo se conjugava: o padre “dava política de modo a cativar os alunos segundo a ideologia da UDP”, era defensor “do chamado amor livre” e vivia “maritalmente” com Maria de Lurdes. “Por tudo isto e o mais que não foi possível averiguar, o padre Maximino não gozava de boa reputação”, concluía-se, de forma desassombrada.

Nesta altura, os agentes “do antigamente” na PJ do Porto adaptavam-se o melhor que podiam à nova realidade.

“Mas puseram a ideologia a comandar as investigações”, conta quem viveu esse período por dentro. Não espantou, por isso, a displicência na salvaguarda de elementos de prova.

A chapa exterior de uma das portas do carro só foi encontrada no socalco de uma vinha mais de dois meses depois do atentado. Passou idêntico período até que fossem recolhidos pedaços do tapete do veículo e examinados os vestígios da bomba. Por esses dias, já excelências da direção nacional da PJ se encontravam com eventuais testemunhas do caso antes dos investigadores chegarem a elas.

Só nos anos 80, quando foi necessário voltar à estaca zero, o caso do padre Max entrou em trilhos sólidos: o crime político.

A estrada onde o padre Max e a estudante Maria de Lurdes foram assassinados. Foto: Lucília Monteiro

A investigação do assassínio, por desconhecidos, do industrial Joaquim Ferreira Torres, em agosto de 1979, iluminou a noite da Cumieira. Um crime levou ao outro.

Mais tarde, o julgamento do Sãobentogate, que limpou a PJ do Porto da corrupção mais endémica, fez o resto. O “25 de Abril” chegará finalmente à Judiciária.

Torres, esse, era o financiador conhecido do MDLP, presidido por Spínola e liderado por Alpoim Calvão. O movimento, organizado a partir de Espanha, pôs Portugal a ferro e fogo entre 1975 e 1976. Segundo um dos seus quadros, o MDLP custava três mil contos por mês (mais de 400 mil euros em 2015). Pagava 30 mil pesetas aos casados, 20 mil aos solteiros. Deixou um rasto de bombas e incêndios em alvos de esquerda, a par de vítimas mortais.

O papel de Torres no planeamento e financiamento da operação da Cumieira provou-se no Tribunal Judicial de Vila Real. Contou com a ajuda de gente ligada ao MDLP, ainda que, na época, pudessem já andar em roda livre, quais prestadores de serviço à conta de bom dinheiro.

O receio de Torres voltar a ser preso por causa da rede bombista fê-lo ameaçar, à boca cheia, que abriria o livro sobre as cumplicidades e negócios feitos à sombra do MDLP. Não era “bluff”, foi o seu fim.

O industrial fora, logo após o 25 de Abril, fiel depositário de fortunas e valores de figuras influentes e poderosas recolhidas no estrangeiro. Uma época em que o MDLP contou com fiéis amigos na PJ do Porto. “Protegia-se gente do fascismo e camuflava-se o envio de importantes somas de dinheiro para fora do País”, segundo históricos da “casa”.

O “submundo” do MDLP, feito de segredos cúmplices e negócios sujos à margem do terrorismo político, intimidara os próprios membros. Francisco Pessoa, que se tornara secretário, piloto e homem de mão do comandante Alpoim Calvão no MDLP, seria esclarecedor quando inquirido no processo: “Tem a certeza absoluta de que ao ditar estas declarações ou produzi-las verbalmente em qualquer tribunal, passa a estar imediatamente numa extrema e delicada situação de segurança pessoal, o mesmo acontecendo com os familiares”, dirá “Chico Pessoa” quando denuncia aqueles que, na sua opinião, teriam sido os executantes do crime.

Processo do Padre Max no Tribunal Judicial de Vila Real. Foto: Lucilia Monteiro

Mistérios e obstáculos

O processo do padre Max foi dos mais viajados da Justiça portuguesa.

E dos mais longos.

Houve de tudo. Além da falta de meios e incentivos, embrulhadas em solicitações constantes para que se desistisse de vasculhar o passado, teve agentes da PJ apanhados nas escutas a sabotar a atividade de colegas. “Trabalhava-se com uma faca nas costas”, diria um deles.

As investigações, na sua fase inicial, “não permitiram a salvaguarda de elementos probatórios”, foram marcadas por um “comportamento tendencioso intimidatório” e resumiram-se à utilização de “meios artesanais”, registará o inquérito.

A sentença de um processo com 15 volumes e mais de quatro mil páginas foi proferida em 1999, 23 anos depois do crime e de uma procissão de avanços e recuos.

O MDLP foi condenado enquanto organização que planeou e financiou o atentado. Os alegados executantes foram absolvidos por falta de provas.

Para trás, ficará um libelo acusatório que incluía o cónego bracarense Eduardo Melo, o tenente-coronel Canto e Castro e os industriais Rui Castro Lopo e Joaquim Ferreira Torres. Os quatro teriam urdido o “sinistro plano”. O sacerdote minhoto lavara daí as mãos. Não conhecia Maximino, nem sequer sabia o seu nome completo, diria, em sua defesa.

Eduardo Melo, na verdade, havia sido confessor do padre Max, mas a sua memória desvanecera-se. Na penumbra ficara também certa madrugada do início da década de 80 quando assomou à porta das instalações da Polícia Judiciária de Braga. “O cónego Melo aqui?! A esta hora?!”, indagou-se o agente que estava de piquete, seu antigo aluno de Grego no seminário. O sacerdote soubera que, por aqueles dias, inspetores da PJ teriam rondado a zona. Andariam à cata de indícios e testemunhos que pudessem trazer iluminar as trevas do inquérito sobre a morte do padre Max. Os volumes, circunstancialmente, repousavam naquelas instalações. “Será que eu poderia ver o que eles andaram a fazer?”, mendigou junto do seu antigo educando, agora de farda posta. “Eram umas quatro da manhã e o certo é que ele consultou o processo como quis…”, confessa o homem que, nessa noite, fraquejou diante da divinizada figura da arquidiocese minhota.

O cónego Melo nunca seria condenado. Foi mais tarde afastado de qualquer suspeita no crime. A bem, supunha-se, da descoberta da verdade. “Sempre nos foi dito que se ele não estivesse lá metido, a coisa andava mais depressa”, justificou um dos elementos da Polícia Judiciária que agarrou o processo à beira da prescrição.

O julgamento do caso, que culminou em 1999, deu como provada a responsabilidade do MDLP. Mas os nomes dos autores nunca foram identificados. Foto de Lucília Monteiro

O julgamento incluiu um desfile de chefes e colaboracionistas da rede bombista.

O desenlace possível deveu-se, em boa parte, ao profissionalismo e persistência de dois investigadores da PJ. Um foi Artur Pereira, ele próprio natural da Cumieira e conhecido do padre Max. Quando o inquérito lhe chegou às mãos, nos anos 80, pediu dispensa do processo dada a sua proximidade com o sacerdote, que substituíra, de resto, nas aulas de Francês. Na PJ, porém, decidiram mantê-lo nas investigações.

Já nos anos 90, seria Vítor Alexandre, operacional da Direção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), a tomar conta do caso. A ele se deve o facto de Max não ter “morrido” duas vezes.

Se o inquérito manteve desperto, por mais de duas décadas, o crime da Cumieira, tal também se deveu à persistência do então procurador Paulo Sá e a Mário Brochado Coelho, advogado das vítimas. “O modo como foram investigados e julgados os processos relativos a «crimes de direita» foi mais benévolo. Encobriram-se responsabilidades e responsáveis deliberadamente. O caso do padre Max e da Maria de Lurdes foi um paradigma de obstrução sistemática à descoberta da verdade. E estivemos muito perto de sabê-la toda”, afirmara o causídico.

Se não a sabemos, “é porque há coisas do presente que ainda assentam neste passado”, concluíra um dos investigadores do caso. “Olhe-se para a matriz do regime, para a gente que beneficiou do que se fez naquele tempo e tirem-se as conclusões. Os indultos vieram da própria esquerda”. Há uns anos, um antigo alto quadro do MDLP resumia a situação nestes termos à Judiciária: “Temos de dizer aos avós daqueles que estão no poder para pôr os meninos nos eixos, a ver se eles se portam bem. Senão isto ainda acaba tudo outra vez à estalada”.

Ou seria à bomba?

Carta anónima, enviada a um antigo operacional do MDLP, e integrada no processo do Padre Max.

Memória e esquecimento

Hoje, na Cumieira, quase não há vestígios desse tempo.

A Casa da Cultura deu lugar ao novo edifício da Junta de Freguesia.

E ao quilómetro 71, só uns dizeres desbotados inscritos numa paragem de autocarro velha e enferrujada insistem em preservar a memória que não perdeu validade: “Padre Max, assassinos à solta”.

No cemitério de Santa Iria, o jazigo de Maria de Lurdes é a cara do desleixo.

A campa de Maximino de Sousa é a 1240, a dois passos.

Les Temps Passe, le Souvenir Reste, lê-se.

Campa do Padre Max no cemitério de Santa Iria, em Vila Real. Foto: Lucilia Monteiro

As flores são de plástico, mas o craveiro ao fundo da laje preta tem cravos a florir, em rebeldia. Apenas uma funcionária da Segurança Social de Vila Real lá vai, às vezes.

Todos os anos, Maria Augusta, feliz zeladora do cemitério a meias com o marido, recebe chamadas do estrangeiro. São emigrantes pedindo que enfeite a última morada dos familiares.

Pelo padre Max e Maria de Lurdes, ninguém telefona.

Para eles, já não há velas nem flores.

EPÍLOGO

Em 2014, o jornalista Ricardo de Saavedra editou “O Puto”, biografia do “Comandante Paulo”, ou melhor, Manuel Vicente da Cruz Gaspar, nascido em Montepuez, Moçambique. Tratava-se de um ex-comando refugiado na África do Sul, combatente no Esquadrão Chipenda, da FNLA, em Angola. Seria depois um dos operacionais do terrorismo de direita em Portugal e um dos radicais envolvidos na fuga dos “pides” de Alcoentre, onde se encontrava detido. Ricardo de Saavedra entrevistou o “comandante Paulo” em Joanesburgo, em 1979, numa casa da Monk Street. Gravou 23 cassetes durante 25 encontros e manteve resguardado o seu conteúdo por 35 anos. Em determinada fase da longa conversa, “o Puto” descreveu uma viagem a Vila Real: “O objetivo era o carro de um padre comunistóide de Trás-os-Montes, que usava boina à Che e, embora professor, precisava de lição à antiga, um susto à maneira”. Juntamente com um colega de apelido Favas, rumou a Vila Real a 2 de abril de 1976. Dia em que três elementos se juntaram à dupla e, segundo ele, se terá delineado o atentado a Maximino Barbosa de Sousa, o padre que “temperava regras de moral e gramática ou trechos literários de português e francês com aforismos de esquerda, acrescidos de considerações um tanto lascivas, que escandalizavam beatas e precatados varões das paróquias à volta da cidade”. O embrulho com o engenho que mataria o sacerdote foi colocado no carro “em sessenta segundos”. Regulado para três horas e meia, o tempo permitiu que “o Puto” e Favas ganhassem centenas de quilómetros em direção a sul antes do rebentamento. Foi a “dedilhar ladainhas” que passaram Peso da Régua e chegaram a Viseu. No momento em que o padre Max já transportava consigo a bomba que assinalaria o seu trágico destino, e “atendendo ao adiantado da hora”, o “comandante Paulo” resolveu parar o carro. Descansado, foi “calar a grafonola com um cabrito estufado que estava de comer e chorar por mais”.

*Investigação publicada na VISÃO em março de 2006 e aprofundada, com novos documentos e testemunhos, para o livro “Quando Portugal Ardeu – Histórias e segredos da violência política no pós-25 de Abril”, de Miguel Carvalho, editado em 2017 pela Oficina do Livro

CAPA DA EDIÇÃO

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